Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Bernardo Ajzenberg

’08/03/2004

Mais um fim de semana negativo para o governo federal na mídia. Depois da nota anti-Palocci do PT, destaque nos jornais de sábado, o ‘Estado’ manchetou, ontem, com o caso Geap, que envolve, mais uma vez, josé Dirceu. No ‘Globo’, a manchete foi ‘Governo desmonta área de segurança do trabalho’, enquanto a Folha, hoje, exibe outra parte da pesquisa Datafolha, mostrando a preocupação dos brasileiros com o desemprego. Haja ‘agenda positiva’…

Edição de segunda-feira, 8 de março

Corpos, ossadas

O jornal tem utilizado a palavra corpos para se referir às ossadas que estão sendo procuradas em Xambioá (‘Grupo escava trechos em busca de corpos de guerrilheiros do Araguaia’, Brasil, pág. A5). Pode ser preciosismo de minha parte, mas está mesmo certo? É possível encontrar um corpo depois de 30 anos enterrado, ou se deve falar apenas em ossada? A verificar.

Fome Zero

Senti falta de uma espécie de ‘outro lado’ no abre ‘Ministro da área social critica Fome Zero’ (Brasil, pág. A5). Frei Betto, José Graziano e outras pessoas ligadas ao primeiro ano do programa não têm nada a dizer sobre as críticas de Patrus Ananias aos comitês gestores?

Crédito

Não entendi a ausência de citação ao ‘Estado de S.Paulo’, que deu o furo na manchete de ontem (domingo), na reportagem ‘Governo é acusado de favorecer entidade’ (Brasil, pág. A6), que hoje recupera o assunto. O ‘Manual’, no seu verbete ‘Furo tomado’ (pág. 42), é claro: ‘A Folha não deixa de publicar informação que outro jornal, revista, emissora de rádio ou TV já tenha noticiado com exclusividade. A Folha cita nominalmente o veículo de comunicação que tenha dado um furo importante’. O que aconteceu?

Didatismo

1) O fato de o jornal reproduzir reportagens de veículos estrangeiros não o exime, a meu ver, de introduzir, na edição, complementos factuais que digam respeito a interesse do leitor e a princípios da própria Folha –desde que, é claro, isso não desvirtue, por sua vez, princípios daqueles veículos. O abre de Mundo (‘EUA preparam o julgamento de Saddam’), por exemplo, publicado originalmente no ‘New York Times’, em nenhum momento informa quando começou e quando terminou o regime do ex-ditador iraquiano;

2) Ao mencionar ‘um cinegrafista da Reuters’, o texto ‘Atiradores matam ao menos seis em marcha no Haiti’ (Mundo, pág. A8) omite do que se trata. É uma agência de notícias? Uma produtora de filmes?

3) Faltaram os parênteses com anos de nascimento e de morte de Richard Wagner, o compositor alemão, mencionado no abre ‘Oficina leva ‘Os Sertões’ para a Alemanha’ (Ilustrada, pág. E3).

Imagem

Algum problema técnico, acredito, deixou ‘ininteligível’, visualmente, a foto que ilustra a reportagem ‘Conservadores gregos substituirão socialistas no poder após 11 anos’ (Mundo, pág. A10).

Cobrança

A sub-retranca ‘Lei pode mudar regra para banco’ (Dinheiro, pág. B3), dentro do interessante material de capa do caderno sobre a crescente concentração de empresas no país, afirma que ‘tramita em marcha lenta’ no Congresso projeto de lei complementar que daria ao Cade e à SDE mais poderes em relação às fusões/aquisições no setor financeiro. OK. Senti falta, porém, de explicações dos congressistas (Sarney-Senado, Cunha-Câmara) para essa lentidão.

Mandato, mandado

A reportagem ‘Matriz italiana quer reassumir controle da Parmalat no Brasil’ (Dinheiro, pág. B6) fala, no oitavo parágrafo, em ‘mandato de segurança’. É mandado, certo?

Tom oficioso

Os quatro primeiros parágrafos da reportagem de capa de Cotidiano (‘Autonomia universitária tem novo impulso’) estão redigidos num tom oficioso, que o jornal deve evitar. Ele fica reforçado pelo ‘jogo de títulos’. Além da manchete, seguem-se duas subs: ‘Objetivo não pode ser apenas contábil, diz secretário’ e ‘USP, Unesp e Unicamp fazem balanço positivo’. Faltou ao conjunto, creio, mais distanciamento crítico.

