A Operação Hurricane [furacão], desfechada pela Polícia Federal, poderá ter efeitos ainda mais devastadores do que os escândalos do mensalão e do dossiêgate. A razão é simples: os presos, os indiciados e a maioria dos suspeitos estão fora do jogo político e isso significa que terão contra si a fúria moralizadora tanto da oposição como do governo, ao contrário do que aconteceu em 2005-2006, quando apenas a oposição funcionava como denunciadora.
Apesar da certeza de uma grande limpeza no Judiciário, na polícia e talvez até no Congresso, é imperioso que a imprensa não se afobe na divulgação das denúncias. A pescaria vai ser fartíssima e os peixes serão graúdos, disso não há a menor dúvida – e justamente por isso é indispensável que a imprensa seja prudente.
Recorrendo novamente aos exemplos do mensalão e do dossiêgate: a afoiteza na divulgação de certas acusações sem a necessária comprovação permitiu que a cobertura da mídia nesses escândalos até hoje esteja sob suspeita.
Um pouco mais de cautela e, sobretudo, paciência na divulgação de informações da Operação Hurricane evitará que este furacão acabe parecido com uma leve brisa de verão.