Saturday, 02 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1312

ANJ anuncia autorregulação

Finalmente aconteceu: a Associação Nacional de Jornais (ANJ) anuncia oficialmente a disposição de criar um conselho de autorregulação. O anúncio foi feito pela presidente da entidade, Judith Brito, na abertura do 8º Congresso Brasileiro de Jornais, realizado no Rio de Janeiro na quinta e sexta-feiras (19-20/8).


A presidente da ANJ afirmou que o conselho da imprensa não seguirá o modelo do Conar, o órgão que ajeita as coisas entre as agências de publicidade e o consumidor, quando a propaganda resvala para o gosto duvidoso ou cai na mentira deslavada. Será uma entidade parecida com as que existem em outros países, voltada para o acompanhamento das relações dos órgãos de imprensa entre si, com o público, anunciantes e governos.


O 8º Congresso Brasileiro de Jornais, que vai ficar registrado como aquele no qual a imprensa brasileira admitiu que precisa, sim, de alguma forma de controle, ainda que endógena, teve também debates sobre ameaças reais e imaginárias e a já velha polêmica sobre o futuro do jornal de papel diante da emergência das tecnologias digitais.


No painel principal, diretores de jornais, articulistas e um convidado estrangeiro, diretor de órgão de pesquisa da Universidade Harvard, discorreram sobre o futuro da imprensa.


Sugestão de nome


Interessante observar como o Estado de S.Paulo e o Globo publicaram separadamente, na seção destinada à cobertura da campanha eleitoral, a participação dos dois candidatos à Presidência da República mais bem colocados nas pesquisas – Dilma Rousseff e José Serra – no evento da ANJ.


A Folha colocou lado a lado os textos referentes a declarações dos dois candidatos, no pé da mesma página onde é noticiado o encontro dos donos de jornais. O Estadão e o Globo separaram a notícia sobre os presidenciáveis, dando muito mais destaque ao candidato da oposição, sendo que o jornal paulista concedeu ao ex-governador José Serra a manchete principal, na primeira página.


Nada mais revelador do viés de um jornal do que as escolhas de seus destaques no dia a dia. Por essas e outras, vale a sugestão: para ser coerente com o estilo de atuação política da imprensa brasileira, o conselho de autorregulação dos jornais deveria se chamar ‘Comprensa’.