Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

As artes do jornalismo investigativo

Principal ferramenta do jornalista, a investigação é a base de reportagens que mudaram o rumo da História. Revelações de fraudes, má gestão de recursos públicos e outros crimes abalaram governos e instituições. O instinto aguçado para farejar pistas em meio a um emaranhado de informações é fundamental, mas paciência e uma boa dose de coragem também são essenciais em apurações que podem durar anos. O Observatório da Imprensa exibido ao vivo pela TV Brasil na terça-feira (29/10) discutiu o jornalismo investigativo hoje e os desafio que as novas mídias impõem às investigações mais aprofundadas (ver íntegra aqui).

Alberto Dines recebeu no estúdio do Rio de Janeiro os jornalistas Chico Otávio, repórter especial de O Globo, Elvira Lobato, que trabalhou na Folha de S.Paulo, e Claudia Antunes, editora da revista piauí. Chico Otávio é professor da PUC-Rio, recebeu cinco vezes o Prêmio Esso. É autor de reportagens de destaque como o escândalo da LBV, a máfia do INSS, o caso Riocentro e fraudes nas importações. Claudia Antunes foi editora da seção Mundo da Folha, editora de Internacional, de Cidade e de política no Jornal do Brasil e chefe de reportagem da sucursal da Folha no Rio. Elvira Lobato atuou como repórter por quatro décadas. Foi especialista em telecomunicações e radiodifusão da Folha de 1993 a 2011, quando se aposentou. Formada em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Elvira recebeu, entre outros prêmios, o Esso de Jornalismo, em 2008, e o Embratel, em 2004.

Antes do debate no estúdio, em editorial, Dines pontuou que as agressões a jornalistas são proporcionais ao incômodo que o seu trabalho causa: “Liberdade de expressão é a primeira vítima dos tiranos e tiranetes e, à medida que jornalistas se tornam mais atuantes, mais competentes e competitivos – e, portanto, mais investigativos –, maior é a violência contra eles”. Dines afirmou que reportagem e investigação são sinônimos e destacou a necessidade de investimentos nos meios de comunicação: “Ficou evidente que a crise de identidade que assola a mídia dita ‘tradicional’ só poderá ser superada quando mais recursos e mais empenho forem transferidos para investigações extensivas, de longo prazo. O dia a dia é atendido pelas diversas modalidades que circulam na internet, mas o cidadão do mundo já não se contenta com fragmentos, quer informações consolidadas, inteiriças e principalmente novas”.

Denúncia vs. poder

O programa entrevistou uma série de participantes da Conferência Global de Jornalismo Investigativo, realizada pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) de 12 e 15/10, no Rio. O premiado jornalista escocês Andrew Jennings acredita que é possível realizar grandes reportagens mesmo fora da mídia convencional. “Os jornais estão sem dinheiro, mas ninguém disse para parar de investigar, porque o verdadeiro jornalismo investigativo está no coração e achamos um jeito. Se você tiver que viver com seus pais por mais alguns anos e escrever seu blog e fazer suas investigações em mesas de restaurantes, esse é o novo mundo chegando. Acho que se você é um jornalista determinado e sabe que tem uma história cheirando mal, e sabe que deve investigar, [então] você acha um jeito”, disse Jennings.

Um dos principais combustíveis do jornalismo investigativo é adrenalina. Andrew Lehren, repórter do New York Times que cobriu o caso Wilileaks, investigou telegramas diplomáticos e processos de detentos de Guantánamo, ponderou que o risco faz parte da atividade: “Sempre existem pressões que os jornalistas enfrentam. Nós enfrentamos pressões de ações judiciais, de pessoas que podem querer nos agredir se nós escrevermos certos tipos de histórias, enfrentamos todo tipo de pressão. Alguns jornalistas veem essa pressão e dizem que não querem fazer esse tipo de jornalismo, preferem cobrir uma partida de futebol ou um concerto de música. É necessário todo tipo de jornalismo para fazer um jornal, uma rádio ou um canal de televisão”. Para ele, as pessoas que atuam como jornalistas investigativos tendem a ser destemidas.

