O deputado Edmar Moreira perdeu a boquinha de corregedor por falar demais. Mas ele é peixe pequeno. ‘Baixo clero’, como gostam de dizer os repórteres de Brasília. Foi preciso um esforço mínimo de reportagem para revelar seu perfil e conduzi-lo à renúncia.Difícil será encontrar na imprensa quem se atreva a revelar o que significa a volta de José Sarney à presidência do Senado. (L.M.C.)
Os jornalistas de Brasília estavam cansados do recesso, queriam exercitar os músculos antes da nova saison política. Em menos de uma semana liquidaram o novo Severino, o deputado Edmar Moreira (DEM-MG), o tal do castelo medieval e do ‘vício da amizade’: perdeu o cargo de corregedor, foi obrigado a renunciar à 2ª vice-presidência e corre sério risco de perder o mandato.
Parada fácil. Mais complicada vai ser a tarefa de abalar o vice-rei José Sarney (PMDB-AP), presidente do Senado pela terceira vez em 14 anos. O inabalável e imortal Sarney foi grampeado pela Polícia Federal e, no domingo (8/2), a Folha de S.Paulo publicou sua conversa com filho, instruindo-o como usar uma TV de sua propriedade para atacar inimigos políticos locais.
Isso é vedado: TV é uma concessão pública, o concessionário não pode ser um parlamentar e, o pior, não pode usar uma concessão em benefício próprio.
A matéria da Folha é extraordinária porque o ex-presidente da República é colunista do jornal há quase duas décadas. Intocável. Até domingo.
A Folha tem sido o jornal que mais investe contra o coronelismo eletrônico. Mas se o resto da mídia não se mexer, Sarney continuará como o vice-rei do Brasil e as concessões de radiodifusão continuarão como o exemplo mais aviltante do vício da amizade.