Saturday, 02 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1312

ANJ, o fim da unanimidade

Surpresa sabática: divergências no seio da ultrafechada Associação Nacional de Jornais (ANJ)! Jornalistas divergem, o patronato vacila! A autorregulamentação não é unanimidade!


O noticiário sobre o encerramento do 8º Congresso Brasileiro de Jornais apresentou um desfecho feliz, isto é – não teve desfecho. Uma inefável e indizível sensação de ceticismo e pluralismo marcou a discussão e transformou-se em letra de forma no dia seguinte (sábado, 21/8).


‘Jornais veem entraves para criar conselho de autorregulamentação’, sapecou o Estado de S.Paulo (pág. A-16). ‘Em congresso da associação de jornais, participantes defendem mais discussão sobre proposta de conselho’, explicitou O Globo (pág. 17). A Folha de S.Paulo ficou de rabo preso nos seus múltiplos compromissos: a sua representante, Judith Brito, foi reeleita presidente da ANJ e os entraves mencionados pelo Estadão contestam a proposta da diretoria que encabeça. O que explica a dubiedade do título da Folha: ‘Criação do Conselho de autorregulamentação tem apoio de grupos de midia’ (pág.A-16, grifo nosso). Não todos – uma raridade.


E a composição?


Tudo isso porque os jornalistas Aluizio Maranhão, editor de Opinião do Globo, e Sidnei Basile, vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Abril consideram prematura a aprovação da proposta de autorregulamentação sem a necessária reflexão e estudos.


Maranhão disse que se sentia desconfortável ao criticar a tentativa de criação de um Conselho Federal de Jornalismo e, ao mesmo tempo, defender a proposta da ANJ. ‘É muito mais fácil identificar o desvio de uma publicidade do que o desvio de uma reportagem. Qual o código capaz de abranger o universo de 140 jornais num país tão disparatado como o nosso?’


João Roberto Marinho, vice-presidente das Organizações Globo concordou: ‘Autorregulamentar o jornalismo é mais dificil’. Sidnei Basile foi claro: ‘A autorregulamentação é como carregar uma carga de dinamite. Dá para ser feito, mas com enorme cuidado, o risco é imenso’.


A desinteligência passa também pela questão da composição do Conselho de Autorregulamentação – haverá representantes da sociedade e como escolhê-los?


Acabou a unanimidade, a ANJ desceu do Olimpo e hesita. Louvado seja o Senhor.