Com a experiência de investigar casos de corrupção e de violações de direitos humanos no Paraguai, a jornalista Mabel Rehnfeldt, do diário ABC Color, chamou a atenção para a acomodação dos jornalistas diante das pressões. “Em sociedades como a paraguaia, o jornalismo também pode estar refém sem a necessidade de que alguém morra. E como se mata? Subornando, dando dinheiro aos jornalistas para que calem ou para que falem. E isso é tão lamentável como sofrer ameaças e outros tipos de riscos. Cada vez que um jornalista entrega a sua voz ou seu silêncio ao dinheiro, ao poder, ou à política, estamos matando o jornalismo e matando a oportunidade de um país melhor, com mais saúde, mais educação”, afirmou a jornalista.

O jornalista bósnio Drew Sullivan, que coordena um consórcio de centros de investigação que conta com 80 profissionais de vários países, ressalta a importância de critérios de segurança para cobrir o submundo. “Jornalismo investigativo sobre crime organizado no Leste Europeu é muito perigoso. É extremamente perigoso reportar sobre essas pessoas porque não há muita informação. Quando essas pessoas descobrem que você está escrevendo sobre elas, é muito perigoso – elas já mataram várias vezes antes. Então, é um jornalismo muito cuidadoso e cauteloso, que se baseia em ser muito bom, em ser capaz de documentar a informação cuidadosamente, porque se você não reportar a história corretamente isso pode te colocar em perigo”, disse Sullivan.

O preço da notícia

A crise financeira que abalou o mundo a partir de 2009 acertou em cheio as empresas de comunicação. Já combalida pela concorrência com as novas mídias, a imprensa tradicional precisou reestruturar seu modelo de negócio. Para se reinventar, jornais cortaram custos. E a primeira vítima, muitas vezes, foi a investigação mais aprofundada. Para Tom Gilles, editor do programa Panorama, da BBC, as reportagens investigativas são insubstituíveis. “Tem sido difícil financiar jornalismo investigativo, mas, ao mesmo tempo, devido à necessidade, ainda acho que o jornalismo investigativo tem um bom futuro. Custa muito dinheiro realizar jornalismo sério na televisão. Ao mesmo tempo, estranhamente, tem mais demanda e interesse do que já tinha. De certa forma, por causa da crise financeira, do senso de injustiça, de uma crescente necessidade das pessoas, talvez um ceticismo sobre os governos e corporações”, disse Gilles. Especialmente na televisão, na sua opinião, a investigação é essencial.

Mesmo diante da crise, o diário britânico The Guardian investe pesado na apuração de grandes reportagens. David Leigh, editor de investigações do jornal, ressalta que a profundidade das reportagens é um diferencial. “Todos os jornais da Europa e da América estão enfrentando grandes crises financeiras e obviamente o jornalismo investigativo está em perigo porque é caro, é perigoso, utiliza muitas pessoas e muito tempo para ser feito. Porém, o interessante é que o The Guardian, embora esteja enfrentando uma crise financeira, assim como todos os outros, decidiu, deliberadamente, fazer do jornalismo investigativo uma característica e injetou recursos nele”. Leigh ressaltou que o jornal está usando justamente a investigação para se diferenciar do conteúdo encontrado na internet, principalmente em blogs.

Andrés D’Alessandro, editor do Fórum de Jornalismo da Argentina, destaca o alto custo das reportagens com apurações longas. “O jornalismo investigativo é o jornalismo mais caro de realizar em todos os formatos. Mais caro do que o jornalismo gráfico, do que jornalismo de documentários para o cinema. A crise financeira que o mundo atravessa – em particular, a crise que atravessam os meios de comunicação tradicionais em todo o mundo – gera algum problema para o desenvolvimento do jornalismo investigativo.” Para D’Alessandro, é fundamental que se trabalhe em plataformas de colaboração jornalística. Com o avanço tecnológico, ele acredita que seja cada vez mais fácil compartilhar conteúdos apurados em diversas partes do mundo para produzir reportagens.

