A crise da indústria jornalística parece passar longe da Condé Nast, que investiu pesado para lançar, na semana passada, a revista de economia Portfolio. Em 2005, quando a editora anunciou a decisão de publicá-la, muitos questionaram o investimento milionário. Algumas das maiores revistas do gênero ainda continuam passando por maus momentos: o número de páginas de anúncios publicitários nos três primeiros meses deste ano caiu na BusinessWeek (3%), na Forbes (9%) e na Fortune (13%), comparado ao mesmo período do ano passado, segundo a Publishers Information Bureau.
A tiragem também se manteve baixa ou vem caindo nas três publicações nos últimos anos, de acordo com o Audit Bureau of Circulation. Mas a Portfolio não é a primeira revista a ser lançada em tempos difíceis. A própria Fortune, por exemplo, foi fundada por Henry Luce apenas alguns meses depois do crack da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929.
Aposta nos anunciantes
A revista difere das rivais pelo glamour. O primeiro número da luxuosa Portfolio tem 332 páginas, das quais 185 são anúncios – 53 anunciantes no total; 30 deles raramente compram espaço em qualquer revista da Condé Nast. ‘O trabalho número 1 foi aprofundar a penetração da empresa no meio publicitário’, afirma David Carey, presidente da editora. Em meio à publicidade, os leitores encontrarão executivos expostos como celebridades, além de artigos escritos por uma equipe formada por alguns dos melhores jornalistas de economia do mundo. ‘Economia é poder, garra e paixão. A cobertura sobre economia deve ser assim também’, opina a editora-chefe da nova publicação, Joanne Lipman, em sua primeira Carta do Editor.
S. I. Newhouse, presidente da Condé Nast, conta que Portfolio foi inspirada em uma resposta positiva aos artigos de economia publicados na Vanity Fair e na New Yorker. Ele diz que só tomou a decisão final de lançá-la quando Joanne concordou, em agosto de 2005, em deixar o Wall Street Journal para assumir o projeto. Foram necessários dois anos de preparação para a revista. Neste período, ela já contratou para mais de 75 cargos editoriais; são 40 jornalistas para o seu sítio e 45 exclusivamente para a cobertura econômica.
A Portfolio custará US$ 4,99 nas bancas americanas e a editora está testando o preço das assinaturas de US$ 12 a US$ 22 por 12 edições. O próximo número tem previsão para ser publicado no final de agosto e, a partir de então, ela será mensal. O sítio da revista, por enquanto com conteúdo gratuito, trará todos os artigos da edição impressa e notícias de última hora. Informações de Katharine Q. Seelye [The New York Times, 16/4/07].