‘Tizuka Yamasaki sairá do comando de Metamorphoses. A diretora-geral da novela, que tem contrato com a Casablanca até 2 de abril, disse deve deixar o time independentemente da debandada de roteiristas, porque quer se dedicar à pós-produção e ao lançamento do filme Gaijin 2. ‘Quando entrei no projeto da novela já deixei isso bem claro. Assim como eu, a Tânia (a também diretora Tânia Lamarca) quer se dedicar a um longa. Minha responsabilidade era implantar o núcleo de dramaturgia e colocar a história no ar. Posso continuar a supervisioná-la, porém de longe, como fiz com Kananga do Japão. Na época, saí do convívio diário para fazer o filme Lua de Cristal ‘, explica Tizuka.
A diretora evita dar palpites sobre o texto do folhetim – ‘não é brilhante, mas também não é tão ruim assim…’, justifica. A qualidade do texto tem sido a grande reclamação do elenco desde a saída de José Louzeiro, que substituiu Mário Prata. ‘Quero o texto pronto. Se não é bom, pedimos para refazer. E no mais, é possível salvar na direção e na interpretação. Antes de tudo, o ator tem de ter emoção para fazer uma cena.’
Para a diretora, a cúpula de diretores da Record ‘tem de se decidir’ sobre o rumo que dará ao folhetim. Segundo ela, a emissora, que aumentou a média de audiência do horário em cerca de 3 pontos (a novela mantém média de 6 pontos em São Paulo), não quer perder seu público tradicional, das classes C e D.
‘Novela é assim. Quando entra no ar é que se tem idéia do que é preciso mudar. A qualidade da imagem é indiscutível e isso está atraindo o público A e B. Mas, se a emissora quiser dar uma popularizada para não perder seus telespectadores, eu vou embora, sim.’
Tizuka, que pretende supervisionar a direção de longe, diz que está gostando do produto, apesar de não se sentir satisfeita. ‘Sou muito autocrítica.’ Uma de suas reprovações está relacionada às imagens das cirurgias plásticas – muito fortes. ‘Por mim, colocava menos. Mas a Arlette (Siaretta, proprietária da Casablanca) é a dona da história e, pelo que sei, é quem está pagando tudo até o momento.’ A diretora comenta que, assim como ela, a maioria dos atores entrou no projeto porque gostaria de criar uma nova vertente para a dramaturgia.
A Record foi procurada para comentar a possível saída de Tizuka e para esclarecer se está à procura de um autor para a novela (já que Louzeiro deixou o time e possivelmente o marido de Arlette, Pedro Siaretta, assuma o comando do núcleo Charlote K.), mas a emissora não se manifestou. Comenta-se que o diretor operacional da Record, Del Rangel, que tinha planos de criar um núcleo de dramaturgia, está agilizando este processo.’
Rodrigo Fonseca
‘Tizuka de volta à TV’, copyright Jornal do Brasil, 26/03/04
‘Tizuka Yamazaki nasceu com a sina de ser um trator. Por mais que tente se ater só aos já rocambolescos percalços de se fazer um longa-metragem no Brasil, a cineasta gaúcha de 54 anos, formada nos bancos da Universidade de Brasília por mestres do naipe de Nelson Pereira dos Santos e assistente de Glauber Rocha em A idade da terra, vira e mexe é obrigada a arrastar algum projeto pouco usual até um patamar de sucesso. A carga que carrega agora é nada menos do que a direção de uma das mais pitorescas tramas de telenovela de que se tem notícia no Brasil: MetAMORphoses, que reinaugurou o núcleo de novelas da Record, às custas de um enredo que está mais para thriller de John Woo do que para folhetim das 20h. Falando de experiências médicas no terreno da cirurgia plástica, com direito a uma operação real, feita ao vivo, perseguições da Yakuza, a máfia japonesa, e lutadores de K-1 (arte marcial que é febre no Japão), a produção estreou no dia 14 cercada de críticas favoráveis aos seus aspectos técnicos e mais ácidas em relação aos diálogos e ao desempenho de alguns atores..
