Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A mídia e a opinião pública

O que levou os presidentes da Câmara e do Senado a imaginarem que o super-aumento nos vencimentos dos parlamentares escaparia da vigilância da mídia? Esse é, na realidade, o mistério que ainda falta esclarecer no escândalo do ‘dobradão’.


Será que Aldo Rebelo e Renan Calheiros, políticos traquejados, imaginavam que os repórteres políticos, igualmente experientes, ficariam calados diante de um trambique de tamanhas proporções no apagar das luzes de uma legislatura dominada pelos escândalos?


Para o deputado carioca Miro Teixeira, do PDT, houve um erro de comunicação: para ele, o ‘dobradão’ deveria ser anunciado depois da extinção do 14º e do 15º salários e do fim da chamada verba indenizatória. Desta forma, com a perda de privilégios menores, o novo montante poderia ser relativizado e até assimilado sem causar tanta celeuma.


O raciocínio é, obviamente, de quem aceita o ‘dobradão’ e só discorda da forma com que foi anunciado. O deputado Miro Teixeira – que não faz parte do baixo clero, é bom que se diga, ao contrário, e, além disso, é jornalista e até já foi ministro das Comunicações – não tem o direito de imaginar que a imprensa engoliria facilmente a troca de gato por lebre.


O super-aumento foi rejeitado pela sociedade porque era uma imoralidade e a mídia conseguiu expressar isso com muita clareza e muita rapidez.