A turnê mundial de Glenn Greenwald chegou à Ásia, após sucesso no Brasil, México e Europa.
Edward Snowden é a personalidade de 2013 (desculpe, papa Francisco), mas Greenwald leva o prêmio de comunicador do ano.
Sua estratégia para maximizar a exposição dos papéis recebidos pelo ex-espião americano é uma aula. Nisso, impossível não compará-lo favoravelmente a outro notório vazador recente, Julian Assange, do WikiLeaks.
Greenwald acertou onde Assange errou por seguir três princípios básicos.
Primeiro, seja homeopático no vazamento: um país por vez, para que as informações não se sobreponham e sejam cumulativas. Assim, na semana passada um dia foi França, no outro Alemanha, depois Itália e Espanha.
Agora, chegamos à Austrália, em breve virá a Índia, e assim por diante.
Assange vazava ao mesmo tempo milhares de documentos, criando caos e levando a imprensa à insanidade para tentar decifrá-los.
Depois, por mais engajado que esteja na causa, mostre-se como jornalista, não ativista. Greenwald, que era ligado ao “Guardian”, passou a colaborar com veículos em diversos países na autoria de reportagens, e não apenas ser fonte delas. Isso garantiu a ele controle total sobre o que é publicado.
Por último, deixe seu ego bem vigiado. Assange brigou com os veículos (todos da mídia tradicional) com os quais tinha acordos e passou a se achar mais relevante do que os fatos que divulgava.
Hoje, é uma figura ridicularizada. Greenwald tem tido uma atitude bem mais sóbria, mesmo após ter virado o jornalista do momento. É o Assange que deu certo.
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Fábio Zanini é editor de “Mundo” da Folha de S.Paulo