TELEVISÃO
A cruzada da Record
‘Duas grandes campanhas publicitárias para promover novelas, no ar nas últimas semanas, simbolizam a nova fase da competição no mercado de televisão. O anúncio da líder Globo tenta recuperar a combalida audiência, para os padrões do horário, de Paraíso Tropical, hoje em torno dos 36 pontos. Assinada por um dos autores mais celebrados do canal, Gilberto Braga, a novela, em alguns dias, chegou a ter menos espectadores que O Profeta, o folhetim mediúnico das 6 da tarde. Já a Record comemora a boa estréia de Luz da Manhã, que conseguiu manter, no primeiro capítulo, a média de audiência da antecessora, Bicho do Mato (12 pontos, ou cerca de 660 mil domicílios na Grande São Paulo).
Caso Luz da Manhã mantenha o volume de telespectadores, será o sinal de que a Record conseguiu, definitivamente, fincar um pé no horário nobre (nobre?). Seria um avanço em relação a experiências anteriores de outras emissoras, que no passado alcançaram bons índices com uma novela, mas não tiveram fôlego para manter os mesmos patamares nas tramas seguintes.
Os investimentos da Record em telenovelas não são, nem de longe, o maior dos incômodos à Globo. A rede reerguida pelo bispo Edir Macedo adotou como norma reproduzir a estética da concorrente. A grade de programação é semelhante. Do jornalismo ao entretenimento, optou por roubar profissionais da emissora carioca a preço de ouro – a última a receber um convite foi a atriz Fernanda Montenegro. O atual campo de batalha são os eventos esportivos. A Record garantiu a exclusividade na transmissão das Olimpíadas de Londres, em 2012, e fez ofertas milionárias por torneios de futebol, no Brasil e no exterior.
A tática começa a abalar os índices da Globo. A Record consegue com freqüência a liderança matinal com o Hoje em Dia, ancorado pelo ex-repórter global Britto Jr., a modelo Ana Hickman e o cozinheiro Edu Guedes. E ainda estraga os domingos do apresentador Fausto Silva com picos de audiência do Tudo É Possível, com Eliana, e do Domingo Espetacular, de Paulo Henrique Amorim. Exemplos de programas capazes de bater a Globo, ainda que momentaneamente, não faltam à grade, até porque a capacidade de produção de conteúdo próprio da Record é de 85 horas semanais, o maior entre as emissoras, à exceção da rival.
Fora das telas, a disputa anda mais acirrada. Na esfera política, onde a Globo conta com tradicionais e poderosos aliados, a Record procura contrabalançar por meio do apoio da bancada evangélica no Congresso, que, embora tenha sofrido baixas nas últimas eleições, continua atuante. Teria a Globo, depois de mais de três décadas de liderança absoluta, encontrado uma rival à altura?
*Confira a íntegra da reportagem na edição impressa de Carta Capital’
Pedro Alexandre Sanches
E agora, Lombardi?
‘No início de março de 2007, Silvio Santos decidiu ensaiar uma volta triunfal ao seu hábitat natural: os lares brasileiros nas tardes de domingo, pelo filtro da tela do SBT. Na tarde do dia 18, no programa Tentação, ele brincava de atirar às ‘colegas de auditório’ frases risonhas no estilo ‘Lombardi, nós vamos tomar o dinheiro delas’, ‘o que importa é nós ganharmos o dinheiro delas’ e ‘pobre se contenta com qualquer coisa’.
Nem tudo voltou a ser como era antes, no entanto. Nos três primeiros domingos, o renascido Programa Silvio Santos foi derrotado em audiência não só pela Rede Globo como também pela Record. E se distanciou um pouco mais dos tempos idos em que o animador e empresário podia apregoar sua rede de tevê como a segunda maior do Brasil.
Em reservado, Senor Abravanel (seu nome verdadeiro) admite a colaboradores que os programas de animadores de auditório são coisa do passado e que ele próprio, Silvio Santos, não dá mais ibope. A volta à programação dominical, aos 76 anos, soa como uma tentativa de reconquistar espaço de acordo com o mesmo modelo que fez dele rei absoluto da programação popular na tevê, dono de um sofisticado complexo empresarial e a pessoa física que mais pagava Imposto de Renda no País no ano de 2000.
Os sinais de que o Sistema Brasileiro de Televisão já não consegue mais se alicerçar no modelo que criou como alternativa ao ‘padrão Globo de qualidade’ se acumulam desde 2001. Foi quando, num soluço de popularidade que não voltou a se repetir, o reality show Casa dos Artistas conquistou audiência e repercussão explosivas e, fato incomum para Silvio Santos, causou comoção não apenas entre o público habitual das faixas C, D e E, mas também entre as chamadas classes A e B, quase sempre aparentemente refratárias à suposta cafonice do homem do Baú da Felicidade.
Duas imagens recentes ajudam a consolidar a impressão de que Silvio Santos vem sendo atropelado por transformações que vão além do mero avanço da Record. Uma delas, no fim de 2006, foi a inauguração do hotel de luxo Jequitimar, no Guarujá (SP), sob um investimento estimado em mais de 150 milhões de reais e tido como o primeiro empreendimento do Grupo Silvio Santos destinado às classes A e B.
