No livro Assessoria de imprensa: teoria e prática, Elisa Kopplin Ferraretto e Luiz Artur Ferraretto destacam cinco vertentes de mercado que sustentam a polêmica figura chamada assessor de imprensa. Neste mundo político em que vivemos, uma comunicação estratégica coesa e sisuda – aliada aos interesses da organização em questão – é aspecto fundamental para o sucesso frente à opinião pública. Desse modo, as assessorias vêm crescendo nos últimos anos, se tornando um nicho importante para jornalistas.
Em primeiro lugar, os autores são categóricos em afirmar que assessoria de imprensa é atividade tipicamente jornalística. Entretanto, destacam que a composição comunicacional nas empresas deveria seguir uma tríade elementar: jornalismo, relações públicas e publicidade e propaganda. Trata-se de matérias interligadas, mas não interdependentes. O assessorado, se julgar pertinente, pode dispor de apenas uma delas, dependendo das metas que vislumbra alcançar.
Em se tratando de contato com a mídia, as opções que se apresentam, segundo Elisa e Artur, são o jornalismo empresarial, jornalismo de assessoramento sindical, jornalismo de assessoramento político, jornalismo de assessoramento cultural e jornalismo de assessoramento para organizações não governamentais. Vejamos alguns aspectos de cada um.
As opções da assessoria
1) Empresarial: este nicho da assessoria de imprensa exige do profissional um largo conhecimento a respeito da realidade política e econômica em que a empresa está inserida. Normalmente, grandes corporações estão no topo da torre do poder e acabam se tornando os principais anunciantes dos veículos de comunicação. Nem por isso elas ganham isenção quando a matéria for de cunho investigativo. O trabalho envolve grandes responsabilidades para o assessor, que se torna figura essencial na divulgação de notícias organizacionais e, se for o caso, gestão de crise.
2) De assessoramento sindical: um jornalista de sindicato necessita, fatalmente, elevar a bandeira defendida pela entidade de classe a qual representa? Não. Contudo, certa empatia pela área ajuda no momento de dirimir conflitos que envolvem classe trabalhadora e patrões. Nesses casos, contudo, o assessor de imprensa deve se guiar pela lógica da notícia, não pelo conteúdo laudatório. De outro modo, ninguém abraçará as ideias veiculadas.
3) De assessoramento político: Em se tratando dos mandatários dos poderes Executivo e Legislativo, Elisa e Artur destacam que a política assume tom maquiavélico. O assessor, quando atuante na esfera pública, deve ter “paciência de Jó” para suportar os inevitáveis jogos de poder. Além disso, o profissional incorpora a função de paladino da transparência, ampliando o espectro da informação e evitando possíveis sonegações de interesse partidário. Trata-se de um jogo difícil, um desafio diário. Apesar das pressões, a ética jornalística deve prevalecer.
4) De assessoramento cultural: os veículos de comunicação consideram cultura a ocorrência de shows, estreias no cinema, apresentações teatrais, etc. Nesse tipo de evento – atinente à temporalidade – o assessor deve ter, mais do que um mailing atualizado, um relatório completo sobre o período de fechamento das redações. Veicular uma notícia do assessorado a tempo pode garantir um público que prestigie uma plateia que compre ingressos com antecedência. O trabalho é dinâmico, portanto.
5) De assessoramento para organizações não governamentais: os princípios de cidadania que fundamentam a existência das ONG’s só ganham apoio da população por meio de conhecimento e divulgação. Aí entra a função do assessor de imprensa e sua capacidade de agendar os veículos – dominados pelo hard news. O assessoramento, nesses casos, é feito de forma voluntária, mas isso não é uma regra. Remunerado ou não, a premissa é a mesma: a notícia como matéria-prima.
Qualquer que seja a vertente escolhida, é responsabilidade do assessor de imprensa fomentar uma relação cordial e respeitosa com a mídia. “Forçar a barra” – pressionar o jornalista, às vezes – é digno de escárnio e condenação. Lembre-se, a informação sempre prevalece. Se ela estiver atrelada a figuras públicas ou privadas que possam se beneficiar de tamanha repercussão, então a assessoria fez um bom trabalho. De outro modo, as redações ganham um inimigo.
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Gabriel Bocorny Guidotti é bacharel em Direito e estudante de Jornalismo