Leia abaixo a seleção de sexta-feira para a seção Entre Aspas.
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Folha de S. Paulo
Sexta-feira, 29 de agosto de 2008
GAFE
Agência publica obituário de Jobs ‘inadvertidamente’
‘A agência Bloomberg publicou anteontem, em seu site, o rascunho do obituário de Steve Jobs, o presidente-executivo da Apple. O texto ficou poucos minutos no ar, mas foi capturado pelo blog Gawker (gawker.com), que o colocou em sua página.
Além da reportagem sobre a vida do executivo, o texto da agência de notícias tem instruções de personalidades que devem ser contatadas para comentar a ‘morte’ de Jobs: o ex-vice-presidente dos EUA Al Gore (que é membro do conselho de diretores da Apple), Bill Gates, da Microsoft, entre outros.
No que aparentemente foi a última atualização do obituário do executivo, Steve Wozniak, co-fundador da Apple, afirma que Jobs, que teve câncer de pâncreas em 2004, ‘tinha um desses sonhos de se tornar uma dessas grandes pessoas que têm empresas e fazem produtos que mudam o mundo’.
Pouco depois de o texto ter sido tirado do site, a Bloomberg publicou nota em que diz que ele foi ‘inadvertidamente’ publicado.
Nos últimos meses, a saúde de Jobs, que estava bastante magro em suas últimas aparições públicas, tem sido alvo de rumores. Recentemente, ele negou ter câncer.’
PROPAGANDA
Armadilhas do cigarro
‘NO INÍCIO desta década, o Brasil deu um importante passo em prol da saúde ao proibir terminantemente a propaganda de cigarros e outros derivados de tabaco em jornais, TVs, rádios, revistas e internet, além de eventos esportivos e culturais. Previsões catastrofistas, como queda astronômica nas receitas dos veículos de comunicação, desemprego ou o fim da Fórmula 1 como conseqüência da nova legislação, não se confirmaram. Havia uma premissa básica e verdadeira. Com menos exposição do produto na mídia, o número de novos fumantes seria reduzido, o que de fato vem ocorrendo. A própria indústria do tabaco mudou o discurso e diz, agora, que o foco principal são ‘os fumantes de outras marcas’, ou seja, que a estratégia de marketing está voltada para a fidelização dos atuais clientes. A prática, entretanto, é outra. Basta visitar pontos de venda, especialmente bares e baladas, onde a propaganda de cigarros ainda é autorizada para verificar que as mensagens publicitárias são prioritariamente destinadas ao público mais jovem. Obviamente, quanto mais cedo se começa a fumar, mais cedo se vicia. Também não é mera coincidência a recente proliferação de marcas com sabores adocicados ou mentolados, feitos para vencer a resistência inicial que as pessoas possam ter ao gosto amargo do cigarro. O que dizer, então, da moda do narguilé? Bares famosos das grandes capitais brasileiras há muito oferecem esse cachimbo d’água típico dos países árabes aos clientes para baforadas ‘inocentes’ ao sabor de chocolate, menta, maçã, cereja, uva, melão, melancia ou canela, entre outros. A indústria do fumo, mais uma vez, usa de artimanhas para fisgar o consumidor, principalmente os jovens, muitos dos quais nem imaginam que o narguilé é tão ou mais tóxico que um cigarro industrializado. Como médica, acompanho diuturnamente o drama dos dependentes de nicotina, a maioria dos quais fuma pelo menos dois maços por dia. Como profissional de saúde pública, posso afirmar que, de fato, houve avanços inegáveis, mas o caminho ainda é longo para que o tabagismo seja cada vez menos estimulado. E essa briga não é apenas dos governos, pois se trata de uma questão sociocultural, de mudança de hábitos, de comportamento, de prevenção. Sob o ponto de vista de promoção de saúde, uma das bandeiras levantadas mundialmente é relativa à restrição do tabaco em ambientes fechados, que visa prevenir, prioritariamente, o fumo passivo. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), há cerca de 2 bilhões de fumantes passivos em todo o mundo, dos quais 700 milhões são crianças. E não há fumódromo que dê jeito, pois a fumaça do cigarro não respeita fronteiras. No Estado de São Paulo, um programa lançado em 2007 reconhece publicamente todas as empresas, edifícios, bares, shoppings, lojas, lanchonetes, restaurantes e outros espaços públicos fechados que eliminarem comprovadamente o cigarro e os derivados de tabaco de seus ambientes. O selo Ambiente Livre de Tabaco é concedido a estabelecimentos que proibirem espontaneamente o fumo, banindo inclusive os fumódromos e eliminando cinzeiros. O mérito de um programa como esse, inspirado em projetos já implantados com sucesso em outros países, é justamente o caráter de adesão voluntária, uma vez que os responsáveis por qualquer estabelecimento que obtiver o selo irão cuidar para que realmente ali ninguém fume. Acender cigarro, cachimbo, charuto ou cigarrilha, só na rua. Os proprietários de restaurantes, inicialmente, resistiram à idéia. Mas mesmo nessa área já é possível perceber um movimento em favor da eliminação do tabaco. Em São Paulo, a 1900, uma das principais redes de pizzarias da cidade, decretou o fim da ala de fumantes e recebeu o selo ontem. A maioria dos clientes, até mesmo os que fumam, aprovou a medida. Neste 29 de agosto, Dia Nacional de Combate ao Fumo, convidamos a população paulista, as entidades de classe, os empresários e a sociedade civil organizada para unir esforços contra as armadilhas do cigarro e em favor da luta antitabagista. É um trabalho árduo de promoção de saúde e de hábitos de vida saudáveis, no qual o cigarro e seus derivados definitivamente não se encaixam. PS: Fumar faz (muito) mal à saúde.
LUIZEMIR WOLNEY C. LAGO, 60, médica psiquiatra e sanitarista, é diretora do Centro de Referência em Álcool, Tabaco e Outras Drogas da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.’
CAMPANHA
TRE não proibiu Kassab de usar marca de leite na TV
‘O TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) não proibiu o prefeito Gilberto Kassab (DEM) de utilizar a marca do leite em pó Ninho em seu programa eleitoral na TV.
Diferentemente do que a Folha publicou ontem, o juiz de primeira instância Claudio Luiz de Godoy julgou improcedente a representação feita à Justiça Eleitoral pela candidata Marta Suplicy (PT) para a retirada da propaganda.
Marta recorreu da decisão, alegando que houve ‘promoção da marca’, o que violaria o artigo 26 da resolução 22.718 do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que proíbe a utilização comercial do horário político.
O caso agora está nas mãos do juiz Flávio Yarshell, do TRE-SP. Ele apresentará ao colegiado do tribunal um relatório para votação.
Nos primeiros dias da campanha na TV, o programa de Kassab destacou os benefícios do programa ‘Leve Leite’, que contempla cerca de 1,1 milhão de crianças por mês. Um locutor ressaltava a ‘qualidade’ do ‘leite que a meninada leva pra casa’. A assessoria da campanha de Kassab afirma que ‘a Justiça entendeu que não houve uso da marca’ e nega que a propaganda tenha sofrido ‘qualquer modificação’.