Multidões

Não sei qual é a informação correta, mas não deixa de ser curioso que a Folha e o ‘DSP’ falem em 120 mil pessoas, segundo a PM, no show realizado ontem no Ibirapuera, enquanto o ‘Estado’, apoiando-se na mesma fonte, fala em 20 mil… Uma diferença de, ‘apenas’, 100 mil pessoas.

Legenda

Ficou estranha a legenda da foto que ilustra o texto ‘Dunas demandam guia e coragem’ (Turismo, pág. F12): ‘Buggy em duna de Genipabu; passeio pode ter emoção ou não’. Como assim?

Mulheres

Oportuna, claro, a edição de um Folha Veículos especial sobre mulheres na edição de hoje. Senti falta, porém, de um esclarecimento: há mulheres entre ‘os especialistas’ que auxiliaram a Folha a fazer o teste com oito mulheres ao volante para saber se elas dirigem corretamente? No mínimo por curiosidade, essa informação deveria constar do caderno.

Edição de domingo, 7 de março

Picasso

Depois de observar, corretamente, que a reportagem ‘INSS encontra por acaso obra de Picasso’ (Brasil, pág. A20) não informa o nome da referida obra, um leitor afirma, ainda, que o exemplar tratado pela reportagem seria apenas uma reprodução, não um original, como o texto informa ser. A verificar.

Obscuro

A reportagem de capa da Ilustrada (‘Desculpe, Brasil’), com o criador de ‘Os Simpsons’, não deixa claro o motivo pelo qual, na entrevista, Matt Groening pede desculpas, em tom de brincadeira. O abre do pingue-pongue faz leve referência, dizendo tratar-se do ‘polêmico episódio em que os personagens visitaram o Rio de Janeiro’. Só. Mas o que aconteceu nesse episódio? Será que todos os leitores da Folha sabem qual é ou se recordam desse episódio? Faltou, certamente, didatismo.

ABC

Um leitor, professor titular da USP e membro da Academia Brasileira de Ciências, questiona a afirmação da coluna Elio Gaspari (Brasil, pág. A 16) segundo a qual todos os cinco diretores membros da chapa de situação daquela academia disputam reeleição no pleito que será ali realizado neste mês. O leitor menciona dois nomes dessa chapa que, segundo ele, no entanto, são candidatos pela primeira vez. A verificar.

Waldomiro

Senti falta de um mapa localizando o município de Guaraçaí (SP), na reportagem ‘Cidade natal recebia ajuda de Waldomiro’ (Brasil, pág. A10).

05/03/2004

Bloquear, barrar, engavetar, esvaziar, sepultar –esses os verbos usados nas capas das edições de hoje dos principais jornais para descrever o que o governo fez com a CPI dos Bingos. Isso, depois de passarem alguns dias investindo quase unanimemente em ‘abafar’. Só o ‘Globo’, dentre os diários de informação geral, deu manchete para outro assunto (‘Tráfico mata quarto diretor de Bangu em quatro anos’).

Sombra no Planalto

1) O abre ‘Tropa de choque de Lula manobra e aniquila a CPI’ (Brasil, pág. A4) informa que um dos motivos pelos quais o governo optou por barrar a CPI dos Bingos por meio da não-indicação de membros é que o resultado da apreciação de uma proposta de CPI pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) –um dos passos regimentais para a eventual instalação– ‘é uma incógnita’. Não é o centro do problema, claro, mas faltou aí, acredito, o porquê dessa afirmação. Por exemplo: qual é a composição da CCJ, entre oposição e governo?

2) O mesmo texto, ao fazer a memória do caso Waldomiro, não registra que Benedita da Silva é do PT. O mesmo acontece com ‘TCE dá prazo a ex-dirigentes de futebol para repor R$ 31 mi’ (Brasil, pág. A5), sobre o caso da Rioprevidência;

3) O título da retranca de ‘Outro lado’ referente ao abre da pág. A5 (‘Governo já sabia de irregularidades em bingos’), ‘Caixa confirma existência de documento’, tem conteúdo que privilegia uma corroboração da notícia principal em vez de algum aspecto de ‘defesa’ por parte, justamente, do outro lado. Foge, creio, ao espírito desse tipo de retranca;

4) Registro para reprodução, no ‘Estado’, de artigo publicado por José Dirceu em março de 2000 no site do PT contra as manobras anti-CPI efetuadas pelo governo FHC. Boa sacada.

