O hábito de não dar crédito ao trabalho alheio é comum em nosso país. Na imprensa, essa atitude vem tomando grandes proporções.
No sábado 9 de julho, a coluna do jornalista Cláudio Humberto, publicada simultaneamente em vários jornais do Brasil, divulgou nota sobre a mensagem do ex-diretor da Abin aos seus subordinados classificando a CPMI dos Correios de picadeiro, e seus integrantes, de bestas-feras.
Ninguém deu bola ao assunto, publicado numa das colunas mais lidas do país, principalmente por parlamentares. Dias depois, na quarta-feira 13 de julho, o líder do PFL na Câmara, deputado Rodrigo Maia (RJ), leu o documento do delegado Mauro Marcelo de Lima e Silva no plenário da CPMI dos Correios, mas omitiu o furo do jornalista.
A partir daí, o assunto se tornou prato de resistência da mídia. Infelizmente, em nenhum veículo de comunicação foi dado o crédito a quem de direito, com exceção da Tribuna da Imprensa, onde Hélio Fernandes criticou a omissão da Rede Globo.
Usurpação e oportunismo
Para a imprensa, a divulgação do documento foi obra do deputado Rodrigo Maia. Nem uma linha ou comentário sobre Cláudio Humberto.
Aliás, não é a primeira vez que notas divulgadas em primeira mão pelo jornalista não são creditadas a seu trabalho e de seus auxiliares, Tereza Barros e Klecius Henrique.
Entre 9 e 13 de julho se passaram três dias até que o deputado desse ‘credibilidade’ à notícia. Antes disso, ninguém se pronunciou, apesar da certeza de que muitos parlamentares leram a nota na coluna.
Vale ressaltar que várias notas de Cláudio Humberto são furos jornalísticos. Vale, ainda, lembrar que os escândalos que ocupam o noticiário de momento já haviam sido divulgados por vários jornalistas: Marcos Valério, inclusive, foi personagem de artigo de Carlos Chagas, e o mensalão foi denunciado há quase um ano pelo Jornal do Brasil.
Essas atitudes da grande imprensa precisam ser combatidas, pois usurpam a verdade e demonstram oportunismo.
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Jornalista