A outra diz respeito ao apresentador Carlos Massa, o Ratinho. Hábil condutor de programas naquele perfil popularesco e sensacionalista que fez o esplendor do SBT dos anos 90, ele amarga um prolongado inferno astral dentro da empresa. Seus programas têm sido submetidos constantemente a alterações e cancelamentos.
Freqüentador assíduo do ‘ranking da baixaria na tevê’ criado pela Câmara dos Deputados, Ratinho ultrapassava 30 pontos de audiência no Ibope no fim dos anos 90. Em janeiro de 2007, o ‘jornalístico’ Jornal da Massa pelejava para vencer o desenho A Turma do Pica-Pau, da Record, na faixa de 6 a 8 pontos. Segundo diagnósticos internos, a imagem sensacionalista dos programas de Ratinho passou a afugentar o mercado publicitário, e ele se tornou uma fonte de faturamento negativo e prejuízos constantes para o SBT.
A conhecida instabilidade de Silvio Santos frente à grade de programação atinge ápices inéditos, e não afeta apenas Ratinho. O troca-troca de horários e formatos desestabiliza a tradicional Hebe Camargo e a emergente Adriane Galisteu e coloca as equipes do departamento jornalístico em estado de apreensão permanente.
Em dezembro passado, o departamento de divulgação foi extinto, e a determinação vigente até hoje é de que os profissionais da casa não concedam entrevistas. Sem equipe de divulgação, o SBT parou de informar publicamente os horários das atrações, e a situação prevalecia ao menos até a quinta-feira 22, às vésperas da estréia da nova programação, que, segundo o reclame exibido no ar, iria ‘fazer a concorrência tremer de medo’.
Para o sociólogo Sérgio Miceli, autor do ensaio A Noite da Madrinha, sobre Hebe Camargo, Silvio Santos ficou com um naipe de alternativas desgastadas. ‘Hebe tem audiências muito baixas, é uma sobrevivente dela mesma, assim como ele próprio. São dinossauros de um outro momento’, avalia.
Miceli atrela o ocaso de tais figuras ao desenvolvimento do País como um todo: ‘A sociedade brasileira está vivendo transformações importantes. O efeito do aumento de escolaridade não aparece imediatamente, mas é evidente que depois dele a tevê nunca mais será a mesma coisa, terá outros padrões de difusão’.
Um profissional envolvido nas recentes reformulações do SBT atesta que a rede dispõe de pesquisas que apontam uma relação direta entre esse aumento da escolarização e o declínio da programação estilo mundo-cão: se a escolaridade aumenta, cresce em proporção direta o grau de exigência do espectador. Silvio Santos também sabe disso, mas aceitar que há um SBT que está morrendo lentamente e um outro que espera para nascer significa, também, jogar para o alto várias décadas de reafirmação do modelo personalista idealizado por ele.
‘Crescendo dentro de um fenômeno de urbanização e migração cidade-campo, Silvio recriava a quermesse rural, o jogo e a brincadeira’, analisa o sociólogo e pesquisador de comunicação Laurindo Leal Filho. ‘Com isso, auxiliava na ressocialização desses migrantes, diminuía o choque deles com a cultura urbana. Hoje, o processo migratório já não se dá mais daquela forma.’
A hesitação constante entre conservar e modernizar parece povoar em cada detalhe o SBT, tido por muitos funcionários como uma empresa exemplarmente moderna em termos trabalhistas – quem tem carteira assinada, por exemplo, recebe todo mês uma cesta básica, que é entregue em domicílio.
Se, por um lado, Silvio insiste nos programas de auditório copiados de matrizes em Miami e na América Latina, por outro, dá sinais de preparar a própria sucessão. Na comemoração dos 25 anos de existência da rede SBT, em agosto passado, afirmou que não estará presente nos próximos 25 anos e que as filhas é que ocuparão seu lugar. Ele tem seis filhas, entre elas Patrícia Abravanel, diretora do braço financeiro do grupo (o Banco Panamericano), e Daniela Beyrutti, recém-nomeada diretora artística do SBT.
Um clima de tensão geracional parece compor o pano de fundo do atual momento. Há poucos dias, foi demitido Orlando Macrini, tido há longa data como braço direito de Silvio. A ascensão de Daniela, por sua vez, tornou-se visível no ano passado, quando ela dirigiu a primeira edição da versão nacional do reality show American Idol, destinado, de acordo com a publicidade, a revelar ‘o novo ídolo do Brasil’.
O programa Ídolos incorporou para si dicotomias entre popularizar e sofisticar, modernizar e conservar. Começou destoando dos padrões do SBT, com uma linguagem de edição dinâmica e inteligente. Revelou de cara o ‘ídolo’ juvenil Leandro Lopes, um cantor rebelde de cabelos vermelhos arrepiados (e logo apelidado de ‘Pica-Pau’), mas ele foi sendo diluído e domesticado no decorrer do programa. Vencedor, estreou em disco pela Sony & BMG, mas vendeu modestas 32 mil cópias, em nada parecidas às cifras de milhões da indústria fonográfica dos anos 90.