Acabamento

Imprópria a repetição da mesma fórmula nos títulos do abre (‘Polícia Federal prende 29 em 3 operações’) e da retranca ‘PF prende 7 acusados de fraudar INSS’, na pág. A8.

Sangue ‘novo’

Senti falta de uma foto mostrando ‘como é’ o novo ministro, Alfredo Nascimento, em ‘Prefeito de Manaus vai assumir Transportes’ (Brasil, pág. A9).

Didatismo

1) O texto ‘Ministério Público faz duas novas denúncias contra juiz Rocha Mattos’ (Brasil, pág. A9) usa o termo ‘suspeita de peculato’ sem explicitar o que isso significa. Faltou, creio, uma ‘tradução’ para o leitor comum;

2) Faltou explicar o que é ‘votação simbólica’ na retranca ‘Câmara aprova o substituto do Provão’ (Cotidiano, pág. C8).

Tradução?

O terceiro parágrafo da reportagem ‘Igreja anglicana cria ‘paróquia virtual’ e busca ‘web-reverendo’’ (Mundo, pág. A12) relata que ‘em um anúncio postado no periódico ‘Church Times’, a diocese de Oxford pede…’. Anúncio postado? Ficou esquisito…

FMI

No material da pág. B3 (Dinheiro) encabeçado pelo abre ‘Köhler deixa FMI para ser presidente da Alemanha’, não há explicação sobre como o Fundo escolhe o seu diretor-gerente (há votação?). Caberia, também, informar a idade da agora diretora-gerente interina, Anne Krueger.

InterBev

1) Interessante o contraponto entre as afirmações do CEO da AmBev, Carlos Brito, em oportuno pingue-pongue na pág. B6, e a análise da coluna Luís Nassif (pág. B3) sobre o ‘episódio’ AmBev-Interbrew. O primeiro se esforça para mostrar que não houve venda da brasileira para a belga, mas sim uma ‘aliança’. A coluna, ao contrário, afirma que, sim, trata-se, com certeza, de uma venda. O leitor do jornal, acredito, tem o direito de esperar, ainda, mais esclarecimentos por parte do jornal para poder firmar alguma opinião;

2) Creio que a parte final do abre ‘Dólar interrompe quedas e fecha estável’ (Dinheiro, pág. B7), que trata do comportamento das ações da AmBev na Bolsa ontem, deveria estar editada, com título à parte, com o material sobre o caso, na pág. B6.

Nestlé-Garoto

A Panorâmica ‘Nestlé vai entrar com recurso no Cade para rever o veto à compra da Garoto’ (Dinheiro, pág. B4) informa que, segundo resolução do Cade, o recurso é possível quando um fato novo ocorre após o julgamento. OK. Mas qual seria o fato novo alegado pela Nestlé? Faltou esclarecer.

União gay

A sub ‘Projeto de lei está parado na Câmara’ (capa de Cotidiano) trata um grupo de congressistas ligados ao tema como sendo a Frente Parlamentar Pela Livre Orientação Sexual, com 53 integrantes. Já a sub ‘Estatal dá benefícios a parceiros’ menciona um grupo chamado Frente Parlamentar Mista pela Livre Expressão Sexual, com 80 congressistas. Isso chama a atenção. São mesmo dois grupos diferentes? Por que essa diferença? Ou se trata do mesmo grupo, com informações divergentes quanto ao nome e ao número de integrantes? A verificar.

Esclarecimento 1

Na crítica de terça-feira, destaquei a diferença de informações entre reportagem de Brasil e reportagem de Cotidiano quanto ao número de manifestantes presentes em ato pró-bingos na avenida Paulista, ambas atribuídas à PM. Reproduzo, a seguir, respectivamente, explicações de Rogério Gentile, editor interino de Brasil, e de Nilson de Oliveira, editor de Cotidiano, enviadas por intermédio da SR:

Brasil: ‘Em atenção à crítica do ombudsman, esclareço que a informação sobre a quantidade de manifestantes na passeata de Força Sindical, ontem em São Paulo, foi checada com a área de informações do 11º Batalhão da Polícia Militar, órgão responsável pela cobertura policial da área onde ocorreu o protesto. No local, PMs estimaram à reportagem haver 30 mil pessoas (assim como a Força) no ato. A reportagem, no entanto, estranhou o número (publicado pela concorrência) e preferiu procurar o comando do batalhão à tarde. A estimativa publicada, de 12 mil, foi repassada à reportagem de Brasil por volta das 14h30 pela oficial Irani’