Esta semana, os bastidores da novela foram mais uma vez chacoalhados com a notícia de que Tizuka teria pedido demissão do folhetim. A notícia, publicada na Folha de S. Paulo, foi desmentida, tanto pela cineasta, quanto pela dona da Casablanca e capo da novela, Arlette Siaretta.
– A Tizuka tem dois contratos: um de direção e outro de coordenação geral da novela. O combinado é que, se conseguir verba para terminar Gaijin 2, ela deixa a coordenação, mas se mantém na direção – explica Arlette.
– Meu contrato vai até o dia 2 de abril. Depois, vou conversar com a Casablanca para decidir a prorrogação do prazo. Tenho interesse em continuar na novela, mas minha prioridade continua sendo o filme – observa Tizuka.
MetAMORfoses é a mais polêmica incursão da diretora no veículo onde viveu momentos de êxito profissional, como Kananga do Japão, na extinta Manchete, e outros de dificuldades, como a realização da minissérie O pagador de promessas, reduzida de 12 para oito capítulos por imposições dos anunciantes da TV Globo, que a consideravam comunista demais.
Além da novela, ela ainda arranja tempo para conduzir os últimos detalhes de Gaijin 2, seqüência de seu filme mais famoso, Gaijin – Os caminhos da liberdade, que lhe trouxe sucesso de público e crítica, além de respeito no mercado internacional. Lançado em 1980, o filme, estrelado por Kyoko Tsukamoto, Antônio Fagundes, José Dumont e outros, atraiu um público de cerca de 800 mil pagantes no Brasil e colecionou prêmios em Gramado, Havana e Bélgica, além de arrematar os troféus Fipresci (Federação Internacional de Crítica de Cinema), em Cannes, e Margarida de Prata, da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). No segundo episódio, Tizuka retoma a saga da imigração nipônica no Brasil, da Segunda Guerra ao governo Collor, em produção de cerca de R$ 9,5 milhões, filmada em Tocantins, no Paraná e em locações japonesas. O elenco internacional junta os brasileiros Luis Mello, Mariana Ximenes e Dado Dolabella ao cubano Jorge Perrugoría, a americana Tamlyn Tomita e os japoneses Kyoko, Eijiro Ozaki, Kissei Kumamoto e Rygo Suguimoto.
Nesta entrevista, feita por e-mail numa das raras folgas entre as tomadas da novela, Tizuka questiona a fama de ‘samba do crioulo doido’ atribuída ao folhetim, defende a produção independente como um caminho para a renovação da TV no Brasil e fala do futuro de Gaijin 2 nas telonas.
Transplantes faciais, experiências científicas e máfia japonesa são assuntos que tornam o enredo de MetAMORphoses bastante atípico na seara da telenovela brasileira. São temas que até hoje pareciam limitados à ficção científica e aos thrillers de Hollywood. De que forma essa história pode abrir novos caminhos no terreno dos folhetins?
– Não vejo semelhança entre MetAMORphoses e a ficção científica e os thrillers hollywoodianos. A informação que temos é que já foi feito um transplante de faces na Europa, portanto este assunto não é mais ficção científica. E se não foi feito, já vivemos uma era em que estamos perto de fazer. O tema da cirurgia plástica já é cotidiano nas classes A e B e começa a ser acessível às classes C e D. Portanto, o assunto faz parte da realidade dos brasileiros. Quanto à Yakuza, pode não ser realidade em todos os Estados brasileiros, mas ela está presente no universo dos japoneses, no Japão, seja na política ou no lazer. Também é uma referência em São Paulo, está no submundo do bairro oriental. O folhetim é a alma da teledramaturgia. Para que a novela exista, não importam os assuntos envolvidos, mas sim as relações afetivas entre seus mocinhos/mocinhas e vilões/vilãs.
Como você vê a teledramaturgia brasileira neste momento em que reclama-se que até nomes consagrados, como Gilberto Braga, entregaram-se à letargia?
– Sou uma péssima espectadora de novelas. Não por falta de interesse. Mas o meu cotidiano de trabalho me ocupa até tarde da noite. Quando volto para casa, só consigo assistir ao telejornalismo e aos filmes. As poucas novelas que acompanhei, por força da profissão, foram aquelas que eu dirigi. Não sou a pessoa adequada para analisar a produção de dramaturgia de TV brasileira.
