Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Bartira Betini

‘‘Era preciso a gente concretizar a liberação de canais de televisão para a comunidade, para os sindicatos, porque nos vamos democratizar os meios de comunicação’.

Com estréia marcada para este sábado (07/02), o programa TV CUT, transmitido pela Rede TV, às 14h15, semanalmente, apresentará em sua primeira edição uma entrevista exclusiva com o presidente Lula.

Lula fala à reportagem sobre desemprego, trabalho escravo e da importância da estréia do programa ‘TV CUT – Um novo olhar sobre o Brasil’.

Questionado pela reportagem se o programa não representa a realização de um sonho, Lula afirmou: ‘Olha, é um sonho antigo que se realiza pela metade. Porque na verdade, a CUT há muito tempo, desde o tempo do Menegueli, depois do tempo do Vicentinho, a CUT vinha reivindicando que a gente tivesse uma estação de rádio, ou um canal de televisão. Isso então é um pedido antigo. O ministro Miro Teixeira, quando estava no exercício do cargo, eu falei com ele que era preciso a gente concretizar a liberação de canais de televisão para a comunidade, para os sindicatos, porque nos vamos democratizar os meios de comunicação’.

O programa TV CUT terá 30 minutos e será transmitido em rede nacional, no formato de reportagens e entrevistas de estúdio. Ele está sendo viabilizado através de parceria com a agência de publicidade Fischer América.

A equipe de produção é composta por 32 pessoas, das quais 10 jornalistas, sob o comando de Luiz Guerreiro. Os apresentadores do TV CUT são Renata Figueira de Mello e Ricardo Soares.

‘A idéia de buscar uma comunicação mais ampla com os trabalhadores, finalmente saiu do papel’, diz o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Luiz Marinho, que dará a primeira entrevista de estúdio do programa.’

 

Ricardo Westin

‘Lula diz em programa da CUT que quer dar canais de TV a sindicatos’, copyright Folha de S. Paulo, 7/02/04

‘O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ao ex-ministro Miro Teixeira, na época em que ele comandava as Comunicações, que concretizasse a liberação de canais de televisão para sindicatos, com a justificativa de ‘democratizar os meios de comunicação’.

A revelação foi feita pelo próprio Lula numa entrevista prevista para ir ao ar hoje, às 14h15, na estréia do programa da CUT (Central Única dos Trabalhadores), o ‘TV CUT’, pela RedeTV!.

‘Eu falei com ele [Miro] que era preciso a gente concretizar a liberação de canais de televisão para a comunidade, para os sindicatos, porque nós vamos democratizar os meios de comunicação’, disse.

No lançamento do ‘TV CUT’, o presidente da CUT, Luiz Marinho, afirmou que o programa seria um laboratório para que a central um dia tenha sua própria emissora de televisão.

A CUT, que representa 22 milhões de trabalhadores, é uma base eleitoral histórica do PT. Luiz Marinho, vice na chapa encabeçada por José Genoino (hoje presidente do PT) na última eleição para o governo de São Paulo, foi um importante aliado para que Lula chegasse à Presidência.

Na entrevista, o presidente Lula falou ‘a gente’, como se ele próprio fizesse parte da CUT: ‘O programa é um sonho antigo que se realiza pela metade. Havia muito tempo que a CUT vinha reivindicando que a gente tivesse uma estação de rádio ou um canal de televisão. É um pedido antigo’.

Apesar da intercessão do presidente, os sindicalistas ainda não alcançaram o objetivo. O pedido foi feito ao Ministério das Comunicações em 1991, em nome da Fundação Sociedade, Comunicação, Cultura e Trabalho, ligada a sindicalistas da Grande São Paulo.

Somente pessoas jurídicas de direito público interno (União, Estados, municípios, autarquias e demais entidades públicas), entidades criadas por elas e fundações podem pedir a concessão de canais educativos de televisão.

Por causa da recente substituição de Miro por Eunício Oliveira nas Comunicações, a CUT afirmou que renovará o seu pedido de concessão.

A Folha não conseguiu falar com o deputado federal Miro Teixeira (sem partido-RJ). O Palácio do Planalto e o Ministério das Comunicações não comentaram.