‘O argumento da defesa foi o de que se tratou de aparição incidental, em que o assunto da propaganda não é a marca ou o produto, mas o serviço público de distribuição de leite e a idéia de sua continuação’, diz.
Segundo a assessoria de Kassab, o contrato emergencial para a compra do leite Ninho obedeceu à Lei de Licitações. Diz ainda ‘que as empresas licitadas, Itambé e Tangará, suspenderam a entrega do leite unilateralmente’, pois ‘queriam receber mais de R$ 10 por quilo’. Afirma também que ‘o contrato de leite feito na gestão Marta chegava ao custo de R$ 9 o quilo’ e que ‘Kassab, na emergência, contratou por R$ 8,53’.’
Kamila Fernandes
Justiça veta uso de gravação de imitador de Lula em campanha
‘A Justiça Eleitoral decidiu proibir a veiculação de supostos depoimentos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em favor de dois candidatos a prefeito no interior do Ceará. O motivo é que as gravações eram falsas, feitas por um imitador que buscava reproduzir, além da voz, até as figuras de linguagem que o presidente costuma usar.
A fraude aconteceu nos municípios de Granja (a 353 km de Fortaleza) e Acopiara (a 345 km). Nos dois casos, os candidatos a prefeito são coligados com o PT e já usam a imagem do presidente Lula em seu material de campanha impresso.
No rádio, porém, decidiram colocar uma fala falsa do presidente. O texto é muito parecido nos dois casos, com Lula cumprimentando todos com o tradicional ‘companheiros e companheiras’, afirmando que ‘nunca na história desse país se fez tanto para melhorar a vida das pessoas’ e declarando apoio ao candidato da coligação -em Granja, Romeu Aldigueri (PPS); em Acopiara, o prefeito Antonio Almeida (PTB), que tenta a reeleição.
Nos dois casos, a voz é a mesma, do imitador apelidado de Fox. O responsável pelas duas campanhas também é o mesmo: o cientista político Fabner Utida, de Fortaleza. Ele afirmou que não houve a intenção de enganar os eleitores com a imitação. ‘Em nenhum momento o locutor se identificou como o presidente Lula e a própria imitação em si não é das melhores, dá para perceber nitidamente que é uma imitação’, disse Utida.
‘Fizemos isso em tom de humor, como tantos humoristas fazem, para dar um tom alegre à campanha’, afirmou o responsável pelas campanhas.
A Justiça Eleitoral entendeu que nos dois casos a fala pode levar o eleitor a um engano, e por isso determinou a retirada do ar. Ainda assim, segundo Utida, outros candidatos com os quais ele nem trabalha o procuraram nos últimos dias para também fazer uma versão do depoimento de Lula.
‘Mas agora estamos com muita cautela’, afirmou.
Sem poder usar o falso Lula, Utida disse que, pelo menos no caso de Aldigueri, já tem outras gravações, inclusive em vídeo, para colocar no ar, com declarações dos senadores Aloizio Mercadante (PT-SP) e Ideli Salvatti (PT-SC) em favor do candidato a prefeito. ‘Mas esses são de verdade’, disse.’
Folha de S. Paulo
TRE proíbe Crivella de usar imagem de Lula
‘O candidato do PRB também não poderá usar imagens do governador Sérgio Cabral na propaganda eleitoral para a Prefeitura do Rio. O TRE atendeu a pedido dos candidatos Eduardo Paes (PMDB) e Alessandro Molon (PT). Segundo o Tribunal, as imagens mostram ‘apoio claro do presidente Lula e do governador Cabral à campanha de Crivella, de outro partido que não deste, o que é vedado por lei’. Crivella tem dois dias para apresentar sua defesa. A assessoria do senador não foi localizada para comentar a decisão.’
TODA MÍDIA
O pré-sal é nosso?
‘Na manchete da Folha Online, ‘pré-sal vai reduzir a pobreza no Brasil, diz Lula’. E na da Reuters Brasil, ‘ministérios vão receber o possível do pré-sal, diz Lula’. Pouco antes, o novo ministro da Cultura havia pedido 1% do dinheiro dos novos campos. E prossegue o debate, em vazamentos diários.
A novidade é que até a ‘Economist’ entrou na conversa -em defesa da Petrobras- com a chamada de capa ‘Brasil debate sua mina de ouro do petróleo’. Nos enunciados internos, ao lado de imagem de nova plataforma: ‘Um tipo engraçado de recompensa’, ‘Bem quando começa a produção das novas grandes reservas da Petrobras, o governo considera mudar as regras’. Para a revista, antes de resolver se o dinheiro vai mesmo para a educação, Lula ‘deveria assegurar que não cause dano à empresa que achou o tesouro’, ela que é só ‘parcialmente estatal’.
NA FLORESTA
Em outro texto, a revista também apóia extrair dos campos já descobertos na Amazônia, explorar mais -e, como exemplo de que é possível, sim, respeitar a floresta, dá o projeto de gás da Petrobras, o novo amor da ‘Economist’
ESCUDO À BRASILEIRA
O ministro Roberto Mangabeira Unger justificou à Associated Press o plano de defesa que levou a Lula, com elevação dos recursos ao setor, dizendo que, ‘se o Brasil quiser se tornou potência mundial, precisa de um escudo de defesa’. Visa ‘proteger as fronteiras da Amazônia e as reservas de petróleo na costa, que poderiam transformar o Brasil’.
E ontem a Globo destacou a ‘simulação de guerra dos pilotos de caça, com 44 aeronaves’. Mas é na fronteira com Paraguai e Bolívia, não na costa.
‘BUSH 3’
Mais da nova ‘Economist’. Enquanto o ‘New York Times’ publicava editorial sobre Barack Obama, cobrando menos arte e mais substância, a revista já mostrava o republicano, cobrando, em seu primeiro editorial: ‘Traga de volta o verdadeiro John McCain’.
Lamenta que ele tenha assumido ‘a política externa de falcão, a conversa de religião e aborto, os cortes irresponsáveis de impostos: tudo isso soa demais como Bush 3’. E encerra a revista, sem maior esperança: ‘Nós preferíamos McCain 1’.
RUÍDO 1
O ‘NYT’ noticiou que o vice de McCain sairia hoje, sexta. E o Drudge Report tentou emplacar o ruído de que iria ‘vazar’ antes do discurso de Obama etc. Fim do dia e o site Politico deu que os republicanos ‘abasteciam a especulação’ de Drudge.
RUÍDO 2
Enquanto isso, o site liberal TPM já tenta fazer ruído na convenção republicana, que abre segunda, quando o furacão Gustav alcança os EUA. Fala-se em adiar. Do marqueteiro Karl Rove, ecoando Katrina: ‘O tempo não dá folga aos republicanos’.
‘SÃO PAULO: HOMICÍDIO’
Manchete do UOL, fim do dia, em reportagem da Folha Online, ‘São Paulo: Tragédia no metrô terá denúncia por homicídio’. Na escalada do ‘Jornal Nacional’, já em outro diapasão, ‘São Paulo: A polícia conclui o laudo sobre o desabamento na Linha 4 do Metrô’.’