Mas você concorda que no Brasil ‘novela’ e ‘Rede Globo’ tornaram-se termos sinônimos?
– Não apenas o Brasil, como muitos países estrangeiros, reconhecem a TV Globo como padrão de excelência na produção de teledramaturgia. E é verdade. Pela TV Globo passaram e estão excelentes profissionais. São muitos anos de produção. Muitos destes profissionais são requisitados para montar núcleos de teledramaturgia nas outras emissoras e fora do Brasil. Temos que reconhecer isto e aplaudir.
Como é apostar em uma emissora como a Record, que está estreando na produção de novelas?
– Como cineasta independente, acredito que o universo audiovisual brasileiro se tornará mais rico com a produção independente de teledramaturgia. Veja países como os Estados Unidos e a França, onde a produção independente é a garantia do desenvolvimento audiovisual, com produtos vendáveis para o mercado interno e externo. Por isso, aceitei o convite da Casablanca, que teve ousadia e recursos para bancar a novela MetAMORphoses como uma produção independente.
Novela com visual de cinema
Aplaudo também a iniciativa da TV Record em apostar neste sistema. Não se derruba o número de espectadores de uma emissora concorrente com uma novela. Lembre-se que para alcançar o sucesso da novela Pantanal, a TV Manchete precisou antes da exibição de Kananga do Japão. O Adolpho Bloch deu toda a liberdade para a realização de um produto de qualidade. Kananga também só tinha ingredientes que não constavam na pauta das tradicionais novelas. Trabalhamos com negros e judeus. E a novela foi amada por muitos, fez muito sucesso, e ameaçou respeitosamente as emissoras concorrentes.
– Logo no capítulo de estréia, foi possível perceber que, visualmente, MetAMORphoses apresenta uma certa estética cinematográfica. E, não por acaso, quem assina a fotografia é Edgar Moura, veterano de filmes como Bar Esperança (1983) e Kuarup (1989).
– O Edgar Moura tem sido um grande companheiro de trabalho na maioria dos meus filmes de longa-metragem. Praticamente estreamos juntos. Depois de anos sem trabalharmos em parceria, já que ele tem fotografado muito na Europa, retornamos no Gaijin 2. Nossa relação profissional é de muita cumplicidade. Na verdade, foi ele que me levou para a novela, quando o Afonso Beato precisou sair do projeto. O método de trabalho que adotamos, graças aos inúmeros trabalhos em conjunto, é que ele enquadra pensando no movimento de câmara e eu dirijo os atores, fazendo bom uso da proposta dele. Esta sintonia que temos permite uma maior sofisticação da iluminação. Como em uma novela o tempo para a iluminação é menor que num longa, encontramos desta forma um jeito de manter a iluminação com qualidade estética cinematográfica. Assim ganhamos todos nós: a novela e o público.
– Já que você mencionou o cinema, o longa-metragem Gaijin 2, seqüência de seu filme mais consagrado, sai ainda este ano?
– Eu não posso afirmar que a Gaijin seja o mais consagrado. Isto quem pode dizer é o público e quem reflete sobre o cinema no Brasil. Posso dizer que eu e o meu time – que inclui Cacá Diniz, Yurika Yamasaki, Edgar Moura, Flavio Chaves, Renato Tilhe, Ricardo Karam, Egberto Gismonti, Alvenir Coimbra e Liane Mullenberg nos bastidores com suas respectivas equipes, além do elenco formado por Tamlyn Tomita, Jorge Perugorria, Nobu Mac Carthy, Mariana Ximenes, Louise Cardoso, Zezé Polessa, Luis Mello, Eda Nagayama, e outros – fizemos Gaijin 2 como um épico cinematográfico, com empenho, dedicação, competência e paixão. Nós nos orgulhamos de tê-lo feito. O filme está em fase de pós-produção de imagem e edição de som. Estará com cópia no segundo semestre, mas estamos articulando o lançamento comercial para o início do ano que vem.
Você chegou a rodar algumas cenas no Japão?
