Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Jornalismo tem onda de investimento

O megainvestidor do Vale do Silício Marc Andreessen, 42, criador da Netscape e membro dos conselhos de administração de Facebook, eBay e HP, escreveu recentemente um longo texto em seu blog dizendo que “sou a pessoa mais otimista que conheço sobre o negócio do jornalismo nos próximos 20 anos”.

Ele disse que há uma “gigantesca” expansão do mercado do jornalismo, graças à internet. Andreessen afirmou que, com tanta “porcaria” na rede, “reportagens e textos de qualidade serão ainda mais desejáveis e valorizados”.

O texto de Andreessen, que fez investimentos em empresas como Facebook, Twitter e Skype, coincide com o anúncio de diversos investidores, antes refratários a negócios da mídia, em colocar mais dinheiro em diversos sites produtores de conteúdo: dos sites Politico e BuzzFeed a Upworthy e Vox.

“Há uma mudança dramática de paradigma e vários desses sites já fazem dinheiro. Wall Street não avalia pelo faturamento atual, mas pelo potencial, o que torna atraente essas empresas”, disse Rosental Calmon Alves, diretor do Centro Knight de Jornalismo para as Américas, da Universidade do Texas, que promove na semana que vem a 15ª edição do Simpósio de Jornalismo On-line. “Hoje há uma audiência muito concentrada no Google e no Facebook, mas como será daqui a alguns anos? Vivemos um momento de ruptura e podem aparecer modelos comendo pelas beiradas.”

Corrida para o topo

Jim Bankoff, presidente da Vox Media (dona de vários sites de notícias), que dará palestra de abertura no simpósio, declarou recentemente que “depois de uma corrida para o fundo do poço, com muito conteúdo barato e joguinhos, há uma corrida para o topo, com busca de qualidade e melhor informação”.

Ele se associou recentemente a um dos astros do jornal Washington Post, o blogueiro Ezra Klein, depois de conseguir US$ 80 milhões em capital de risco.

Vários empresários da área concordam.

“Quando começamos, investidores não queriam saber de nada que envolvesse jornalistas criando conteúdo”, diz Jonah Peretti, presidente do BuzzFeed, lançado em 2006. Hoje, o site está em processo de expansão, após um aporte de US$ 46 milhões.

O site de economia e finanças Business Insider recebeu no início do mês US$ 12 milhões.

“Nossa visão é de que notícia é um negócio em crescimento”, diz Eric Hippeau, diretor do fundo Lerer Ventures, que investiu em sites como PandoDaily, PolicyMic e Circa. “Há muito mais gente acessando, lendo e interessada no noticiário hoje que antes, por causa da tecnologia.”

Transição

O megainvestidor Andreessen elogia a bem-sucedida transição dos jornais The Guardian e The New York Times para a arena digital.

“É ótimo ver o New York Times ter conseguido decifrar os mistérios da transição do papel para o digital depois de muito esforço”, escreveu.

Para ele, o mercado de notícias se expandiu.

“Muito mais gente vai consumir notícias em dez ou 20 anos. O tamanho do mercado é o destino. A grande oportunidade é se em cinco ou dez anos você amplia o mercado em cem vezes e reduz os preços em dez. Isso é o mais importante”, escreveu. “Conteúdo premium, eventos e conferências, assinaturas e até filantropia vão fazer a mídia ganhar dinheiro.”

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Raul Juste Lores, da Folha de S.Paulo, em Washington