O magnata Rupert Murdoch renunciou aos cargos de direção que ocupava nos grupos News International, Times Newspaper Holding e News Corp. Investment. Com a saída, anunciada ontem (21/7), Murdoch deixa os conselhos diretores dos jornais britânicos The Sun, The Times e The Sunday Times. O magnata continua à frente da News Corp. Um comunicado interno circulou ontem para avisar da decisão. No documento, a empresa diz que Murdoch também abandonou os quadros de direção de “mais de uma dezena de empresas com atuação nos Estados Unidos, Austrália e Índia”. Um porta-voz confirmou as informações e disse que a mudança foi feita durante a semana passada.
A News Corp. e sua subsidiária britânica News International foram duramente atingidas por um escândalo de grampos telefônicos realizados pelo extinto tabloide News of the World. Murdoch foi chamado a dar satisfações ao Parlamento britânico e decidiu encerrar as atividades do jornal, então um dos mais antigos do mundo. O filho de Murdoch, James, era presidente da News International quando o caso dos grampos veio à tona. O herdeiro do magnata já havia renunciado ao cargo. O porta-voz da News Corp. também disse que a saída de Murdoch é estratégica. “Não é nada mais que um exercício de ‘faxina corporativa’ antes da divisão da empresa.”
Cultura de “cegueira voluntária”
Em junho, a News Corp. anunciou que iria se dividir em duas unidades distintas, separando as suas operações lucrativas de entretenimento do negócio editorial, abalado pelo escândalo. Uma divisão vai abrigar empresas de entretenimento, como a 20th Century Fox, Fox e Fox News Channel; a outra ficará com os ativos editorias, como os jornais Wall Street Journal e Times e a editora HarperCollins.
Na época, Murdoch disse a analistas que a divisão do grupo é o resultado de um processo de revisão de três anos e que a mudança vai criar duas companhias que poderão ser mais facilmente gerenciadas. Em maio, o comitê parlamentar da Grã-Bretanha responsável por investigar os grampos do News of the World divulgou um relatório final concluindo que Rupert Murdoch “não é uma pessoa apta a exercer a administração de uma grande empresa internacional”.
O documento acusou vários executivos da empresa de enganarem o Parlamento britânico. O relatório afirma que Murdoch e o filho dele, James Murdoch, presidiram uma cultura de “cegueira voluntária”.