CUBA
Governo prende e vai julgar hoje cantor punk
‘Está previsto para as 9h de hoje, em Havana, o julgamento de Gorki Águila, 39, vocalista da banda de punk-rock cubana Porno para Ricardo, que tem letras criticando o governo. Preso na segunda, ele é acusado de ‘periculosidade social pré-delitiva’, mas seus companheiros dizem que trata-se de ‘represália’ contra o grupo.
O site da banda (www.pornopararicardo.com), alimentado fora da ilha, convocava para ontem um protesto em frente à representação americana, onde aconteceria um show oficial do cantor Pablo Milanés. Um abaixo-assinado circula na blogosfera pedindo que astros cubanos apóiem Gorki. ‘Raúl é um farsante. Raúl, tire os tanques para que o povo se levante’, diz uma das letras da banda.’
TELECOMUNICAÇÕES
Anatel monta ‘operação de guerra’ pela portabilidade
‘A dois dias do início da portabilidade -o serviço que permitirá trocar de operadora mantendo o número de telefone fixo ou móvel-, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) colocou em funcionamento uma operação batizada pelas teles de ‘caça às bruxas’.
Na semana passada, a agência manteve o prazo de início da portabilidade para 1º de setembro e criou um grupo especial para descobrir a ‘verdade’ sobre as panes apresentadas pelas teles, que queriam a prorrogação do prazo alegando dificuldades técnicas.
A Folha apurou que a Anatel suspeitava de que os resultados dos testes anteriores tivessem sido forjados para que a portabilidade fosse adiada. Naquela ocasião, a média de sucesso dos testes era de 11%.
Desde então, o presidente da agência, Ronaldo Sardenberg, passou a duvidar do desempenho das teles. O que reforçava a desconfiança eram os resultados acima de 90% obtidos na fase inicial, em que cada tele testou apenas com a ABRT (a associação que centralizará as informações da portabilidade).
Consultores independentes consultados pela agência afirmaram que as dificuldades técnicas ocorriam porque as operadoras não tinham ‘pisado no acelerador’ para colocar suas redes em ordem a tempo.
A agência não tinha como saber por que as falhas ocorriam e quem eram os responsáveis até aquela data. Como uma operadora testava a portabilidade com outra, surgiram situações em que uma tele pronta para a portabilidade era prejudicada pelas falhas da outra, que estava mal.
Para evitar que uma tele a favor da portabilidade fosse punida por outra, contrária, a Anatel não só decidiu manter a data do início da portabilidade como criou o grupo especial de trabalho. Além de fiscalizar, esse time faz auditoria nas companhias para checar a veracidade dos resultados dos testes.
Desde então, a Anatel passou a saber de quem é a culpa pelas panes e, agora, pode multar caso uma companhia descumpra as regras.
Resultado: o relatório enviado ontem pela ABRT às operadoras mostra que 85% dos testes têm sucesso. Pelas regras da Anatel, elas poderão ser multadas em pelo menos R$ 3 milhões se o índice de sucesso mensal não for de 95%.
Outra mudança é o fim da flexibilização. A idéia inicial de conceder um prazo de adaptação até 15 de novembro às teles com dificuldades está fora de cogitação.
Ainda segundo o relatório da ABRT, estão em dia com o cronograma da Anatel Brasil Telecom (fixa e móvel), Claro, CTBC (fixa e móvel), Embratel, GVT, Intelig, Oi (móvel), TIM (fixa e móvel), Vivo (incluindo a Telemig) e Nextel. Estão em atraso Oi (fixa), Sercomtel (fixa e móvel) e Telefônica.
No dia 25 deste mês, os maiores índices de falhas foram provocados pela Oi (fixa), responsável por 42% das panes, pela Sercomtel (fixa) (33%) e pela Telefônica (27%). Vivo e Claro empatam com 9% de anomalias registradas. Isso significa que contra a Telefônica, por exemplo, foram abertas 21 reclamações por falhas em 78 chamadas telefônicas. Esse índice contra a Oi foi de 257 reclamações, que impactaram negativamente 610 chamadas na rede fixa. Na rede móvel, essa proporção foi de 12 contra 71. Procuradas, as operadoras alegaram que estão com o sistema pronto para entrar em funcionamento e não quiseram comentar os detalhes do relatório da ABRT.’
Humberto Medina
Separar banda larga ‘trava’ nova tele, afirma ministro
‘O ministro Hélio Costa (Comunicações) avalia que a nova tele que deve surgir da compra da Brasil Telecom pela Oi ficará ‘travada’ caso a prestação de serviços de acesso a internet em banda larga e de telefonia fixa venha a ser separada, como quer a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).
‘Evidentemente que coloca a nova empresa, se ela for criada, em uma posição de inferioridade. Ela fica travada, impossibilitada de competir no país e, principalmente, no exterior’, disse Costa. ‘Se é uma empresa que pretende competir na América Latina, na Ásia, na África, como é que ela vai sair daqui toda travada? É obrigação do governo ver essas coisas’, afirmou.
No mesmo documento no qual propôs a alteração de legislação que acaba com o impedimento legal para a operação de compra da BrT pela Oi, a Anatel também se posicionou pela separação dos serviços de acesso à internet em alta velocidade dos de telefonia fixa. Dessa forma, as empresas de telefonia terão de criar outras empresas para fornecer o acesso à internet em banda larga.
O objetivo da medida, segundo a agência reguladora, é dar mais transparência aos custos e, dessa forma, permitir que outras empresas possam usar a rede das concessionárias de telefonia fixa para oferecer acesso a internet, aumentando a competição no setor.
As empresas de telefonia são contra, alegando que a exigência aumentará os custos, que serão repassados aos usuários.
Além da oposição das empresas, a Anatel tem contra si o próprio governo. Os ministérios das Comunicações e da Fazenda já se declararam contra a mudança, apoiando o posicionamento das operadoras de telefonia fixa. Nem mesmo dentro da própria agência há consenso. Uma consultoria ficou de ser contratada para analisar os impactos no mercado.
TV por assinatura
O projeto de lei que libera as operadoras de telefonia fixa para atuar no mercado de TV por assinatura (PL 29) sofreu um revés ontem na Câmara dos Deputados. Foi aprovado requerimento para que o projeto tramite também na Comissão de Defesa do Consumidor.
O tempo de tramitação do projeto vai aumentar. O PL também precisará ir ao Senado.’
TELEVISÃO
Promotor decidirá sobre ‘espião’ na Globo
‘A Polícia Civil do Rio de Janeiro encerrou terça-feira o inquérito em que investigou denúncia de que a Record estaria fazendo espionagem na Globo, o que caracterizaria crime de concorrência desleal. A polícia não concluiu se houve crime ou não. Deixou para o Ministério Público a decisão de arquivar ou denunciar o caso à Justiça.
Em junho, a Globo demitiu um funcionário que enviou a uma profissional da Record, por e-mail, listas de fornecedores de materiais para confecção de cenários. Em nota à imprensa, disse que as informações eram ‘sigilosas’ e ameaçava acionar a Record na Justiça.
Até agora, a única ação da Globo foi na Polícia Civil, na qual a Record não foi investigada. Apenas os dois funcionários envolvidos foram ouvidos.
