A Folha de S.Paulo de domingo (18/7), no caderno horrivelmente chamado ‘Poder’, publica um texto com tom de editorial para deixar clara sua postura isenta (sic) nas eleições deste 2010. ‘Folha reafirma princípios editoriais’, intitula, e, abaixo, a ‘linha fina’ explica: ‘A Folha não apoia nenhuma candidatura; parâmetros ajudam a fazer cobertura isenta, sem deixar de ser crítica’.
Voltando a 1984, quando lançou o que chama de ‘primeiro Projeto Editorial’, continua o texto, ‘a Folha cristalizou no Manual da Redação a opção por um jornalismo crítico, pluralista, apartidário e moderno’ (leia na íntegra, só para assinantes). O jornal da Barão de Limeira, citando seu Manual de Redação, afirma que ‘tais valores adquiriram a característica doutrinária que está impregnada na personalidade do jornal’. Bom, já que a Folha se encarrega de dotar a si mesma de uma aura tão humana, tendo até uma ‘personalidade’, eu diria que se trata de uma criatura um tanto egocêntrica. Senão, não diria a seguir que, segundo ela mesma, ‘ajudou a moldar o estilo brasileiro da imprensa nas últimas décadas’.
Tudo para dizer que ‘a cobertura eleitoral deste ano, assim, não poderia fugir desse script‘. Claro, a Folha ‘não apoia nenhuma candidatura’, esclarece cabalmente o diário dos Frias, diferentemente de jornais como o New York Times, que apoiou Obama nos Estados Unidos, como explica nosso periódico.
O que seria um ‘álibi’ em tal contexto?
Impressionante. Fiquei sabendo ontem dessa postura tão importante para o processo eleitoral no país, com esse texto tão esclarecedor. Ainda bem que meu amigo Emerson mo enviou, como se dizia antigamente. Senão eu poderia jurar que a Folha tem apoiado os candidatos tucanos em 2002, 2006 e 2010. Mas acho que foi impressão minha.
Só achei meio obscura a passagem do (artigo?, matéria?, arrazoado democrático?) texto, não assinado, onde afirma o seguinte: ‘E a atitude apartidária, que `obriga a um tratamento distanciado em relação às correntes de interesse´, não poderia ser `álibi para uma neutralidade acomodada´.’
O que viria a ser ‘álibi para uma neutralidade acomodada’ em tal contexto? De qualquer maneira, pelo menos agora eu sei que a Folha foge da ‘neutralidade acomodada’ como o diabo da cruz.
PS: Infelizmente, não sei em que página do jornal impresso está o texto. Como não comprei o exemplar, tentei saber desse detalhe de alguns amigos por telefone ou via MSN, mas nenhum deles tem, comprou ou assina o diário da Barão de Limeira.
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Jornalista