Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Apagão aéreo, apagão jornalístico

O apagão aéreo corre o risco de tornar-se um apagão jornalístico. Mesmo com a instalação no Senado da sua CPI destinada a contrabalançar a força do governo na CPI da Câmara, está parecendo que a mídia não está conseguindo destrinchar e desdobrar as evidências que já começam a aparecer.


Há poucos dias, o delegado da Polícia Federal Renato Sayão revelou que há fortes indícios de uma ‘atitude culposa’ em três controladores de vôo na tragédia do vôo 1907. Mesmo que a Aeronáutica tente minimizar a acusação, ficou claro que as falhas dos pilotos do Legacy poderiam ter sido neutralizadas pelas torres de controle em Brasília e Manaus.


Isso derruba a tese que o ministro da Defesa, Waldir Pires, vem defendendo há sete meses ao jogar toda a culpa nos pilotos e isentar os controladores – aliás, funcionários do seu ministério.


A verdade é que a nossa imprensa não está conseguindo costurar estas evidências. A mídia, sobretudo a eletrônica, foi mal habituada pelas CPIs de 2005 e 2006, quando bastava ligar as câmeras e microfones para que fossem revelados fatos de arrepiar os cabelos.


Com os holofotes quase desligados, os jornalistas têm agora uma oportunidade de ouro para mostrar o que pode fazer uma imprensa ágil e cônscia de suas responsabilidades.