Se as eleições americanas refletissem uma competição pelas melhores imagens, o páreo entre os presidenciáveis Barack Obama e John McCain não seria muito duro. Obama entupiu sua viagem ao exterior com imagens políticas: passeio de helicóptero sobre o Iraque com um comandante do exército americano; visita a um memorial do Holocausto; encontro no palácio do presidente afegão Hamid Karzai; e até jogo de basquete com soldados americanos em que marcou uma cesta de três pontos. De sua parte, a foto mais memorável de McCain na semana passada foi de um passeio num carro de golfe com o ex-presidente George Bush em sua casa de férias no Maine.
A CNN cortou a transmissão ao vivo de McCain em Wiles-Barre, Pensilvânia, para cobrir a coletiva de imprensa de Obama em Israel. A MSNBC e a Fox News mostraram imagens rápidas do encontro de McCain mas não transmitiram seu discurso. Por outro lado, cobriram a coletiva de Obama do começo ao fim.
‘Caso de amor’
Executivos de TV decidiram dar cobertura mais ampla a Obama mesmo após sua viagem ao exterior ter levantado a discussão sobre a mídia estar dando mais atenção ao candidato democrata.
Na semana passada, a campanha de McCain lançou um vídeo ironizando o ‘amor’ entre a mídia e Obama. Em sua ida ao Oriente Médio, Obama levou em um vôo fretado diversos repórteres e assistentes, inclusive o estrategista David Axelrod. O avião exibia o mote: ‘Change We Can Believe In’ (‘Mudanças em que podemos acreditar’, tradução livre). A viagem ao exterior foi feita tendo em mente pessoas ‘com quem espero lidar nos próximos oito a dez anos’, disse Obama.
‘Se continuar assim, Obama estará num nível acima entre os providenciáveis’, afirma Larry Sabato, diretor do Centro de Política da Universidade da Virgínia. ‘Tem sido perfeito. Obama até ocupou cadeiras de chefe de Estado. Isso o tem ajudado e acho que a imagem permanecerá’. Sabato notou, no entanto, que ainda é julho. Há muitos meses e imagens de campanhas pela frente. Jeff Greenfield, da CBS News, disse ser ‘um pouco cético sobre o impacto que essas imagens de julho terão em novembro’. Informações de David Bauder [AP, 24/7/08].
Item de colecionador
A capa polêmica da The New Yorker com um desenho de Barack Obama usando um turbante muçulmano e sua esposa Michelle portando um rifle pode até ter desagradado à campanha do candidato democrata, mas virou item de colecionador. As edições esgotaram-se nas bancas, segundo artigo de Keith J. Kelly [New York Post, 25/7/08].
A editora Condé Nast não conseguiu atender à demanda para imprimir mais cópias – houve um aumento de 80% na procura pela edição daquela semana. Em geral, são vendidas 43 mil cópias por semana da The New Yorker; a edição com Obama vendeu 75 mil cópias.