Uma pesquisa da Secretaria de Comunicação da Presidência da República mostra como está o consumo de notícias do público no Brasil. Os números trouxeram informações curiosas, como, por exemplo, que as pessoas lêem mais a revista Caras do que a CartaCapital; há uma preferência pela Record do que o SBT; os sites de relacionamentos são os campeões em acesso; o sul do país não conhece a TV Brasil e as pessoas acreditam em Wiliam Bonner. Curiosidades à parte, há também um descrédito das pessoas em relação à imprensa. Quase 72% dos brasileiros acreditam muito pouco naquilo que é veiculado nos meios de comunicação e apenas 18% atribuem credibilidade à mídia.
Para chegar a essas conclusões, o levantamento avaliou a preferência do brasileiro em relação ao impresso, à televisão, ao rádio e à internet. Também foi observado como ele recebe as notícias sobre o governo federal, o nível de conhecimento sobre as emissoras públicas de TV e a formação de opinião.
No primeiro quesito, os números mostram que 46% dos brasileiros lêem jornais. Segundo o levantamento, 24,7% fazem isso diariamente; outros 34,7% uma vez por semana. O dia preferido para ler é aos domingos (42,3%). Quanto ao nível de consumo das notícias, os jovens, com idade entre 16 e 24 anos, não ficam muito distantes dos mais velhos. Dos entrevistados, 44,6% admitem acompanhar as notícias regularmente pela mídia impressa. A margem é de 50% para aqueles que têm entre 25 e 39 anos.
O ranking das revistas mais lidas é formado por Veja (50,4%), Época (16,5%), IstoÉ (16,3%), Caras (15,5%), Contigo (13,9%), Nova (3,4%) e CartaCapital (1,5%).
Confiança e identificação
Entre as emissoras preferidas, a líder absoluta é a Globo (69,8%). Em segundo lugar, a Record (13%). O SBT aparece em terceiro (4,7%). Em quarto está a Band (2,9%). Não constam na lista a Rede TV e a Gazeta.
O telejornal mais assistido é o Jornal Nacional, da Rede Globo (56,4%), seguido pelo Jornal da Record (7,4%). Segundo o relatório da pesquisa, ‘a confiança na emissora foi apontada como o principal motivo para assistir ao Jornal Nacional por 27,8% dos entrevistados. No caso do Jornal da Record, a preferência foi motivada, principalmente, pela identificação com as notícias veiculadas (26,6%) e pela confiança na emissora (26,5%)’.
Ouvir rádio nos celulares
O rádio é ouvido por 80,3% dos brasileiros, sendo que 60,9% ouvem em média quatro horas por dia. Em relação à programação foi verificado que a preferência é pela programação musical (68,9%). Apenas 19,2% citaram a programação jornalística como preferida. Como consequência, 73,5% dos entrevistados citaram ouvir mais FM do que AM.
‘A internet e os aparelhos celulares têm se tornado importantes meios de recepção de rádio: 9,6% dos entrevistados que costumam ouvir rádio disseram utilizar internet para esse fim. Ainda 17,6% afirmaram ouvir rádio em seus aparelhos celulares. Esses percentuais são ainda maiores entre os entrevistados mais jovens, de 16 a 24 anos. Nessa faixa etária 19,0% dos entrevistados costumam ouvir rádio na internet, e 33,7% utilizam seus celulares’, diz o relatório.
Internet é lazer
‘A internet se consolidou como um dos principais responsáveis pela chamada revolução na comunicação mundial. Atualmente, devido ao constante aumento de usuários de computadores em todo o mundo, é considerada um meio de comunicação de massa’, afirma o relatório da pesquisa. 53,9% dos entrevistados acessam a rede mundial de computadores. A preferência dos usuários é pelos sites de relacionamento (64,7%). Porém, a disposição não é a mesma na busca de notícias sobre política. Apenas 32,5% disseram procurar esse tipo de informação na web.
Entre todos os usuários, 52,3% afirmaram quem não costumam ler jornais, blogs ou notícias pela internet. Para jovens, entre 16 e 24 anos, a principal finalidade da web é o lazer.
Governo e política
Para 56,7% dos brasileiros, as notícias veiculadas pela imprensa sobre o governo são favoráveis. Ao mesmo tempo, 61,2% consideram incompletas essa informações. Nos programas do governo federal, o mais lembrado foi o ‘Minha Casa, Minha Vida’.
‘Já ouviram falar da TV Brasil 36,8%, dos quais 17,8% costumam assistir; 16,7% dos entrevistados já ouviram falar da TV NBR, dos quais 10,1% costumam assistir a alguma programação desse canal’, aponta a pesquisa. O público do sul do país é o que menos conhece esses canais. 68% nunca ouviram falar da TV Brasil e 86,2% da TVNBR.
Segundo a pesquisa, 42,8% dos brasileiros costumam conversar sobre governo ou política. Depois dos debates, apenas 26,7% admitem mudar de opinião. ‘O nível de informação e acompanhamento de notícias apresenta diferenças entre as classes de renda da população. Enquanto na faixa de renda mais baixa, até dois salários mínimos, apenas 4,9% dos entrevistados se consideram muito informados, e 15,6% afirmaram que acompanham muito as notícias em geral, na faixa de renda mais alta, mais de dez salários mínimos, 14,4% se consideram muito informados, e 34,3% afirmam que acompanham muito as notícias em geral’, registrou a pesquisa.
O ranking dos comunicadores
A maioria, 57,3%, considera as notícias veiculadas na mídia como tendenciosas, apenas 24,3% como isentas ou imparciais. O nível de credibilidade na imprensa também é baixo 72,1% dizem acreditar muito pouco nos meios de comunicação.
‘Mesmo percebendo as notícias veiculadas pela mídia como sendo parciais e tendenciosas, e atribuindo pouca credibilidade aos meios de comunicação, a maioria dos entrevistados (82,9%) utiliza no cotidiano as informações obtidas junto aos meios de comunicação e 62,9% admitiram que, algumas vezes, mudam seus pontos de vista a partir de informações transmitidas pelos meios de comunicação. Por outro lado, 26,5% nunca mudam seus pontos de vista em função das informações transmitidas pelos meios de comunicação’, afirma os dados da Secom.
Os apresentadores do Jornal Nacional, da Globo, lideram o ranking de comunicadores mais confiáveis. Para 33,7% dos entrevistados William Bonner é o apresentador mais confiável. Outros 18,1% consideram Fátima Bernardes mais confiável. Em terceiro lugar encontram-se Boris Casoy, da Bandeirantes, com 4,0% das indicações.
A pesquisa foi realizada no período de 31 de janeiro a cinco de fevereiro, nas cinco regiões do País em 639 cidades. Segundo a Secom, o objetivo era saber sobre os hábitos da população em relação ao consumo de informação. ‘A pesquisa serve também como subsídio para toda a sociedade: estudantes, pesquisadores, comunicadores e todos os interessados em entender como se dá o processo de informação da sociedade brasileira’, informa uma nota no site da instituição.
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Jornalista, especialista em jornalismo político, professor e escritor