Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Assinatura digital pode reverter queda de receita

Tradicionalmente, publicações impressas como revistas e jornais sempre dependeram da venda de espaço publicitário para manter suas operações. Nos Estados Unidos, por exemplo, os anúncios contribuíam com cerca de 80% do faturamento das companhias do setor. Na Europa, a média ficava na faixa de 65%.

Mas a migração para o mundo digital começa a inverter essa lógica e a circulação pode se tornar a grande fonte de receita para as empresas do setor, na opinião de Ken Doctor, especialista americano que participou da 68ª assembleia geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), ontem, em São Paulo. “A venda de assinaturas digitais pode ser uma alternativa para a queda na receita publicitária que vem ocorrendo com a migração das publicações impressas para a internet”, disse.

De acordo com Doctor, a receita mundial dos jornais caiu de US$ 134 bilhões em 2005 para US$ 93 bilhões em 2011. Só nos Estados Unidos, a receita com publicidade reduziu-se pela metade nos últimos cinco anos. A previsão é que a receita global com circulação chegará a US$ 30 bilhões em 2012. Da receita mundial de publicidade on-line (superior a US$ 80 bilhões), acima de 70% está concentrada em dez empresas como Google, Facebook, Yahoo e Microsoft – nenhuma do setor de mídia tradicional

Grandes publicações dos EUA, como o The New York Times, o “Boston Globe” e a editora Time já têm quase 50% de sua receita originada nas vendas para leitores, segundo Doctor. Para o especialista, o modelo de pagamento mensal, que dá acesso a todo o conteúdo produzido (semelhante ao que é feito por serviços de vídeo como Netflix e Hulu), é bem-aceito pelos consumidores. “Se a publicação tem um diferencial, ela pode usar essa estratégia. O primeiro alvo são os leitores mais leais, que precisam da informação que só ela tem”, disse.

A estimativa de Doctor é que cerca de 500 publicações diárias terão sistemas de cobrança de conteúdo lido (o chamado “paywall”) em todo o mundo até 2015. “Até lá, esse será o padrão. As pessoas nem vão mais lembrar que as notícias já foram gratuitas”, disse.

O especialista destacou que o futuro do modelo vai além da simples cobrança por acesso a conteúdo. Segundo ele, começam a surgir iniciativas que buscam aproximar a publicação de seus leitores. O americano “The Day”, de uma cidade do interior do Estado de Connecticut, por exemplo, não vende assinaturas, e sim associação ao seu site. Na avaliação do jornalista Caio Túlio Costa, a tendência é que as empresas do setor passem de um perfil de produção e distribuição de conteúdo para produção e relacionamento com leitores.

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Assinatura digital pode reverter queda de receita

Tradicionalmente, publicações impressas como revistas e jornais sempre dependeram da venda de espaço publicitário para manter suas operações. Nos Estados Unidos, por exemplo, os anúncios contribuíam com cerca de 80% do faturamento das companhias do setor. Na Europa, a média ficava na faixa de 65%.

Mas a migração para o mundo digital começa a inverter essa lógica e a circulação pode se tornar a grande fonte de receita para as empresas do setor, na opinião de Ken Doctor, especialista americano que participou da 68ª assembleia geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), ontem, em São Paulo. “A venda de assinaturas digitais pode ser uma alternativa para a queda na receita publicitária que vem ocorrendo com a migração das publicações impressas para a internet”, disse.

De acordo com Doctor, a receita mundial dos jornais caiu de US$ 134 bilhões em 2005 para US$ 93 bilhões em 2011. Só nos Estados Unidos, a receita com publicidade reduziu-se pela metade nos últimos cinco anos. A previsão é que a receita global com circulação chegará a US$ 30 bilhões em 2012. Da receita mundial de publicidade on-line (superior a US$ 80 bilhões), acima de 70% está concentrada em dez empresas como Google, Facebook, Yahoo e Microsoft – nenhuma do setor de mídia tradicional

Grandes publicações dos EUA, como o The New York Times, o “Boston Globe” e a editora Time já têm quase 50% de sua receita originada nas vendas para leitores, segundo Doctor. Para o especialista, o modelo de pagamento mensal, que dá acesso a todo o conteúdo produzido (semelhante ao que é feito por serviços de vídeo como Netflix e Hulu), é bem-aceito pelos consumidores. “Se a publicação tem um diferencial, ela pode usar essa estratégia. O primeiro alvo são os leitores mais leais, que precisam da informação que só ela tem”, disse.

A estimativa de Doctor é que cerca de 500 publicações diárias terão sistemas de cobrança de conteúdo lido (o chamado “paywall”) em todo o mundo até 2015. “Até lá, esse será o padrão. As pessoas nem vão mais lembrar que as notícias já foram gratuitas”, disse.

O especialista destacou que o futuro do modelo vai além da simples cobrança por acesso a conteúdo. Segundo ele, começam a surgir iniciativas que buscam aproximar a publicação de seus leitores. O americano “The Day”, de uma cidade do interior do Estado de Connecticut, por exemplo, não vende assinaturas, e sim associação ao seu site. Na avaliação do jornalista Caio Túlio Costa, a tendência é que as empresas do setor passem de um perfil de produção e distribuição de conteúdo para produção e relacionamento com leitores. (Gustavo Brigatto)