‘O material [os arquivos trocados nos e-mails], segundo as partes, é de domínio público. Encaminhei o relatório ao Ministério Público, que agora irá decidir se houve crime ou não’, disse à Folha a delegada responsável pela investigação, Carla Guimarães Tavares, para quem o caso é ‘controvertido’.
Em seu depoimento, a funcionária da Record disse que trabalhara na Globo até 2004. Como ficara fora do mercado durante quatro anos, pediu ajuda a um colega da concorrente. Segundo ela os fornecedores poderiam ser ‘encontrados em qualquer catálogo telefônico ou na internet’.
A Globo não comentou.
COBERTURA
O jornalista Tadeu Schmidt será o substituto de Zeca Camargo durante viagens que o apresentador do ‘Fantástico’ fará em setembro, por 45 dias. Pedro Bial, que prepara um novo quadro, não volta mais a apresentar o programa.
PADRÃO
O nome de Ana Paula Padrão, atualmente no SBT, está no topo da lista de 300 contratações que a Record pretende fazer até 2012, quando transmitirá a Olimpíada de Londres.
DIVISÃO
A Record já iniciou, ainda que timidamente, as negociações com Globosat e ESPN pelo repasse dos direitos do Pan de 2011 e da Olimpíada de 2012. A emissora afirma que só faz questão de ter exclusividade na TV aberta.
NOVA ORDEM 1
Ao liberar ‘Mulheres Apaixonadas’, até então proibida antes das 21h, para qualquer horário, o que viabilizou sua reprise à tarde, o Ministério da Justiça ignorou recomendação do Ministério Público Federal, de 2005, que acatara antes.
NOVA ORDEM 2
Pela recomendação, o ministério só liberaria novelas reclassificadas no ar, caso de ‘Mulheres Apaixonadas’, após analisar capítulos reeditados.
NOVA ORDEM 3
O ministério diz que a nova portaria de classificação indicativa, de 2007, prevê a reclassificação apenas com um termo de compromisso, como a Globo fez agora. Mas a portaria se refere a novelas classificadas por sinopse _e não por inadequações verificadas na exibição.’
Marco Aurélio Canônico
Rever ‘Os Simpsons’ permite admirá-lo
‘Pouco mais de um ano após estrear nos cinemas, ‘Os Simpsons – O Filme’ chega à TV por assinatura, amanhã -e é claro que, a esta altura, todos os fãs do desenho já assistiram a ele.
De qualquer modo, rever agora este primeiro longa (87 minutos) da família amarela permite uma visão mais distanciada já que, na época de sua estréia nos cinemas, a expectativa que o cercava era imensa.
Alguns ficaram decepcionados, na ocasião, porque esperavam que o filme fosse tão bom quanto os melhores episódios das melhores temporadas.
Ora, isso era impossível, primeiro por conta da diferença de formato -episódios de meia hora são uma coisa, têm um determinado ritmo, permitem certos tipos de histórias. Fazer um longa é outra coisa, não é apenas juntar três curtas.
Depois, ‘Os Simpsons’, a série, desenvolveu-se com o tempo -foram preciso muitas tentativas e pelo menos uns cinco anos até que ela se tornasse o que é: a melhor e mais longeva.
Faz bem ao filme, portanto, revê-lo já sabendo do que se trata, sem expectativas. Assim, é possível admirar seu punhado de gags memoráveis, que entram para a história do desenho, como a do ‘porco-aranha’, a cena de Homer com o trenó e os cães, ou a que mostra a família num cartaz de ‘procurados’.
OS SIMPSONS – O FILME
Quando: amanhã, às 22h
Onde: Telecine Premium
Classificação indicativa: livre’
INTERNET
Blogueiro é detido por postar inéditas do Guns
‘O blogueiro americano Kevin Cogill, 27, foi detido anteontem em Los Angeles, sob suspeita de violar a lei federal americana de direito autoral. Cogill teria postado em seu site nove músicas do inédito álbum ‘Chinese Democracy’, do Guns N’Roses. Foi estabelecida fiança de US$ 10 mil (R$ 16 mil). O porta-voz da banda disse que o grupo está informado sobre o episódio e ‘deixa o assunto para as autoridades’.
Com lançamento sucessivamente postergado, o álbum ‘Chinese Democracy’ vem sendo preparado há mais de dez anos.’
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O Estado de S. Paulo
Sexta-feira, 29 de agosto de 2008
CAMPANHA
Crivella é proibido de usar imagens de Lula
‘A Justiça Eleitoral proibiu o senador Marcello Crivella (PRB), candidato à Prefeitura do Rio, de usar a imagens ou áudios do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) em seus programas eleitorais. Na fundamentação da decisão, o juiz Cezar Augusto Rodrigues Costa, do Tribunal Regional Eleitoral, afirma que as imagens revelam ‘apoio claro, veemente e eloqüente do presidente Lula e do governador Sérgio Cabral à campanha de Crivella, de outro partido que não os destes, o que é vedado por lei’.
A decisão atendeu a pedidos de liminares impetrados pelo PT e pela coligação que apóia a candidatura do peemedebista Eduardo Paes. Para mostrar que Crivella teria bom relacionamento com o governador e o presidente, o programa mostrava 34 segundos de cenas em que o senador aparecia ao lado de ambos.
A imagem de Lula tem sido explorada por candidatos em todo o país, e não apenas da base aliada. Em São Paulo, ele já foi citado como ‘parceiro’ por Gilberto Kassab (DEM) e Geraldo Alckmin (PSDB), além da petista Marta Suplicy.
Em Curitiba, o tucano Beto Richa também já se referiu ao presidente como ‘bom parceiro’. Candidata do PT na mesma cidade, Gleisi Hoffmann exibe à exaustão um depoimento em que Lula diz que ela, se for eleita, ‘saberá fazer um governo moderno e humano’.
Em Belo Horizonte, os três principais candidatos, Márcio Lacerda (PSB), Jô Moraes (PC do B) e Leonardo Quintão (PMDB), usam imagens do presidente e fazem referências a ele na TV.
Líder do PC do B na Câmara dos Deputados, Jô Moraes faz parte do conselho político da Presidência. Na última reunião, aproveitou uma brecha dada pelo próprio Lula e sacou o celular para tirar uma foto abraçada ao presidente. A imagem vem sendo usada na campanha pela televisão.
No Recife, Lula tem aparecido nos programas de seu correligionário, João da Costa, e de Carlos Eduardo Cadoca, do PSC.
Como Lula não quis declarar apoio a nenhum candidato em Porto Alegre, a petista Maria do Rosário teve de apelar à imagem de um abraço e um beijo na testa que recebeu do presidente recentemente. Manuela D’Ávila, do PC do B, também já exibiu uma foto ao lado do presidente.’
O Estado de S. Paulo
Juiz impõe censura prévia a jornal e ANJ reage
‘O juiz eleitoral Augusto Passamani Bufulin, de São Mateus (ES), proibiu a divulgação na imprensa de matérias que ‘associem’ o candidato à prefeitura local Jorge Silva (PP) ao governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB). O juiz alega que Hartung não é da mesma coligação de Jorge Silva, embora o apóie.