Cotidiano: ‘Segundo a major Maria, responsável pela assessoria de imprensa da Polícia Militar, a avaliação oficial da corporação é que 6.000 manifestantes estiveram presentes no protesto contra o fechamento dos bingos. A oficial afirmou que a informação foi prestada pelos policiais que acompanharam a manifestação. É esse dado que consta de relatório oficial da PM sobre o protesto. Parece-me que diante disso, qualquer outra fonte no meio policial pode ser considerada apócrifa’.

A questão é antiga e, creio, mais uma vez impõe ao jornal a definição de algum critério: 1) quem, afinal, fala pela PM? 2) na ausência de uma informação oficial centralizada, não seria o caso de constar, obrigatoriamente, a fonte (o batalhão, o oficial X…), em vez de um genérico ‘segundo a PM’?

Esclarecimento 2

Sobre o uso do nome ‘Os Cem da Fifa’ para se referir à lista (com 125 nomes) dos maiores jogadores feita por Pelé, questionado na crítica de ontem, o editor de Esporte, Melchiades Filho, informa que (apesar da diferença: cem x 125) ele está sendo, sim, adotado para se referir à relação, além da festa e das promoções em torno do centenário da Fifa. Agradeço o esclarecimento.

Errei

Diferentemente do que afirmei na crítica de ontem, o noticiário de Mundo sobre o Iraque trazia, no meio do texto, a informação de que a Al Qaeda negou por intermédio de um jornal árabe sediado em Londres a autoria dos atentados contra os xiitas ocorridos na terça-feira. Na leitura que eu fiz do texto, confundi essa informação com a de um outro episódio envolvendo suposto apoiador da rede terrorista e uma carta enviada ao mesmo jornal.

04/03/2004

Um dia relativamente fraco de notícias, refletido na ausência de manchetes em seis colunas nos principais jornais. Até porque a união AmBev-Interbrew já fora ‘cantada’. Chama a atenção negativamente, no caso da Folha, a ausência de chamada na Primeira Página, ao menos na edição SP, para o conflito, com mortos, entre policiais e traficantes em Copacabana (ver nota específica). Ponto para o jornal, sem dúvida, com a publicação do caderno especial sobre a F-1.

Waldomiro

1) A reportagem ‘Reeleição de Sarney é analisada por comissão’ (Brasil, pág. A4) deixa claro que, na avaliação do governo, o ex-presidente ‘tem sido um aliado importante. O senador faz todo o possível para colaborar na operação abafa da CPI do caso Waldomiro Diniz’. Diante dessa afirmação, parece-me estranha –carente de explicação– a declaração do maranhense publicada ontem no jornal segundo a qual ele não barrará a instalação da CPI se forem colhidas as assinaturas necessárias. Há algo obscuro, para o leitor, nessa atitude;

2) Registro para reportagem do ‘Estado’ trazendo mais detalhes sobre o depoimento do ex-assessor do Planalto na Polícia Federal, no qual ele teria informado seus bens e corrigido a afirmação de que é funcionário público, colocando um ‘ex’ na frente.

Acabamento

1) O abre ‘Para abafar crise, governo anuncia verba para rodovias’ (pág. A5) fala no lide, entre aspas, em ‘agenda política positiva’ do governo. Mais adiante, fala em ‘agenda positiva’, como tem sido usado pelo jornal. Falta padronizar, inclusive porque as duas fórmulas têm, obviamente, significados diferentes;

2) O mesmo texto afirma que a BR-101 ‘atravessa o litoral brasileiro’. Nesse caso, o mais correto não teria sido algo como ‘percorre o litoral brasileiro’?

3) O décimo parágrafo do texto começa com ‘Segundo Singer,…’ sem que o nome completo ou qualquer menção ao porta-voz da Presidência (presumo que se trata dele) tenham aparecido em momento anterior da reportagem;

4) Caberia à edição ter encontrado um verbo diferente de ‘abafar’ para usar no título desse texto, já que o mesmo verbo foi usado também no abre da pág. A4, espelhada.