Financiamento como arma

Historiador e comentarista do canal ESPN, Lúcio de Castro tem uma série de reportagens investigativas premiadas em seu currículo. Para ele, o financiamento ainda é um problema. “Ainda falta a gente caminhar muito. As novas mídias sem dúvida são um caminho maravilhoso para o jornalismo investigativo, mas falta ainda saber como vai financiar isso tudo. Se a forma de financiamento vier do Estado, você também não tem independência. Então, esse caminho a gente vai ter que encontrar ainda, mas vamos caminhar para que depender cada vez menos das grandes empresas.”

Andrew Lehren destacou que investigações longas exigem investimento das empresas: “Bom jornalismo demanda tempo e dinheiro. Eu trabalho para o New York Times e eles têm um comprometimento real em acreditar que o jornalismo investigativo é importante, que é uma marca do jornal. Existem outras organizações de mídia que acreditam nisso também. Nesses dias, são as [entidades] sem fins lucrativos como a ProPublica”. Drew Sullivan contou que doadores internacionais injetam dinheiro no consórcio de jornalistas de que faz parte. “Isso é algo comum em jornalismo investigativo nos dias atuais. Sem fins lucrativos é uma boa maneira para conseguir dinheiro para esses tipos de temas que não são de grande interesse para um grande número de pessoas”, sugeriu o jornalista. Mas, por outro lado, Sullivan ressaltou que há um problema constante, que é “achar” o dinheiro.

Repórter da revista semanal alemã Stern, Nina Plonka é otimista quanto ao jornalismo investigativo produzido em seu país. “É verdade que nós temos menos dinheiro para gastar, mas no geral você não pode comparar com outras mídias. Nós podemos fazer as reportagens que nós queremos, temos todo o tempo de que precisamos. Na Alemanha, muitas mídias investem no jornalismo investigativo. Gastam dinheiro na investigação porque elas querem a verdadeira e exclusiva história que ninguém tem.”

Mabel Rehnfeldt disse que durante os momentos de crise, o primeiro passo das empresas é, geralmente, diminuir os investimentos na apuração: “É, ironicamente, o tipo de jornalismo que o nosso país mais necessita para encontrar tudo aquilo que está oculto, que rouba dinheiro da saúde, da educação, das crianças. São os primeiros recursos que são cortados e são os de que mais se necessita”.

Tecnologia como aliada

Pinçar informações valiosas exige faro apurado e persistência. Recentemente, nomes como Bradley Manning, do caso Wikileaks, e Edward Snowden, que prestava serviço para Agência de Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA), ganharam destaque ao vazar informações sigilosas que foram o pontapé para o trabalha de jornalistas investigativos. Nos anos 1970, 14 mil páginas ultrassecretas do governo norte-americano sobre a guerra do Vietnam, os Papéis do Pentágono, foram entregues clandestinamente ao New York Times. Para Andrew Lehern, o material era semelhante ao vazado por Manning, no caso Wikileaks.

“Os Papéis do Pentágono tinham muito menos páginas, menos palavras, mas eram informações e segredos similares sobre o que o governo sabe e está fazendo. A mudança foi que os Papéis do Pentágono eram em papel e Wikileaks numa base de dados, em arquivos eletrônicos. Dados são apenas mais uma fonte de informação. Nós, jornalistas, falamos com as pessoas, nós olhamos documentos, lemos relatórios, olhamos mapas e fotos que podem nos fornecer informação. Nós estamos acostumados a olhar todo tipo de informação e os dados são apenas mais uma forma de informação. O nosso trabalho, como jornalistas, é coletar a informação e tentar achar as histórias importantes para as pessoas”, disse o jornalista.