– Filmamos em Kobe e Nagoya e trouxemos do Japão quatro atores. A Kyoko Tsukamoto (atriz do primeiro Gaijin), Kissei Kumamoto (que voltou para fazer MetAMORphoses), Eijiro Ozaki e Ryugo Suguimoto.
Gaijin sempre foi descrito como um projeto pessoal seu. Paralelamente a ele, você chegou a dirigir trabalhos que viraram grandes sucessos comerciais quando o cinema brasileiro ainda passava por sua fase de reestruturação, como O noviço trapalhão, estrelado por Renato Aragão. E, antes dele, já havia dirigido artistas populares entre as crianças, como Xuxa e Sérgio Mallandro. Há um interesse forte seu no cinema infantil?
– Adorei ter feito estes filmes infantis: Lua de cristal, O noviço rebelde, Xuxa requebra. Foi uma época que meus meninos eram crianças e assim a realização destes filmes me permitiu ficar mais perto dos filhos. Sempre quis fazer um épico infantil de grande produção. Talvez, quando meus netos chegarem, ficarei mais animada para levantar esta produção.
No documentário Glauber – O filme, de Sílvio Tendler, há uma seqüência do enterro de Glauber Rocha onde você aparece rapidamente. Você inclusive foi assistente dele em A idade da terra. Que ganhos lhe trouxe o contato com o maior agitador entre os cineastas brasileiros?
– Não há como passar em branco ao lado de Nelson Pereira dos Santos e Glauber Rocha, com quem convivi profissionalmente. Eu sou uma das poucas pessoas que tiveram este privilégio, já que eles são dois dos mais importantes cineastas brasileiros. O primeiro me ensinou que existe um Brasil culturalmente rico e lindo para ser filmado. O outro, que não tenho o que temer ao colocar na tela o que quero.’
HISTORY CHANNEL EM XEQUE
Jack Valenti
‘Quando a mentira serve para restaurar a verdade’, copyright O Estado de S. Paulo / The Washington Post, 28/03/04
‘A mistura de um fragmento de fato em um volume de ficção está se tornando uma coleção de chamados docudramas. Recentemente, o History Channel levou ao ar um ‘documentário’ em que o autor de um livro do qual o filme foi adaptado, em primeiro plano, diz sem pestanejar que Lyndon Johnson matou o presidente Kennedy e ordenou a morte de mais outras oito pessoas, incluindo sua própria irmã! Eu me juntei a outros ex-assessores de Lyndon Johnson – Bill Moyers, Tom Johnson e Larry Temple – para perguntar ao History Channel como essa monstruosidade foi ao ar sem ao menos uma checagem de rotina. Para o crédito da emissora, três distintos historiadores foram apontados para examinar essas acusações diretas e apresentar suas descobertas no History Channel.
O que me leva de volta ao que foi (de forma discutível) a mais (não arrependível) distorção da verdade jamais aprisionada em filme, JFK – A Verdade Que não Quer Calar, de Oliver Stone, seu filme sobre o assassinato do presidente John F. Kennedy. Eu o assisti em um grande cinema com minha filha mais nova, Alexandra. Quando saíamos do cinema, ela me perguntou em voz baixa: ‘Papai, foi isso mesmo o que aconteceu? Parece tão real.’ Aquilo me atingiu como um golpe: se minha própria filha foi pega pela famigerada interrogação de Stone, o que dizer dos outros? Hoje, a justaposição de ficção e realidade pode ser tão bem manipulada que até delírios podem ser guindados a verdades divinas. Stone fez as acusações de um desacreditado promotor público de Nova Orleans, Jim Garrison, parecerem saídas de injunções bíblicas. Garrison indiciou Clay Shaw, proeminente cidadão de New Orleans, e o colocou sob julgamento, sob a acusação de fazer parte de uma conspiração para assassinar JFK. O júri despachou Shaw em menos de uma hora, embora alguns observadores tenham reclamado. ‘Por que demoraram tanto?’ Um dia depois de assistir a JFK, liguei para Bob Daly, então vice-presidente da Warner Bros. Studio, um chefão de grande integridade e um dos homens mais espertos da indústria de cinema. Disse que estava pronto a denunciar o filme publicamente. Eu disse: ‘Será que algum ser humano são acredita verdadeiramente que o presidente Johnson, a Comissão Warren, a CIA, o FBI, o Serviço Secreto, policiais, mafiosos, loucos, todos conspiraram juntos como na visão enlouquecida de Stone?’ Bob estava calmo. Ele me conduziu a uma realidade mais além. Como eu era presidente da Motion Picture Association of America, não estaria em um conflito de interesses? Sim, eu respondi, e disse que estava disposto a pedir demissão do meu cargo para que esse conflito fosse dissolvido. No fim, Bob e eu concordamos que eu ficaria quieto até que a votação dos prêmios da Academia fosse concluída. Então, eu iria a público.
