Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Artificialidade do Movimento ‘Globo Lixo’, e a Irracionalidade do Brasileiro Médio

Fosse a onda de verborragia contra a Rede Globo uma sobriamente honesta crítica de mídia, não estaria ainda o “Judas em Sábado de Aleluia” da vez do brasileiro, manipulando seu imaginário. Caso Lula/Moro/Lava-Jato é o mais recente e gritante exemplo da hipocrisia que norteia o movimento contra a maior organização midiática do Brasil

Foto: Reprodução/Cercados Globoplay

Dispensa comentários o poder historicamente maléfico da Rede Globo, que nasceu fruto da tramoia entre os porões da ditadura militar sustentada pela histérica e devastadora elite brasileira, com a Time-Life dos Estados Unidos que, em estreita parceria com a C.I.A., financiou secretamente o “doutor” Roberto Marinho.

Aplicar golpes, eleger e derrubar presidentes inclusive derrubar os que ela mesma praticando o anti-jornalismo mais baixo: eis um resumo fiel da história da Rede Globo. E este autor tem se caracterizado, desde tempos de estudante de Jornalismo à publicação de artigos, reportagens e um livrinho, por criticar e denunciar as Organizações Globo.

Posto isso, vamos direto ao assunto, aos pontos que evidenciam a artificialidade total do movimento “Globo Lixo”, mais uma onda criada por algum componente do obscurantismo brasileiro que deve ser desvendado. O mesmo obscurantismo que alegam combater, perigosa onda.

A Globo não tem nada de diferente de tudo o que o Estado brasileiro concede ao setor comunicacional, em geral. O que ela tem, é mais poder que as concorrentes.

A Globo tem produzido, ao longo de sua história, grandes reportagens e outras apresentações de grandíssimo nível tais como excelentes novelas, inclusive do ponto de vista educativo com destaque a Roque Santeiro, que ousou escancarar a realidade do poder político de mãos dadas com o “religioso”, usando e abusando da boa fé das multidões mais ignorantes. Na área do jornalismo, basta lembrarmo-nos de Tim Lopes, com a devida reverência.

Colocar a Globo como o Grande Satã brasileiro ao invés de se exercer críticas sobriamente justas à mídia brasileira como um todo, significa nada mais que abrir vácuo para que outra organização semelhante — muito provavelmente, ainda mais nociva — ocupe seu lugar, tão somente obtenha poder para isso.

O que está, de fato, ocorrendo a passos largos sem que a maioria da sociedade brasileira se dê conta disto: uma rede que nasceu do dinheiro oriundo não de alguma organização midiática estrangeira, mas de um bando criminoso.

Massacrar apenas a Rede Globo significa, automaticamente no subconsciente coletivo, desqualificar os profissionais que ali trabalham ou já trabalharam, muitos honestos e de excelente nível, profissional e pessoal.

E a Globo tem muito a ser elogiada, como colocado anteriormente. Já contribuiu bastante com o Brasil e uma critica honesta deve, igualmente, enfatizar esta realidade. Inclusive, insista-se, para não se abrir porteira aos oportunistas da mídia, e seus políticos de estimação. Para que não seja um movimento manipulador das massas, cegando-as da realidade.

Em seus fatores positivos, quiçá inigualável diante das concorrentes. Vale destacar: seus profissionais em geral sempre elogiaram profunda e publicamente a retidão para com eles, por parte do chefe Roberto Marinho, bem distante de escândalos como o caso dos pastores explorados e manipulados de Angola, por exemplo, tratados a milho e água pelo empresário “bispo” Edir Macedo — capaz de financiar até a própria sombra para extorquir a própria mãe, por poder e dinheiro.

Norteado pela hipocrisia e histeria ao invés da racionalidade, o que esse movimento “Globo Lixo” faz é estender o tapete vermelho para que a Rede Record assuma o posto de maior manipuladora do poder nacional, movendo como deseja e para onde bem queira seus milhões de fantoches, cegados enquanto se consideram supra-sumos críticos de mídia, e paladinos da verdade e da justiça, “inconformados” com manipulação midiática. “Ninguém está mais escravizado, que aquele que acredita falsamente ser livre”. dizia Goethe.

Se o movimento em questão não fosse artificial, não estaria ainda a mesma Rede Globo manipulando amplamente o imaginário coletivo permeando todas as classes brasileiras, ironicamente os mesmos enraivecidos “inconformados”. O caso Lula-Moro é o mais recente e gritante exemplo da irracionalidade do conteúdo das críticas do brasileiro médio à Globo. Grande parte da sociedade se pauta pelo que diz a Globo, e por todas as outras emissoras manipuladoras do destino do Brasil.

Movimento tão desonesto, que não deve tardar para que o próprio Lula volte com o pires na mão diante da Globo uma vez candidato a presidente, ou já presidente da República (este comunicador aposta que, como candidato, Lula uma vez mais se antecipará, abanando o rabo à Globo o que, aliás, já tem sido esboçado).

Deve ser implantado no Brasil o que existe em países sul-americanos como Uruguai, Argentina e Chile, além de Estados Unidos e Europa: leis de imprensa para que haja uma mídia responsável — regulação que também impedirá que empresários da fé monopolizem a mídia —, ao invés de a sociedade ingenuamente achar que pode contar com a boa vontade de proprietários dos meios de comunicação para que ajam com a ética esperada por amor à TV e ao País. Isto sim, deveria estar sendo amplamente debatido entre a sociedade brasileira.

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Edu Montesanti é jornalista, professor e escritor. Articulista de Pravda Brasil e Pravda Report (desde 2016), repórter da Revista Caros Amigos (2016 e 2017), articulista de telesur English (2016 a 2018), articulista de Global Research (Canada, 2016 a 2019), articulista de Diário Liberdade (Espanha, 2014 a 2016).