Dines abriu o debate no estúdio questionando se todo jornalismo é investigativo. Elvira Lobato comentou que o termo sempre gera polêmica, principalmente nas universidades. A jornalista disse que, de acordo com os dicionários, investigação e apuração têm o mesmo significado. Mas, em sua opinião, a investigação pode trazer à tona fatos que incomodam, que são de interesse público e estavam ocultos. Para isso, é preciso que o profissional tenha características específicas: “Não se aprende na universidade a fazer jornalismo investigativo. Eu acho até que o repórter precisa ter um dom, um inconformismo, uma curiosidade que não estará nos demais. Ele vai desconfiar que alguma coisa que parece normal não é normal”, definiu Elvira. Geralmente, segundo ela, são pessoas arredias, solitárias e obcecadas pelos os temas em que trabalham. Tudo começa com o olhar do repórter, que identifica quando há algo que precisa ser apurado.

Transparência no setor privado

Na avaliação de Elvira Lobato, jornalismo investigativo é caro porque a mão de obra fica retida em um assunto por um longo tempo e requer uma grande qualificação do profissional. É preciso que o jornalista conheça profundamente um assunto para avaliar o que pode estar escondido por trás das informações, sobretudo em emaranhados burocráticos. “O mais difícil de ser feito é investigar empresas privadas. Há muita investigação na área de política, porque você vai ter as diferentes correntes políticas ajudando, adversários expondo o outro, informações que de alguma maneira você consegue ter acesso; mas no mundo privado, não”, disse Lobato. Concessionárias de serviços públicos estão entre as que impõem mais barreiras para os jornalistas.

Dines chamou a atenção para o fato de que os veículos de comunicação são empresas e que pode haver o temor de enfrentar ações e processos decorrentes de denúncias. Elvira Lobato disse que o escudo de proteção do jornalista são a verdade e a reportagem bem apurada. O conteúdo não pode deixar margem para dupla interpretação e deve estar calcado em provas. “Eu nunca tive nenhum problema de o jornal falar ‘esse assunto não pode ser apurado’”, contou repórter. Para os pequenos jornais, as ações judiciais podem ser fatais para a saúde financeira e intimidar os profissionais.

Chico Otávio confessou que é um obcecado pelas pautas que está apurando. “Todos os dias a revolução tecnológica agrega uma plataforma nova de investigação às redações, os repórteres estão se tornando super-repórteres, com ‘n’ funções e atribuições nessa era do tempo real e da velocidade. Por isso mesmo, eu acho que quando você consegue convencer o seu editor de sair da rotina e se dedicar a algo especial, específico, que demanda mais tempo, mais investimento, mais espaço, mais checagem, mais tudo, eu acho que isso é um momento muito especial”, disse o repórter de O Globo.

Após a publicação das denúncias, muitas vezes os fatos deixam as manchetes dos jornais. Chico Otávio afirmou que o tempo da imprensa é diferente do tempo do policial e do juiz: “Nós publicamos a denúncia e tentamos desdobrá-la até um certo limite. Mas chega um ponto em que você tem que esperar o desdobramento natural nas instituições, porque senão vira campanha – e não pode ser campanha. A gente tem que esperar a coisa acontecer para voltar a abordar aquele assunto”, explicou Chico Otávio.

Claudia Antunes assegurou que todo jornalismo é investigativo e, por isso, é diferente de uma simples “venda” de informação. “A gente vê muita gente transmitindo na internet, no Facebook, informações mentirosas, sem checar, vídeos manipulados. Isso aconteceu muito desde junho no Brasil”, disse a jornalista. Os jornais têm destacado um grande número de profissionais para abastecer as notícias na internet, onde a concorrência é acirrada, e há dificuldade em manter os jornalistas em pautas mais profundas. Para ela, a sensibilidade do repórter na cobertura do fato é importante para a qualidade do jornal.

 

Reportagem e investigação

Alberto Dines # editorial do Observatório da Imprensa na TV nº 707, exibido em 29/10/2013

Quando o jornalismo vira notícia, o jornalismo ou a notícia estão com problemas. Na capa do Globo de hoje [terça, 29/10], três matérias tratam da imprensa, e as três são extremamente preocupantes.