Gasto mensal com programa é de R$ 300 mil

A CUT (Central Única dos Trabalhadores) estréia hoje seu programa semanal, às 14h15, na Rede TV!, sem patrocinador. O custo do ‘TV CUT’ é estimado em R$ 300 mil por mês.

A realização do programa só foi possível porque a central conseguiu firmar uma parceria com a agência de propaganda Fischer América, uma das maiores do Brasil. É ela a responsável, entre outras coisas, por atrair anunciantes.

Segundo a CUT, o programa pode manter-se no ar por até três meses com recursos da própria central, que, para isso, teve que fazer um remanejamento de gastos em seu orçamento anual, de R$ 40 milhões.

Com duração de 30 minutos, o ‘TV CUT’ é uma espécie de ‘talk show’ que mistura jornalismo e entretenimento.

O primeiro convidado é Luiz Marinho, o atual presidente da central sindical.’

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‘Em ano de eleição, CUT lança ‘talk show’ em rede nacional’, copyright Folha de S. Paulo, 3/02/04

‘A CUT (Central Única dos Trabalhadores) promoverá um coquetel no Congresso Nacional hoje à noite para chamar a atenção para o lançamento de seu programa de televisão em rede nacional.

A central sindical, a maior do país, estréia o ‘TV CUT’ neste sábado, às 14h15, na RedeTV!. O programa será uma espécie de ‘talk show’ semanal e terá meia hora de duração. Os gastos são estimados em R$ 300 mil por mês.

A ofensiva da central na área de comunicação acontece justamente num ano eleitoral. O presidente da entidade, Luiz Marinho, no entanto, afirma que é coincidência.

‘Nem pensamos na eleição. Não há a mínima chance de o programa ser transformado em palanque eleitoral.’

Em 2002, o petista Luiz Marinho foi candidato a vice-governador de São Paulo na chapa encabeçada por José Genoino, o atual presidente do PT. Derrotado na eleição estadual, Marinho afirma que não concorrerá na campanha municipal deste ano.

No entanto, ele, que foi um dos principais aliados na campanha que elegeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, agora será uma peça importante na tentativa de reeleição da prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT) -a CUT tem uma base de 22 milhões de trabalhadores.

No mundo dos sindicatos, Luiz Marinho tem como maior adversário o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, que já anunciou que também estará na disputa pela Prefeitura de São Paulo. Paulinho é o vice-presidente do PDT paulista.

‘Nem temos como tratar de eleição no programa. Meia hora é muito pouco tempo’, diz ele, que será o primeiro entrevistado do ‘TV CUT’.

A entidade diz que o programa -uma mistura de entretenimento e jornalismo- poderá ser usado até na mobilização de greves.

A equipe é composta por 32 profissionais. As gravações serão feitas em São Paulo.

O tema de estréia será o aumento do desemprego no ano passado. Segundo Marinho, isso mostra que o ‘TV CUT’ não será usado para privilegiar o PT:

‘Acho graça da expressão ‘fogo amigo’. Não temos vergonha de dizer que ajudamos a eleger Lula, mas não é por causa disso que vamos só dizer amém’.

O ‘TV CUT’ está sendo produzido em parceria com a Fischer América, uma das maiores agências de propaganda do país. Ela ficou responsável, entre outras coisas, por encontrar anunciantes para o programa. Até o momento, não há nenhum.

Segundo Marinho, a CUT fez um ‘contingenciamento’ nos R$ 40 milhões de seu orçamento anual para ter condições de bancar até os três primeiros meses sem patrocínio -o contrato com a RedeTV! é de um ano.

‘A idéia é não solicitar rateios adicionais aos sindicatos. Mas, se precisar, vamos ter que discutir com eles. Nossa capacidade é limitada’, afirma o sindicalista.

O programa é mais uma ação da CUT com o objetivo de se popularizar. Para o próximo 1º de Maio, por exemplo, contratou um profissional de marketing para fazer uma megafesta em São Paulo. Em março, lançará uma nova página na internet, ao custo de R$ 25 mil. E ainda tem planos para um programa de rádio e uma revista.

O ‘TV CUT’, no entanto, é visto como o primeiro passo para um objetivo mais ambicioso ainda. ‘Será um laboratório interessante para discutirmos a possibilidade de termos nosso próprio canal de TV’, diz Marinho.’

