Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Brancaleone contra-ataca

Começam a se inverter as posições no conflito entre o governo dos Estados Unidos e a organização WikiLeaks, fundada pelo australiano Julian Assange. Do jornalista americano Jay Rosen, professor da Universidade de Nova York e crítico de mídia, ao presidente do Brasil, Lula da Silva, passando pelo jornal britânico The Guardian, cresce o movimento de apoio ao WikiLeaks, ao mesmo tempo em que surgem as primeiras análises sobre o papel da imprensa na fiscalização do poder.


A manifestação de Lula, convocando explicitamente a sociedade e principalmente a imprensa a defenderem Julian Assange em nome da liberdade de informação, ganhou destaque na imprensa internacional e citações nas primeiras páginas do Globo e do Estado de S.Paulo em suas edições de sexta-feira (10/12).


A Folha de S.Paulo preferiu chamar atenção para a declaração da comissária de Direitos Humanos da ONU, Navi Pillay, que condenou a perseguição de empresas e governos ao líder do WikiLeaks.


Novo tempo


Jay Rosen, conhecido por estimular o jornalismo cidadão e por denunciar conchavos na grande imprensa, distribuiu um vídeo de 14 minutos no qual afirma que a imprensa tradicional fracassou na tarefa de fiscalizar o poder e defender os valores democráticos.


Referindo-se diretamente à imprensa americana, Rosen observa que funcionários, militares e outras pessoas que têm acesso a informações sensíveis e importantes preferem entregá-las ao WikiLeaks porque não confiam nos meios tradicionais.


Os jornais brasileiros ainda não entraram no assunto. Nas edições de sexta-feira (10), o que fazem alguns colunistas é defender o direito de Julian Assange de tocar seu negócio e, no máximo, discutir o uso do poder do Estado para perseguir e calar o criador do WikiLeaks.


As críticas de Jay Rosen podem claramente ser aplicadas no Brasil, onde a chamada grande imprensa há muito escolheu atuar como partido político, fazendo uma ‘fiscalização’ tendenciosa e distorcida do poder e se omitindo diante de questões fundamentais.


Como já se afirmou neste Observatório, o fenômeno WikiLeaks pode estar inaugurando um novo tempo. Contra todos os prognósticos, o exército de Brancaleone pode ganhar essa guerra.


 


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