A primeira: de 11 de junho, quando começaram as manifestações populares até ontem, cento e dois jornalistas foram agredidos em todo o país. Setenta e sete foram vítimas da polícia e vinte e cinco, atacados pelos manifestantes. Nem nos tempos da ditadura militar a violência contra os profissionais da imprensa foi tão ostensiva.

Na Inglaterra, o primeiro ministro David Cameron ameaçou censurar o The Guardian, um dos mais importantes do mundo, caso o jornal prossiga nas denúncias sobre a espionagem americana.

E, aqui no Brasil, a novela das biografias proibidas tem um novo lance com a divulgação dos depoimentos do coletivo “Procure Saber”, em apoio às posições repressivas de Roberto Carlos.

A liberdade de expressão é a primeira vítima dos tiranos e tiranetes e, à medida que jornalistas se tornam mais atuantes, mais competentes e competitivos – e, portanto, mais investigativos –, maior é a violência contra eles. A biografia entra nesta história de forma paralela porque seus mais bem sucedidos cultores costumam ser jornalistas e porque o próprio gênero é uma extensão do jornalismo.

Há duas semanas realizaram-se no Rio dois eventos internacionais relacionados com o jornalismo investigativo, com a presença dos azes da Europa, Estados Unidos e América Latina, ambos organizados pela Abraji.

Este Observatório esteve lá e constatou que reportagem e investigação são sinônimos. Ficou evidente também que a crise de identidade que assola a mídia dita “tradicional” só poderá ser superada quando mais recursos e mais empenho forem transferidos para investigações extensivas, de longo prazo. O dia a dia é atendido pelas diversas modalidades que circulam na internet, mas o cidadão do mundo já não se contenta com fragmentos – quer informações consolidadas, inteiriças e principalmente novas.

Aperte o cinto, você vai entrar no trepidante mundo do jornalismo investigativo.

 

A mídia na semana

>> A combativa Associação Brasileira de Imprensa – a ABI – tem sido presidida por diretores de jornais, colunistas famosos e acadêmicos. Maurício Azêdo foi o primeiro profissional efetivamente oriundo das redações a ocupar a presidência da secular instituição. Lutou valentemente contra a ditadura militar, foi preso, torturado e mesmo com a redemocratização não abandonou a trincheira da luta pela liberdade de expressão. Foi um dos mais veementes denunciadores da censura togada que hoje substitui a censura fardada e igualmente perniciosa. Nesta condição, Maurício Azêdo foi um dos mais assíduos participantes deste Observatório da Imprensa. Ele simboliza o jornalismo combativo, incansável, intransigente, solitário. Neste caso, solidão e decepções foram pesadas demais.

>> Não apenas a presidente Dilma Rousseff, também a veterana primeira ministra alemã Angela Merkel indignou-se quando soube que o seu telefone particular foi monitorado pela superagência de espionagem americana, NSA. E não apenas elas, o jornal The Guardian revelou que 35 chefes de Estado ou de governo, homens ou mulheres, com um total de 200 aparelhos, foram devassados em regime de tempo integral. Chama a atenção o comportamento algo complacente da mídia internacional, inclusive a brasileira, que só se movimenta quando se revela a violação da soberania do seu país. Com isso cria-se uma espécie de clube dos espionados do qual só fazem parte aquelas nações que possam interessar ao governo americano. A mídia deveria engajar-se na luta contra este monitoramento; se não o fizer, rapidamente será a próxima vítima.

>> Repórter investigativo, fotógrafo, primoroso redator, editor dos mais importantes veículos, um dos primeiros a perceber o potencial e as oportunidades oferecidas pela internet, Marcos Sá Corrêa teve a brilhante carreira interrompida há poucos anos por um acidente doméstico do qual não se recuperou. Agora, um grupo de devotados amigos produziu um filme em sua homenagem, tocante biografia coletiva que ele talvez não tenha condições de apreciar, mas retrata fielmente um dos maiores talentos da nossa imprensa.