Precisão

1) A retranca ‘Depoimentos à PF nada trazem de novo ao caso’ (Brasil, pág. A6) registra que Waldomiro Diniz foi demitido em 13 de fevereiro, mas não informa que essa demissão se deu ‘a pedido’, aspecto politicamente importante que, a meu ver, deveria constar obrigatoriamente em toda ‘memória’ do caso;

2) Ao mencionar o senador do PDT Almeida Lima, o abre ‘Serra vê ação abafa CPI [eis o ‘abafa’ mais uma vez em título de abre de página!] e cobra coerência’ (pág. A8) não informa de que Estado ele é (SE), como sempre deve ser feito no caso de parlamentares.

Maluf

O ‘Estado’ traz novamente hoje mais informações provenientes da Justiça da Suíça sobre as supostas contas da família do ex-prefeito naquele país. A Folha, depois de ter abordado o tema com destaque na semana passada, não retomou o assunto.

EUA

Parece-me correta a edição sobre a consolidação da candidatura de John Kerry (Mundo, pág. A14). Senti falta, apenas, de um quadro que mostrasse quais foram os resultados acumulados pela disputa entre os democratas nas prévias realizadas até agora.

Iraque

Não vi na Folha a informação, divulgada pela concorrência, de que a Al Qaeda negou, por intermédio de jornal árabe sediado em Londres, participação nos atentados contras os xiitas ocorridos anteontem no Iraque. A conferir.

InterBev

É evidente a complexidade do acordo selado entre a AmBev e a Interbrew para formar a maior cervejaria do mundo em produção. Daí as divergências entre analistas sobre o ponto mais relevante: é ou não compra da primeira pela segunda. O jornal faz um esforço de didatismo na edição de hoje, em especial com a arte da pág. B4, mas o esclarecimento sobre aquele ponto ainda deve merecer dedicação. Uma observação: para os leitores leigos interessados em entender o que está acontecendo nesse caso, um glossário sobre termos usados no mercado de ações seria muito bem-vindo.

Detalhe

1) A ilustração do acidente com a carreta que matou quatro pessoas, na pág. C2, mostra o veículo parado no semáforo atrás de dois automóveis. Segundo o ponto 3 da descrição existente na própria arte, porém, ele deveria estar atrás de um caminhão, que o guiara, justamente, até ali;

2) A legenda do jogo de fotos de Pelé na capa de Esporte informa que será ‘em 4 de março’ a inauguração de uma exposição sobre a vida do empresário. O mais correto teria sido simplesmente dizer ‘hoje’, certo?

Idosos

O abre ‘Vacinação de idosos começa em 17 de abril’ (Cotidiano, pág. C5) não informa o que são idosos, ou seja, a partir de qual idade, ao menos formalmente, a pessoa se encaixa nessa categoria.

Ônibus

Não vi na Folha notícia publicada no ‘Estado’ segundo a qual um sindicalista de oposição dos motoristas e cobradores de ônibus que tinha participado de uma comissão que denunciou irregularidades trabalhistas ao Ministério Público foi assassinado anteontem, em São Paulo. A recuperar.

Copacabana

Os confrontos no morro Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, começaram ontem por volta das 19h30. Não dá para entender por que o jornal lhes reservou na edição SP, mesmo tendo havido, em tese, quatro mortes, apenas uma Panorâmica em pé de página (C6). Registre-se que houve uma troca para abre da pág. C3 em edição mais tardia (no exemplar a que tive acesso, aliás, a notícia acabou saindo duas vezes, pois esse abre foi introduzido mas a Panorâmica anterior continuou impressa, na mesma pág. C6). Mesmo assim, sem nenhuma imagem nem chamada na capa do jornal. O que aconteceu?

Lista

Ao comentar a polêmica lista dos melhores elaborada por Pelé, a coluna ‘Futebol’ (pág. D3, Esporte) a chama de ‘Os Cem da Fifa’. Posso estar enganado, mas me parece haver aí um equívoco que leva a confusão. A lista é de 120 nomes. Os cem se refere ao centésimo aniversário da Fifa. A verificar.

Sísifo

Faltou informar a idade do novo técnico da seleção feminina de futebol, em ‘Renê Simões aceita Milene e cargo’ (Esporte, pág. D4).

Ciclo ou círculo?

Afirma uma sub no alto da pág. 7 do Equilíbrio que ‘a visão preconceituosa já uma forma de violência e tem como uma de suas conseqüências potencializar o problema, criando um ciclo vicioso’. É isso mesmo? Não seria um ‘círculo vicioso’?

