A decisão de um ministro do Superior Tribunal de Justiça de Brasília, autorizando a quebra do sigilo fiscal e bancário do governador José Roberto Arruda e outros quinze acusados de participar do esquema de propinas descoberto no Distrito Federal, obriga a imprensa a recolocar em destaque na pauta um dos casos mais emblemáticos da corrupção no Brasil.
A medida faz parte do esforço do Ministério Público para produzir as condições mínimas necessárias para impedir que a quadrilha, que conta com o apoio explícito de boa parte da imprensa da capital federal, continue a afrontar a Justiça.
Um dos primeiros objetivos é manter afastados do processo de julgamento do impeachment de Arruda os parlamentares envolvidos diretamente no escândalo.
A decisão da Câmara Distrital de manter no cargo o presidente da Casa, deputado Leonardo Prudente, e outros aliados de Arruda, revela a convicção dos acusados de que sairão impunes.
Antes da decisão do STJ, os grandes jornais do eixo Rio-São Paulo já haviam remetido o assunto para as páginas secundárias, o que comumente significa que em breve estaria excluído do noticiário.
Fundo de pensão
O interesse seletivo que a imprensa dispensa aos escândalos políticos já se tornou parte do folclore. Mesmo com as imagens estapafúrdias dos felizes compadres e comadres de Arruda se refestelando com o dinheiro de empresas beneficiadas por negócios com o governo de Brasília, observa-se certa má vontade dos jornais e revistas em se esforçar na investigação, como fizeram em outros escândalos.
Uma das principais evidências desse pouco interesse é o fato de o vice-governador do Distrito Federal, o empresário de construção civil Paulo Octávio, ter sido mantido praticamente à margem do noticiário. Da mesma forma, a imprensa vem poupando o senador e ex-governador Joaquim Roriz, acusado de ser o mentor do esquema revelado no ano passado.
O Partido Democratas tenta blindar o vice-governador, para não ficar sem um chefe de executivo estadual na campanha eleitoral deste ano. Ele é acusado, entre outras coisas, de haver se beneficiado do desvio de R$ 27 milhões do fundo de pensão de funcionários da Caixa Econômica Federal. Mas é figura influente na capital federal, dono de muitos segredos que podem afetar a reputação de gente insuspeita.
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Más notícias para a imprensa
Uma nova pesquisa do projeto Inter-Meios, uma iniciativa do grupo Meio e Mensagem, em colaboração com as empresas de mídia, para observar o desempenho do investimento publicitário no mercado brasileiro, traz notícias ruins para jornais e revistas.
De modo geral, o faturamento da totalidade dos meios de comunicação registrou um crescimento de 0,67%, considerado discreto demais diante do aquecimento da economia e da retomada do consumo.
A medição divulgada nesta semana, tomada em relação aos oito primeiros meses de 2009 e comparada com o mesmo período de 2008, revela que o mercado publicitário brasileiro alcançou o total de R$ 17,54 bilhões, contra R$ 17,42 nos oito meses do ano anterior.
O maior crescimento foi registrado nos investimentos em meios digitais. A internet ganhou 21,5% a mais com publicidade, aumentando sua participação no bolo para 4,1%.
A pesquisa não registra outras formas de investimento na internet que não o publicitário, como os eventos de marketing direto por meio das redes sociais, que se consolidam como uma fonte de receita de grandes possibilidades.
O rádio também mostrou sua velha pujança, com crescimento de 7,2%, enquanto a TV aberta cresceu 4,2% e continua abocanhando a maior fatia, com cerca de 60% da receita. Enquanto isso, a TV por assinatura registrou perda de 0,6%.
Os chamados meios tradicionais, jornais e revistas, amargaram perdas equivalentes a 10% em seu faturamento publicitário. Os jornais brasileiros faturaram, no período, R$ 2,5 bilhões em publicidade e as revistas embolsaram R$ 1,3 bilhão.
Observatório da Imprensa na TV
Nesta quarta-feira (13), à meia-noite, pela TV Brasil, em rede nacional, o segundo episódio da série do Observatório da Imprensa sobre a Segunda Guerra Mundial. Uma série fundamental para quem quer entender o mundo contemporâneo. Em São Paulo pelo Canal 4 da Net e 181 da TVA.