A portaria de Bufulin decorre de ação do candidato a prefeito Amadeu Boroto (PSB) contra o jornal Tribuna do Cricaré. Boroto, da coligação oficialmente ligada a Hartung em São Mateus, pediu a censura ao jornal depois que o governador declarou apoio à candidatura de Jorge Silva.
A Associação Nacional de Jornais (ANJ) condenou a decisão do juiz.’É lamentável que um juiz extrapole suas atribuições e, na intenção de impedir um pretenso ato de infidelidade partidária, exerça a censura’, reagiu a ANJ, em nota assinada por seu vice-presidente, Júlio César Mesquita. ‘Se um governador apóia um candidato a prefeito de outra coligação partidária que não a sua, cabe à Justiça zelar estritamente pelo cumprimento da legislação eleitoral e nunca proibir a divulgação do fato. Num claro desrespeito ao princípio maior da liberdade de expressão estabelecido pela Constituição, o juiz Augusto Passamani Bufulin determinou a apreensão dos jornais que não cumpram sua absurda portaria.’’
FORBES
Merkel é a mulher mais poderosa
‘A revista Forbes escolheu a chanceler alemã, Angela Merkel , como a mulher mais poderosa do mundo pelo terceiro ano consecutivo. A líder alemã foi escolhida por suas políticas de modernização e por ter colocado mais mulheres em cargos importantes do governo. A lista de 100 nomes tem em sua sétima posição a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice.’
GAFE
Agência ‘antecipa’ morte de Jobs
‘Na tarde de quarta-feira, a agência de notícias Bloomberg publicou, por engano, um obituário de 17 páginas do presidente da Apple, Steve Jobs. A idade do executivo e a causa da morte estavam preenchidos por XXX, aguardando a informação correta. O texto foi tirado do ar rapidamente, mas uma cópia dele acabou sendo divulgada pelo blog Gawker.
A Bloomberg trocou o obituário por uma correção: ‘Uma história incompleta referente à Apple Inc. foi publicada inadvertidamente pela Bloomberg News às 16:27, horário de Nova York, de hoje (quarta-feira). O item nunca deveria ter sido publicado e foi corrigido.’
É normal as redações prepararem com antecedência obituários de pessoas famosas, e erros acontecem. O que chama atenção nesse caso é que a Bloomberg sentiu necessidade de atualizar o texto na quarta-feira, o que demonstra a preocupação crescente com a saúde do fundador da Apple.
Em 2004, Jobs enfrentou com sucesso uma cirurgia para retirar um tumor no pâncreas. Mas o executivo só veio a público para falar sobre o assunto depois de ter certeza de que a doença havia sido deixada para trás. Num evento da Apple em junho deste ano, Jobs apareceu magro demais para a sua palestra, o que fez com que os investidores voltassem a se preocupar com a sua saúde.
No mês passado, Joe Nocera, colunista do New York Times, escreveu um artigo sobre os rumores a respeito do executivo. Durante a conferência sobre os resultados do terceiro trimestre, um analista perguntou sobre a saúde de Jobs. A resposta do diretor-financeiro da Apple foi: ‘A saúde de Steve é um assunto privado.’
A revista The Economist publicou uma matéria no mês passado em que questionava o estado de saúde de Jobs e sugeria que ele indicasse um sucessor, para reduzir a incerteza dos investidores sobre o futuro da empresa, que Jobs comanda num estilo centralizador e personalista.
O obituário da Bloomberg dizia que Jobs ‘ajudou a tornar os computadores pessoais tão fáceis de usar quanto telefones, mudou a forma como filmes de animação são feitos, convenceu os consumidores a ouvir música digital e reinventou o telefone móvel’. O texto trazia uma lista de pessoas que deveriam ser ouvidas, que incluíam Steve Wozniak, co-fundador da Apple, Bill Gates, da Microsoft, e o ex-vice-presidente americano Al Gore.’
ESCUTA
Escândalos turbinam vendas de aparelhos antigrampo
‘A grande repercussão de operações da Polícia Federal que utilizaram grampos telefônicos e as notícias de que o País teria cerca de 500 mil linhas com escutas não autorizadas promoveram uma corrida em busca de equipamentos para a ‘blindagem’ de telefones. Segundo as empresas especializadas na oferta desses programas informatizados – caros e sofisticados -, o ritmo das vendas nos últimos meses levará a uma expansão de 30% nos negócios este ano, desempenho considerado excelente após um 2007 tímido.
‘A maior procura é feita por empresários, políticos, advogados e profissionais do mercado financeiro’, diz o diretor-comercial da Cryptocell, Edson dos Santos. A grande demanda pelo software, diz, permitiu um ganho de escala que resultou na queda do preço – que passou de R$ 2,7 mil em agosto de 2007 para R$ 1,87 mil este mês. Aplicativo semelhante da GoldLock, que criptografa as ligações, custa em torno de R$ 3,5 mil.
O sistema antigrampo funciona por meio de um software que é instalado no aparelho. Quando um celular com o aplicativo se comunica com outro também dotado do software, toda a comunicação de voz e dados é completamente desfigurada ao longo da rede pública. Mesmo que a ligação seja interceptada e gravada na própria operadora, tudo o que se ouve é um som semelhante ao ruído que ocorre na transmissão de um fax.
Edson dos Santos conta que as vendas do software, de tecnologia israelense, cresceram 60% nos últimos 12 meses, chegando a dobrar a média mensal em alguns picos de venda, que normalmente coincidem com o auge da cobertura da mídia para operações da Polícia Federal, como a Satiagraha, que chegou a levar para a prisão o banqueiro Daniel Dantas.
Mas a operação Satiagraha não foi a única com grande destaque este ano. Em junho, a PF deflagrou a Influenza, que investigava operações ilegais de câmbio. Entre os investigados estava a exportadora de soja Agrenco. No mês seguinte, ocorreu a operação Fura-fila, para apurar irregularidades no banco de transplantes de órgãos. A maior de todas, porém, foi a Termes, que, ao investigar um esquema criminoso de liberação de cargas no Espírito Santo, culminou na prisão de 69 pessoas.
O nome de Daniel Dantas também é lembrado em casos de espionagem empresarial. O banqueiro foi acusado de contratar uma empresa para realizar escutas ilegais nos telefones de executivos da Telecom Itália, sua sócia na Brasil Telecom. Citando esse episódio, o diretor-presidente da GoldLock, Marcelo Copliovitch, afirma que a maior preocupação dos clientes diz respeito justamente às escutas ilegais.
Ele lembra que eventos como a CPI do Grampo, criada este ano para apurar possíveis grampos em linhas utilizadas por ministros, incluindo os do Judiciário, assustam profissionais que trabalham com informações confidenciais e estratégicas. ‘Fatos como esse mostram que o sistema de telefonia nacional é vulnerável’, diz.
Ele conta que fez bons negócios quando uma empresa de grande porte buscou o sistema antigrampo porque desconfiava que estava sendo espionada durante uma licitação. ‘Grandes escritórios de advocacia também procuram a blindagem por temer que informações confidenciais de seus clientes vazem’, diz.