Os jornais de 2 de abril de 1992 traziam meu ataque ao filme de Stone. Eu disse, entre outros comentários: ‘Jovens garotas e meninos em 1941 ficaram impressionados com O Triunfo da Vontade, de Leni Riefenstahl, no qual Hitler é retratado como um Deus recém-nascido. Tanto JFK quanto Triunfo da Vontade são igualmente obras-primas da propaganda e imposturas.’
Oliver Stone divulgou uma réplica à minha declaração dizendo em parte que esperava que eu me juntasse a ele ‘na tarefa de pedir que todos os arquivos do governo sobre o assassinato do presidente Kennedy fossem abertos ao público para que o povo americano pudesse ter uma compreensão mais profunda dessa tragédia’. Eu e outros fizemos exatamente isso. Os arquivos foram completamente abertos. Nem uma pequena evidência das infames acusações de Stone foi encontrada. Como as bravatas de Jim Garrison, não havia nada de nada. Ainda assim, onde quer que JFK seja exibido hoje, a habilidade de Stone em juntar a verdade e a mentira e criar a partir disso algo que parece plausível ainda faz com que os espectadores vejam aquilo como ‘real e verdadeiro’.
É por isso que nós levamos o caso para o History Channel. Talvez dar uma olhada nesse produto desprovido de fatos faça os futuros espectadores hesitarem um pouco antes de acreditarem em qualquer coisa. Mas imagino. Não importa o que os historiadores relatem a respeito desse ‘documentário’, ele vai continuar aparecendo no ar como se fosse ‘a verdade’. Evidências de quão infundadas suas acusações são não serão conhecidas por uma nova geração de espectadores. Eles vão assisti-lo e dizer: ‘Foi assim que aconteceu?’ O poder de dissolver a razão em uma escalada narrativa muitas vezes potencializada pelas maravilhas digitais tornam cada vez mais difícil distinguir o que é certo do que está completamente errado. Isso, no entanto, não deve nos distanciar da verdade. (Tradução de Alessandro Giannini)’
TV DIGITAL
Tela Viva News
‘Powell quer apressar switch-off da TV analógica’, copyright Tela Viva News, 25/03/04
‘O chairman da FCC, Michael Powell, apresentou ao Congresso dos EUA uma proposta polêmica para acelerar a transição para a TV digital no país, hoje muito atrasada em relação ao cronograma original. Pela regra da transição para a DTV nos EUA, os broadcasters de uma localidade devem acabar com a transmissão analógica quando 85% daquele mercado for capaz de receber os sinais digitais, seja pelo ar ou por outros meios.
A idéia de Powell é permitir que as operadoras de cabo convertam os sinais digitais para analógicos. Desta forma, seus assinantes contariam para o total de domicílios capazes de receber a DTV, acelerando em talvez alguns anos até a chegada à cota de 85%. Hoje só são contados os espectadores que tenham receptores digitais.
A reação dos radiodifusores não podia ser pior, pois estão ameaçados de perder milhares de espectadores. Além disso, os assinantes de cabo não receberiam a programação em HDTV e multicast, na qual as emissoras vêm investindo há anos.
Desde a implantação da TV digital nos EUA, apenas 8% dos domicílios com TV se habilitaram a receber os sinais, comprando receptores digitais. Por outro lado, a TV por assinatura atinge 85% dos domicílios com TV no país.’