03/03/2004

Os atentados contras xiitas no iraque e no Paquistão ‘conseguiram’ levar Waldomiro Diniz, pivô da principal crise política do governo Lula até agora e sumido há quase três semanas, para debaixo da dobra nas capas da Folha e do ‘Estado’. O governo, nisso, teve sorte. ‘Globo’ e ‘JB’ deram a imagem no alto.

Sarney

O abre ‘PT e aliados pressionam, e senador não protocola CPI’ (Brasil, pág. A4) afirma, no pé, que o governo já não conta com o presidente do Senado para barrar a CPI dos bingos, pois Sarney disse que, tendo 33 assinaturas, não barrará a comissão. Houve algum abalo na relação Sarney-Planalto ou o senador simplesmente sabe que o pedido formal já logrou e quer sair, digamos, retoricamente ‘limpo’ do episódio? Creio que, dada a importância do apoio de Sarney ao governo desde o seu início, faltou, aí, uma explicação.

Sísifo

1) Faltou informar, em todo o noticiário sobre o caso, a idade de Waldomiro Diniz;

2) O mesmo ocorre com relação a Delúbio Soares, em ‘Caixa do PT intercedeu por verba para empresa privada’ (Brasil, pág. A8);

3) Nessa última reportagem, ainda, caberia um mapa mostrando onde fica Buriti Alegre (GO), a cidade de Delúbio, onde ele favoreceu empresas;

4) A sub ‘Ex-dono do Simba mantém plano’ (Cotidiano, pág. C3) menciona o governador Mário Covas sem colocar os parênteses com seus anos de nascimento e de morte);

5) Faltou a idade do atacante na Panorâmica ‘Ronaldo fala que quer encerrar carreira no Real’ (Esporte, pág. D1).

Mandato?

A Panorâmica ‘Sem alvará, secretaria do MST pode fechar’ (Brasil, pág. A9) menciona um ‘mandato de segurança’. É mandado, certo?

Orçamento

O abre ‘Governo diz que investimento foi de R$ 6,5 bi’ (Brasil, pág. A9) revela dados do Planejamento que contestariam reportagem da Folha de segunda-feira segundo a qual os investimentos teriam sido de R$ 1,8 bi. O principal argumento oficial é de que o levantamento sobre investimentos do governo no ano passado no qual se baseou o jornal só ia até 12 de dezembro e que, depois dessa data, bilhões teriam sido liberados. O texto de hoje afirma que o jornal se baseou em estudo do Inesc com base em dados do Siafi e admite que a reportagem, de fato, não ‘contemplou’ aquele dado. Pergunto: por quê? Houve omissão da informação por parte da fonte (Inesc)? Creio que o leitor merece uma explicação e, se for o caso, esclarecimento num ‘Erramos’. Para reflexão.

Maluf

Registro para reportagem no ‘Estado’ segundo a qual documentos da Justiça as Suíça apontam que Paulo Maluf foi ‘detentor dos direitos’ de contas investigadas naquele país, não o seu titular, argumento que, diz o texto, ‘deslegitimaria’ a ação que ele apresentou na tentativa de evitar que as informações sobre as contas fossem enviadas ao Brasil. A conferir.

Imprecisão

Parece-me no mínimo impreciso o título ‘Inadimplente culpa salário atrasado’ (Dinheiro, pág. B3). É verdade que o texto mostra ter esse motivo subido de 13% para 24% dentre os alegados pelos inadimplentes para não pagar suas contas. Mas ele e a arte mostram também que a liderança continua com ‘descontrole financeiro’, que, mesmo tendo caído de 36,4% para 24,8%, mantém a dianteira.

Zôos

Registro para reportagem no ‘Estado’ segundo a qual a polícia prendeu um suspeito de matar bichos no zoológico de Brasília. A conferir. Promessas demais… Primeira frase do abre ‘Cena de praia é destaque em jogo de ação’ (Informática, pág. F6): ‘Março promete ser um mês promissor para os fãs de jogos…’. Faltou capricho.

Mídia

Na reportagem ‘Regra do BNDES abre possibilidade de empréstimo para setor de mídia’ (Dinheiro, pág. B10), senti falta de repercussão dessa medida junto às entidades representativas do setor (ANJ, Abert, entre outras). Gostaram? Está dentro de suas expectativas?’