Crise na TV do papa. A Telepace anunciou, no início de outubro, que fecharia sua redação em Roma e demitiria os quatro jornalistas que cobrem o Vaticano. O canal, que transmite para a Itália e para outros países europeus, Austrália e América do Norte, via satélite, planeja, a partir desta semana, levar ao ar apenas celebrações litúrgicas, concertos de música e entrevistas conduzidas por seu diretor.
A decisão causou controvérsia no meio católico, que alega que, com ela, termina com uma importante (e confiável) fonte de informações sobre o Vaticano. Em uma carta ao sindicato dos jornalistas, o monsenhor Guido Todeschini, diretor da estação, afirmou que foi uma ‘decisão dolorosa’ cancelar os boletins noticiosos, mas que teve que fazê-lo por causa de queda de receita. A Associação de Imprensa de Roma o acusa, entretanto, de punir os jornalistas por terem protestado sobre condições de trabalho e salário.
Práticas estranhas
A crise no canal vem do começo do ano. Todeschini deverá, em breve, comparecer diante do conselho da associação de imprensa italiana para responder às reclamações dos profissionais. O órgão quer descobrir se o diretor cumpriu determinações de fevereiro para não mais monitorar ligações telefônicas de jornalistas e acabar com a obrigação dos funcionários editoriais baterem cartão na chegada e saída do trabalho.
Para piorar a situação, o jornal La Stampa publicou, na semana passada, que gerentes do Telepace teriam o hábito de convocar reuniões para discutir a vida sexual das jornalistas mulheres e determinar se elas eram virgens. Um ex-funcionário, que quis permanecer anônimo, afirmou que a prática já acontecia ‘há seis ou sete anos’ e foi abandonada após protestos da equipe. A fonte contou também que as jornalistas mulheres tinham que trabalhar em período integral com contratos de meio-período. Informações de John Hooper [The Guardian, 2/11/06].