As empresas não revelam a quantidade de aplicativos vendidos. Mas um exemplo de que os negócios vão bem vem da produtora mineira de software Bremer Serviços Empresariais, que já planeja expandir seus negócios para o exterior.
A empresa, que desenvolve seu próprio aplicativo, o SecVoice, quer partir agora para outros países da América Latina. ‘Vemos boas oportunidades não só aqui no Brasil, onde o mercado deve crescer 30% este ano, mas também em países da América Latina e Ásia’, diz César Bremer Pinheiro, sócio da empresa.’
CULTURA
A hora e a vez do Juca
‘O sociólogo baiano Juca Ferreira, de 59 anos, é desde ontem o novo ministro da Cultura do Brasil. Ex-exilado político durante a ditadura militar, Ferreira, que é filiado ao Partido Verde, foi, durante os últimos seis anos, o principal colaborador da gestão Gilberto Gil no MinC, e a ele se atribuem ardilosas movimentações de bastidores, rompimentos bruscos, ações duras e fiscalização implacável dos atos do ministério – teria sido ele o pivô da saída do ministério de colaboradores próximos de Gil, como Roberto Pinho, Antonio Risério e Marcelo Ferraz.
Ferreira falou com exclusividade ao Estado durante quase duas horas em seu gabinete em Brasília e comentou sem papas na língua sobre todos esses assuntos. Antecipou a intenção de criar fundos setoriais – a exemplo do Fundo Setorial do Audiovisual – para todas as áreas da cultura no País e admitiu que o governo não foi tão bem-sucedido até agora no apoio direto às artes. Disse que pleiteia reforços orçamentários – da Fazenda, por exemplo, quer duas extrações anuais da Mega Sena. E pretende criar o Vale Cultura, semelhante ao Vale Refeição, para ser usado em espetáculos artísticos.
João Luiz Silva Ferreira virou Juca Ferreira numa remota noite em 1967, quando era militante estudantil na União Brasileira dos Estudantes Secundaristas. Houve naquela noite em Salvador uma série de prisões de militantes políticos, e ninguém sabia onde João Luiz tinha se metido. Todos achavam que estava preso ou que fora morto. ‘Mas eu tinha ido dormir na casa de uma namorada e quando reapareci, já com o dia claro, riram muito de mim e me pespegaram esse apelido, por causa da música do Chico Buarque, e que ficou até hoje. Só uso meu nome para assinar cheque ou publicar no Diário Oficial. Só minha mãe me chama pelo nome de batismo’, ele contou.
‘Juca foi autuado em flagrante/ Como meliante/ Pois sambava bem diante/ Da janela de Maria/ Bem no meio da alegria/ A noite virou dia/ O seu luar de prata/ Virou chuva fria’, diz a letra de Chico.
Filho de um construtor de estradas na Bahia, ele passou a infância de forma cigana, vivendo em muitos lugares e bairros de Salvador, do Farol da Barra ao Jardim de Alá. Nota-se de cara que é um animal político, adora a política. ‘Como mudam as coisas, não? Você vê agora, lá na Bahia, ACM Neto só fala bem de Lula, está cheio de amor para dar. É claro: faz isso porque sabe que suas bases, no interior do Estado, estão todas com Lula’, alfineta. Foi quase sempre assim. Ele se recorda que, quando garoto, tentou praticar remo no Esporte Clube Vitória da Bahia, mas foi barrado. ‘Você é muito magricela’, disse-lhe o instrutor.
Agora, na condição de capitão do barco do Ministério da Cultura, Juca chegou falando francamente. ‘O governo conseguiu a incorporação na economia de quase 30 milhões de brasileiros que migraram para a classe C, aumentaram seu poder aquisitivo. Mas não basta mudar o poder aquisitivo. Um projeto de nação, de um novo ciclo de desenvolvimento no Brasil tem de associar essa redução da desigualdade e o aumento do poder aquisitivo à educação e à cultura’, ponderou. ‘A educação já está consolidada como um universo compreendido pela sociedade como tal. A cultura está começando agora, e vai ter de ter em algum momento responsabilização do Estado através da dotação orçamentária. Isso é inevitável.’
Sua presença nos bastidores do poder nacional tem se caracterizado por essa franqueza. ‘O mecanismo da Lei Rouanet não é capaz de financiar política pública, porque a empresa que se associa – não há nenhuma crítica nisso – quer retorno de imagem. Quem pode dar retorno de imagem é artista consagrado. E além do mais, a empresa acaba selecionando socialmente também. Atividades culturais ligadas a segmentos de pouco poder aquisitivo não têm capacidade de atrair patrocínios. Atividades longe do Sudeste também têm pouca capacidade. O mecanismo acaba reforçando as distorções, as concentrações e as exclusões em vez de ajudar a realizar política pública que, de fato, gere desenvolvimento cultural para todo o Brasil’, considera. ‘É preciso que o governo compreenda que é no momento da destinação orçamentária que o governo manifesta sua responsabilidade com a cultura. É insubstituível isso. Na reforma da Lei Rouanet que a gente está trabalhando, nós manteremos a renúncia fiscal, demandamos ao governo um fortalecimento da dotação, que não seja abaixo do 1%, que é uma meta recomendada pela Unesco. Essa é uma questão crucial.’’
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‘Eu não vou viajar tanto quanto o Gil, vou ficar aqui’
‘Caminhando despreocupadamente pelo estacionamento do aeroporto de Brasília, o homem de cabelos grisalhos e topete bem cuidado balança a cabeça, fazendo-a dançar ao som de algo que vem dos fones brancos do iPod que ele usa nos ouvidos. Juca Ferreira acaba de chegar de um encontro com curadores e empresários no Museu de Arte Moderna de São Paulo, e relaxa ouvindo a música do nigeriano Fela Kuti, um dos seus preferidos – adora a world music africana, bandas como Rita Mitsouko. Destaques no seu podcast: King Sunny Adé, além dos cubanos Orishas, o guitarrista Santana, Caetano Veloso, Gilberto Gil.
O novo ministro da Cultura do governo Lula, o 13º homem no cargo (a pasta foi criada em 1985, no governo Sarney), é um homem que, ao contrário do estilo zen do antecessor, vai à guerra quando acha que é necessário. Recentemente, divergiu publicamente com o secretário de Cultura de São Paulo, João Sayad. Diz que não ficou ‘seqüela’ da discussão. E adiantou que vai manter a equipe que Gil lhe legou.
O sr. teve uma diferença pública com o secretário de São Paulo, João Sayad. Ficou alguma aresta dessa discussão?
Eu fiz uma proposta, que se transformou em resposta a certos questionamentos que ele tava fazendo na época. A minha proposta é que o ministério não financie atividades estruturais das instituições culturais do Estado, independentemente se são Organizações Sociais ou da administração central. Que a gente estabeleça parcerias na área das atividades, e não financie manutenção das estruturas permanentes. Acho que isso vai acabar predominando. Eu não queria nem que isso fosse discutido publicamente, porque é um arranjo entre duas instâncias do Estado. Mas, na medida em que ele deu a entrevista, me senti na obrigação de explicitar meu ponto de vista. Tenho boa relação com ele, é pessoa educada, afável. Já o conhecia antes, já tinha jantado na casa dele, convidado pela ex-mulher dele (Cosette Alves). Não ficou nenhuma seqüela. É a mesma coisa que a gente diz para os bancos: vocês criam as instituições, os institutos, as fundações, vocês têm a obrigação de mantê-las. E a gente estabelece parcerias nas atividades, na programação. De quem cria as instituições, o mínimo que se espera é que mantenha, né. Houve época aqui em que a gente pagava tudo, até o papel higiênico, o que é uma distorção.
