O subeditor-administrativo e eventual repórter do Washington Post, Bob Woodward, acaba de lançar seu 12o livro, Plan of Attack, com o qual chegou ao topo das listas de livros de não-ficção mais vendidos. A obra trata da invasão americana do Iraque e contém material exclusivo que o jornalista não publicou no jornal.
O ombudsman do Washington Post, Michael Getler, escreve, em sua coluna de 25/4/04, que recebeu mensagens de vários leitores questionando se Woodward havia guardado conteúdo que seria de interesse do público para colocá-lo apenas em seu livro. Também foi colocada em dúvida a relação de negócios entre o autor e o jornal, já que trechos de seu livro foram publicados na capa do diário. O Post estaria recebendo parte dos dividendos das vendas de Plan of Attack?
Para estas perguntas a resposta do editor-executivo Leornard Downie Jr. é não. O diário não recebe dinheiro para divulgar o livro de Woodward, que seria digno de notícia por ter sido lançado em época de eleição presidencial. Tampouco o interesse público teria sido deixado em segundo plano em favor de alguma estratégia para valorizar o produto. As longas entrevistas com o secretário de Defesa Donald Rumsfeld e o presidente George W. Bush só aparecem no livro porque foram feitas sob a condição de não serem publicadas no jornal. Do contrário, o repórter nem as teria conseguido fazê-las. ‘Nunca senti que perdemos uma história grande, que poderíamos cobrir contemporaneamente, que estivesse num livro dele’, aponta Downie.
O diferencial de Plan of Attack seria o de fazer uma ‘história de momento’. Woodward vai reunindo evidências que lhe permitem construir um quadro mais amplo quando compõe um texto mais extenso. Mas aqueles elementos não necessariamente seriam utilizáveis separadamente, para se escrever uma matéria de jornal.