Saturday, 02 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1312

Ano novo, jornalismo novo?

Para um domingo, 30 de dezembro, a edição da Folha de S.Paulo está muito boa. Independentemente da qualidade dos artigos, a edição da Folha, assim como do Estado de S.Paulo e da Veja, mostra a inflexão da mídia em relação a Lula e, principalmente, ao estilo tendencioso de fazer jornalismo.


O resultado desse estilo, pela grande mídia em geral, foi a total perda da credibilidade e da eficácia da crítica.


Depois da Folha e, agora, da Veja acenar com a détente vai ser interessante acompanhar o movimento pendular de alguns comentaristas.


Resta saber qual será o passo seguinte: se aprofundar a crítica não-tendenciosa (fundamental para aprimorar um governo cheio de defeitos e fragilidades) e voltar a fazer jornalismo, ou apenas jogo de cena para a próxima guerra santa ou, ainda, se curvar à nova onda da opinião pública e deixar de lado o viés crítico necessário.


Vida nova


Como a autocrítica não é matéria-prima abundante, não se espere uma avaliação isenta (ainda que interna) dos jornais sobre os profundos erros que comprometeram a imagem da mídia junto aos segmentos mais esclarecidos da população.


Não se espere que o Globo avalie como o estilo Ali Kamel jogou fora anos e anos de trabalho de Evandro Carlos de Andrade, para recuperar a credibilidade jornalística das Organizações Globo. Ou a Abril se dê conta de como a indicação de diretores inescrupulosos e jornalisticamente desaparelhados para a Veja, assim como essa decisão inédita – para um órgão de grande imprensa – de contratar êmulos de Giba Um para fazer o trabalho sujo nos blogs, afetou profundamente a imagem da revista. Ou caia a ficha da Folha de como jogou fora todo um ativo de leitores de centro-esquerda, que levou décadas para ser formado.


Vamos ter jornalismo, daqui para frente? Lá sei eu. Em todo caso, ano novo, vida nova. E que se crie um jornalismo à altura dos desafios do Brasil.

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Jornalista