O sr. se consolidou como o homem forte da gestão Gil. No início da gestão, foi afastado um grupo de colaboradores próximos, Roberto Pinho, Antonio Risério, Marcelo Ferraz. E isso é atribuído ao sr.
Todos esses que você citou são decorrência de um caso só. Nós consideramos que houve uma quebra de confiança do Roberto Pinho, ficou inviável a presença dele e os outros se solidarizaram e saíram. Esse fato gerou um certo desgaste, obviamente, um desgaste que me trouxe até prejuízos pessoais, perda de amizades de anos. Mas eu, como secretário executivo, tinha a responsabilidade de garantir o perfil republicano do ministério. É natural que eu seja responsabilizado. Mas é bom que se diga que foram os órgãos de controle do Estado que apontaram o equívoco comportamental da pessoa em questão.
O cinema nacional está em crise. Teve 10 milhões de espectadores no ano passado, ante 16 milhões em 2004. Como enfrentar isso?
Uma parte do problema do cinema é que crescemos muito na produção, no financiamento dessa produção, mas isso não tem gerado uma correspondência no crescimento do mercado. E isso precisa ser discutido com cineastas, distribuidores. É preciso um pacto novo. Evoluir, associar mais o financiamento a dois fatores: ou sucesso de mercado ou desenvolvimento de linguagem. Estamos evoluindo, mas eu acho que é necessário discutir com o setor, com os gestores do ministério essa situação. Às vezes me perguntam e eu não tenho uma resposta satisfatória para mim mesmo.
Há filmes subsidiados pelo governo que tiveram 500 espectadores. O sr. acha que, mesmo assim, é importante investir?
É, pelo seguinte: nós estamos criando agora uma nova geração de cineastas. Muitos bons, tem bons filmes sendo feitos. Eu vi Estômago e fiquei entusiasmado, recentemente. Não tenho conseguido ver muitos, mas as pessoas têm me recomendado filmes que têm visto, muito bons, dessa utilíssima geração de filmes. Há uma geração chegando. Mas é preciso enfrentar a questão (do público minguando), porque cinema não é artesanato, nem pode ser pensado como artesanato nem se desenvolver como uma economia de artesanato. É uma economia pesada que tem características industriais, e precisa ter características industriais.
O sr. conversou com o presidente na semana passada. O que ele lhe recomendou?
O presidente demonstrou compreender perfeitamente o trabalho que a gente está fazendo aqui. Ele não disse, mas certamente eu fui escolhido para dar continuidade, num reconhecimento claro do trabalho que Gil fez aqui. Ele chamou atenção para a necessidade da qualidade do trabalho. A gente precisa enfrentar os estrangulamentos, e eu chamei a atenção para ele de que temos dois nós dos quais dependemos do governo: recursos e a reforma do ministério que está tramitando. A reforma da organização, ampliação do número de servidores. Hoje aumentou mais de 6 vezes o número de processos que vem ao MinC, e nós não estamos dando conta, é preciso dizer isso.
O sr. está pensando em novos mecanismos para democratizar o acesso à cultura?
Sim, vários. Há o projeto do Vale Cultura, que é um mecanismo não de financiamento da produção, mas do consumo cultural, como é o Vale Refeição. Estamos discutindo a criação de uma loteria da cultura ou a destinação de duas extrações da Mega Sena por ano para investimento na cultura. E nós vamos reestruturar o Fundo Nacional de Cultura, para que tenha agilidade e capacidade de gerar recursos e que seja gerido setorialmente, como é o Fundo do Audiovisual. O Fundo do Livro e da Leitura, das Artes Cênicas, do Patrimônio e Memória. E terão linhas de captação de dinheiro que não orçamentárias.
De onde virá esse dinheiro?
Depende. Do audiovisual vem de várias áreas, como aquelas taxas, o Condecine. O Livro e Leitura, já há um compromisso conosco de toda a cadeia produtiva de destinar 1% do lucro para o investimento nesse fundo. Tá faltando o OK do Ministério da Fazenda. Ou seja, cada área tem sua vocação específica de captar recursos e destiná-los. Com capacidade até de fazer co-produções com empresários, como na produção de um filme, por exemplo.
E a área de Patrimônio e Museus? Ouvi que querem transformar o Departamento de Museus do Iphan em uma secretaria.
A área de museus teria também um fundo. Não, os museus pleiteiam a criação do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). Já está indo, já está na Casa Civil, vai se transformar em projeto de lei, vai para o Congresso. Eu, na reunião de hoje com a ministra (Dilma Roussef) vou pedir a ela que acelere o processo de envio desse projeto. Já passou por todas as discussões técnicas dentro do governo. A gente quer investir nas políticas e nos instrumentos de aplicação das políticas, que é o ministério com seu fundo modernizado. O sistema de fomento e financiamento; a gente em vez de trabalhar apenas com a renúncia fiscal, vai trabalhar com um conjunto, tendo como principal instrumento o orçamento, que é o que garante a política pública. Estamos investindo muito em museus, mais de 1.000% foi o crescimento do investimento no setor desde o início da gestão. É preciso que os museus tenham interatividade com a população, que sejam disponibilizados para os estudantes, para os turistas. É possível que a gente sedie a Copa do Mundo, uma Olimpíada. A tendência é o aumento da circulação de turistas no Brasil, e a gente não pode basear a atratividade turística apenas em praia, mulher bonita, essas coisas que tradicionalmente a atividade turística vem recorrendo.
Gil falou em do-in antropológico. Essa foi idéia que deu nos Pontos de Cultura?
Não só nos pontos de cultura. Gil percorreu praticamente o Brasil todo. Tem algum estado que ele deixou de ir? Parece que tem um, né? (assessora ajuda: ‘Rondônia e Tocantins’). Dois Estados do Brasil. Ele nunca rejeitou nenhuma proposta, seja de metrópole ou cidade com 2 mil habitantes. Onde tinha atividade cultural e demandava a presença dele, ele ia. Muitas vezes, quando ele não tava aqui, tava fazendo isso. Era parte do do-in, ir lá, massagear, dar visibilidade. Ele estimulava essa dinamização cultural.
O sr. vai prosseguir com essa estratégia?
Eu não vou viajar tanto quanto ele. Preciso coordenar aqui o ministério. Mas eu pretendo agora abrir essa discussão da mudança da Lei Rouanet, e estamos já em discussão para a modernização da Lei do Direito Autoral no Brasil. O Plano Nacional de Cultura está andando bem também. Temos vários debates na rua, para aprimorar a legislação, e ampliar o diálogo com as secretarias estaduais e municipais. Queremos até 2010 consolidar um Sistema Nacional de Cultura, para integrar estados e municípios.