 

Folha de S. Paulo

‘CUT estréia programa na televisão fazendo críticas ao governo Lula’, copyright Folha de S. Paulo, 8/02/04

‘Um dos principais aliados na eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Luiz Marinho, usou a estréia do programa de TV da central sindical para criticar o governo federal.

‘Temos uma visão crítica em relação a alguns aspectos, particularmente à renovação do acordo com o FMI [Fundo Monetário Internacional] e à manutenção do superávit primário de 4,25% [do Produto Interno Bruto]’, disse Marinho, ontem, no ‘TV CUT’, transmitido pela RedeTV!.

Ele afirmou ainda que ‘vão faltar recursos para investimentos em novos projetos, em geração de empregos e em crescimento’.

A CUT é uma aliada histórica do PT e tem uma base de 22 milhões de trabalhadores.

O programa também apresentou uma entrevista com o presidente da República. Segundo Lula, a geração de empregos é uma obsessão: ‘É uma obsessão de um homem que ficou um ano e três meses desempregado. Eu sei o que o trabalhador sofre’.’

 

O Estado de S. Paulo

‘CUT vai gastar R$ 300 mil em programa de TV’, copyright O Estado de S. Paulo, 3/02/04

‘A Central Única dos Trabalhadores (CUT) vai gastar R$ 300 mil por mês para ter seu próprio programa de televisão, em rede nacional. O programa, que irá ao ar às 14h15 todos os sábados, a partir do próximo, será transmitido pela RedeTV! e terá meia hora de duração. A CUT vai lançá-lo hoje, em sessão no Congresso, com a presença anunciada dos ministros José Dirceu (Casa Civil), Aldo Rebelo (Articulação Política), Ricardo Berzoini (Trabalho) e Luiz Gushiken (Secretaria de Comunicação da Presidência).

O presidente da CUT, Luiz Marinho, disse ontem que o programa terá como foco ‘defender os interesses dos trabalhadores’ e, nesse sentido, pode servir como instrumento de cobrança e pressão sobre o governo. Seu lançamento ocorre justamente às vésperas de o governo enviar a proposta de reforma sindical ao Congresso.

‘Não pretendemos transformar o programa em panfleto reivindicativo e sindical, mas teremos conteúdo político e reflexivo, no qual debateremos a conjuntura’, explicou Marinho durante a apresentação da TV CUT em São Paulo.

‘Será mais um instrumento de comunicação da CUT, inclusive para denúncias, até contra o governo.’

Eleição – Por outro lado, Marinho negou que exista a idéia de aproveitar que o ano é de eleições para expor seus quadros, alguns possíveis candidatos. ‘Isso nunca passou pela nossa cabeça, nem analisamos se este é um ano eleitoral. Queremos fazer um programa de vida longa, com duração, que não fique apenas neste ano’, garantiu.

Ele explicou que a TV CUT vai abordar as ações da central e dos sindicatos filiados. O programa será produzido em parceria com a agência de publicidade Fischer América, escolhida pela central pela ‘condução do diálogo e por ser uma empresa de capital 100% nacional’.

Anunciantes – Pelo acerto feito com a RedeTV! e a Fischer, a CUT dará garantia de financiamento do programa por três meses, ou seja, R$ 900 mil. Mas a meta é mesmo financiar o programa com a venda de espaço publicitário. ‘Temos promessas de aquisição de cotas. Talvez algumas possam ser fechadas até a estréia do programa’, afirmou o presidente da Fischer América, Eduardo Fischer.

Marinho ressaltou que não haverá restrição de anunciantes, mesmo que os interessados sejam bancos ou montadoras de automóveis, históricos rivais nas negociações salariais entre empregadores e empregados. ‘Teremos autonomia, independentemente do anunciante’, assegurou.

‘O Brasil caminha para relações modernas entre capital e trabalho. A CUT conta com mais de 3.500 sindicatos e mais de 20 milhões de trabalhadores somam-se em nossa base’, afirmou o sindicalista. ‘Penso que um anunciante minimamente inteligente gostará de anunciar no nosso programa’, argumentou.’