Em um ato raro de arrependimento jornalístico, a rede britânica BBC se desculpou por equiparar o ex-primeiro-ministro libanês Rafiq Hariri e o comandante militar do grupo terrorista Hezbollah Imad Mughniyeh como ‘grandes líderes nacionais’.
A associação entre os dois homens foi feita pelo correspondente Humphrey Hawkesley na semana passada, e foi criticada em uma carta assinada pelo fotógrafo americano Don Mell, que trabalhava para a Associated Press no Líbano. Mell testemunhou em Beirute, em 1985, o seqüestro, por homens de Mughniyeh, de seu colega Terry Anderson, na época correspondente-chefe da AP no Oriente Médio.
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Ao reportar que um comício em homenagem a Hariri (assassinado há três anos em um atentado à bomba) havia ocorrido logo antes do funeral de Mughniyeh (morto, também em um atentado, na terça-feira, 12/2), Hawkesley afirmou se tratar de ‘um grande dia para o Líbano’. ‘O Exército está alerta enquanto o Líbano lembra duas vítimas de guerra com diferentes pontos de vista, mas ambas consideradas grandes líderes nacionais’.
Em sua carta à rede, Mell classificou o comentário de ‘ultrajante’ e ‘inacreditável’. A BBC divulgou na sexta-feira (15/2) uma declaração pedindo desculpas a quem tenha se ofendido com o comentário. ‘Ainda que não haja dúvidas de que os partidários do Hezbollah se refiram a Mughniyeh desta forma [como um grande líder], nós concordamos que a frase [de Hawkesley] foi vaga. A descrição de Imad Mughniyeh deveria ter sido claramente atribuída a aqueles que o apoiavam’, afirmou a rede.