Quem tem mais abertura dentro do governo para a Cultura? A Casa Civil?
Houve uma abertura de todo o governo. Nós saímos de uma situação de invisibilidade para uma certa importância. Em parte pela proposta, pela execução dessa proposta. Temos uma das melhores execuções orçamentárias da Esplanada dos Ministérios, o que derruba aquele estigma de que o MinC ‘só tem artista’. Não, nós fazemos, e fazemos bem-feito aqui, estamos executando. E nós abrimos, do ano passado para cá, uma linha de interagir com outras políticas públicas. Com a Educação, MinC-Mec; com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, nos Territórios da Cidadania; com o Ministério da Justiça, na qualificação dos ambientes sociais periféricos, nas regiões metropolitanas; com a Ciência e Tecnologia; com o Ministério da Saúde, com a compreensão de que não é só remédio e hospital, são também valores e informação; com o Ministério das Relações Exteriores, e ampliamos a presença do MinC na América Latina, na África, nos Países de Língua Portuguesa, a CPLP. Seguimos orientação do presidente, para obter a transversalidade das políticas públicas, cruzando uma com a outra. É um aspecto bem-sucedido do Minc. Lamento que não tenhamos avançado tanto com a educação, mas está andando.
O sr. representa no governo um partido, o Partido Verde…
Eu cheguei aqui não tava representando nada. Vim convidado pelo ministro Gil. Ambos filiados ao PV. Eu fui escolhido para dar continuidade a essa experiência….
Mas houve rumores de que seu nome estaria vetado pelo PV….
Começou a sair nota dizendo que o PV vetava meu nome, e aí eu senti também a necessidade de desenvolver essa dimensão, de ter uma relação política. Primeiro, tentar fazer o partido compreender a importância do que a gente está construindo aqui. Segundo, construir uma relação nova, que não seja tradicional, que muitos têm com o aparelho de Estado, de operacionalizar a estrutura de Estado em favor de reprodução política. Estamos dialogando.
Mas o sr. é ministro do PV, e há candidatos do PV no País todo: Rio, São Paulo. Qual será sua atitude?
O presidente recomendou que os ministros não façam campanha fora do seu Estado. Somente quando não haja divisão da base do governo, o que é raríssimo em todo o Brasil. Eu, dentro do PV, represento uma posição que eu chamaria de programática. E há um posição contrária, que se denomina pragmática. Mas é um processo político que já vem se discutindo há dois anos. Acho que uma parte do Partido Verde não compreendeu a importância do governo Lula. Eu pessoalmente considero o melhor governo incluindo o de Getúlio, que tivemos desde a Proclamação da República – com todas as insuficiências e ausências.
Há uma tese corrente, meio metafórica, que diz que o governo Lula não vai ao teatro. Que é a área menos contemplada pelo governo.
Não é verdade. Houve muita má vontade de alguns grupos quanto ao governo, no início, e criou-se isso. Eu diria o seguinte: nós avançamos menos no financiamento das artes em geral. É por isso que vou dar ênfase no atendimento aos artistas. Vamos reestruturar a Funarte.
NÚMEROS
4,2 por cento dos municípios brasileiros têm órgãos para gerir especificamente a cultura
41,3 por cento das cidades brasileiras têm museus
15,5 por cento foi a queda registrada nas cidades com livrarias no País
6 milhões de espectadores foi quanto o cinema nacional perdeu entre 2004 e 2007′
Tânia Monteiro
Juca toma posse na Cultura
‘O sucesso de um ministro no governo tem receita definida, segundo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva: aprender o caminho para aumentar as verbas para seu ministério. Foi o que Lula desejou ontem ao novo ministro da Cultura, Juca Ferreira.
Mas ele avisou que, ‘se ficar brigando com o Paulo Bernardo (ministro do Planejamento), vai perder’. O presidente afirmou, por outro lado, que é importante ‘chorar um pouquinho’ com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, além de aprender a liberar as emendas referentes à pasta no Congresso.
Em discurso durante a cerimônia de posse de Juca no lugar de Gilberto Gil, Lula disse que, se o novo titular simplesmente conseguir cumprir o programa Mais Cultura até 31 de dezembro de 2010, o seu governo terá feito ‘em oito anos de governo o que não foi feito em 80 anos para a cultura brasileira’.
O presidente contou que, quando escolheu Gil, pensava em estar contemplando também o PV. Depois, porém, ‘para surpresa’, descobriu que ele ‘não era militante do PV coisa nenhuma, era grande artista e ambientalista e o PV passou a gostar dele como nós’. Mesmo assim, decidiu convidá-lo, alegando que não precisava representar nenhum partido.
Bem-humorado, Lula provocou risos na platéia: ‘Imagine se alguém exigisse que o cantor e compositor Chico Buarque se filiasse ao PT. Certamente ele ia ficar mais chato.’ Na seqüência, citou Caetano Veloso: ‘Imagine, por exemplo, o Caetano no PSDB? Ficaria mais chato ainda.’ Depois, o presidente acrescentou que ‘quem pensa que os partidos políticos são complicados é porque nunca participou de uma reunião com o pessoal da cultura em algum Estado pelo País’.
Há um ano, Caetano fez críticas a Gil, antigo parceiro e então ministro, e ao próprio Lula. Em entrevista à revista Rolling Stone, Caetano disse que ‘Lula é a Madonna’ e ‘se coloca bem para manter o sucesso de ter chegado à Presidência’.
Em seu discurso, Lula elogiou a atuação de Gil, presente à cerimônia, e listou algumas de suas ações no ministério. O presidente disse que não foi possível fazer tudo o que se desejava, mas que foi gratificante ter o artista no governo. Sobre a decisão de o cantor e compositor deixar o ministério, Lula afirmou que o motivo foi porque ele tem uma família muito grande para sustentar e não podia mais viver só do salário de ministro, de R$ 10 mil.’
TELEVISÃO
Boa pra cachorro
‘Faz sucesso na internet um bem-humorado site que se autodenomina um ‘gerador de chamadas de filmes da Sessão da Tarde da TV Globo’.
No Sessão da Tarde Chamada Generator (http://nacaohibrida.com/sessao/sessaodatarde.html), o internauta pode selecionar algumas frases clássicas do locutor da Globo, como ‘clima de azaração’ e ‘essa galerinha’ e montar sua própria chamada ‘boa pra cachorro’.
Por exemplo: primeiro se seleciona um comediante engraçadinho, como Chevy Chase, Steve Martin ou Eddie Murphy. Depois, o dia da semana em que o filme fictício será exibido. Aí, adicionam-se frases sem sentido, como ‘muitas enrascadas’, ‘pra ninguém botar defeito’ e ‘zoação’. O único bordão indispensável é ‘uma tremenda confusão’. Feito tudo isso, o site cria um texto igual aos das chamadas globais.
Não é a primeira vez que a Sessão da Tarde vira motivo de piada na web. O vídeo Confusão na Sessão da Tarde (http://tinyurl.com/confusao) é um hit no YouTube há dois anos. Durante quase três minutos, são exibidas nada menos de 36 chamadas de filmes que trazem as palavras ‘confusão’ e ‘confusões’.’
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