Revigorado em 2005, o telejornalismo do SBT transformou-se no ano passado em alvo preferencial da indecisão quanto a faixas de público e modelos de patrocínio a ser buscados. Contratada para conduzir o SBT Brasil, Ana Paula Padrão ficou à mercê da inconstância de Silvio. Com índices de audiência menores que os esperados, teve de trocar seis vezes de horário, antes de acertar sua saída do telejornal e trocá-lo por um programa semanal de reportagem, SBT Realidade, que deve estrear na segunda-feira 26.
Ana Paula diz que está feliz com o novo rumo, que consolida a determinação trazida desde os tempos de Globo, de abandonar o posto de apresentadora de telejornal. ‘É difícil explicar, fica até antipático, mas eu sou repórter, gosto da rua. Não entrei nisso para ser famosa. Surfei na onda midiática, mas dizer que adoro sentar maquiada na bancada e ser reconhecida em loja? Não, não gosto.’
Dizendo-se desinteressada das meras guerras de audiência, ela afirma torcer por um novo nivelamento entre as diversas redes de tevê do Brasil: ‘Acho muito bom que se democratize a comunicação, o acesso à informação, a distribuição de informação. Toda hegemonia é ruim. Será bom para todos uma divisão mais razoável, contanto que seja limpa’.
Com a saída de Ana Paula, Silvio tomou pessoalmente as rédeas do SBT Brasil, que passou a ser apresentado por Carlos Nascimento e Cynthia Benini (ex-Casa dos Artistas). Roteirizou e dirigiu pessoalmente a gravação piloto do novo jornal. A estréia foi desastrosa, oscilando entre 2 e 4 pontos de audiência.
No processo, trocou também o comando geral do núcleo jornalístico, entregando-o a Paulo Nicolau (egresso da Record), em meio a lances folclóricos: o intermediador da vinda de Nicolau teria sido Itamar de Oliveira, colaborador antigo e ex-adestrador de cães do patrão do SBT.
Outra que esteve à deriva por longo período foi a equipe do jornalista Carlos Amorim, que trabalhou no Fantástico e foi um dos criadores do Domingo Espetacular, da Record. O plano de criar um programa de entretenimento e informação para os domingos foi iniciado e interrompido inúmeras vezes desde o começo de 2005, até o cancelamento definitivo e a demissão de todos os profissionais envolvidos, em março de 2007. Entre eles estava Magdalena Bonfiglioli, repórter do SBT desde a primeira transmissão do canal, em 1981.
Por razões diversas, programas como a revista dominical que não houve e o SBT Brasil imaginado por Ana Paula Padrão se ancorariam mais na credibilidade junto ao público e aos anunciantes que na disputa ponto a ponto pelo Ibope. Divergiriam diametralmente, portanto, da obsessão por audiência dos tempos espalhafatosos de Ratinho e Gugu Liberato, que por vezes produziram episódios deprimentes, como o da falsa entrevista de dois supostos integrantes do PCC no Domingo Legal, em 2003.
Participariam de um lento distanciamento entre o SBT e as faixas C, D e E de público, que sempre o consagraram e que, por sinal, também se encontram em franca transformação, seja nos ditos ‘grotões’, seja nos centros urbanos. Esse deslocamento, como observa um ex-diretor do SBT, poderia fazer a rede cair para quarto ou quinto lugar no ranking das tevês.
Todos os fatores de mudança tropeçam, um por um, nos valores e na vaidade do Silvio animador e ‘artista’, que sempre andou lado a lado com o empreendedor certeiro que ele também tem sido ao longo das últimas cinco décadas.
Carioca da Lapa e filho de um comerciante que chegou a se viciar em jogos de azar, Silvio nasceu pobre, mas, contrariando o chiste que ainda comete com as ‘colegas de auditório’, não se contentou com qualquer coisa.
Antes de se tornar o homem do Baú, dos domingos e do SBT, foi camelô nas ruas, locutor de anúncios via alto-falante na barca Rio-Niterói, animador na Rádio Nacional, orador em comício político, apresentador de circo. A título de ilustração, sabe-se que até hoje usa uma fritadeira elétrica e um forno de microondas para preparar ele mesmo suas refeições, nos intervalos entre as gravações.
‘O SBT é muito estruturado em cima de uma pessoa só, da visão de mundo e de sociedade de um homem de negócios formado na rua’, arrisca o especialista Laurindo Leal Filho. ‘Todas as decisões são tomadas a partir do feeling pessoal dele. Esse feeling dava certo porque era uma alternativa popular ao padrão Globo, mas talvez falte racionalidade, do ponto de vista de uma empresa de comunicação no mundo capitalista.’
Eis aí, enfim, o cabo de força hoje segurado numa ponta por Senor Abravanel, o empresário sofisticado, e na outra por Silvio Santos, o artista popular em pleno picadeiro. Enquanto luta consigo mesmo, nas arquibancadas e nos camarotes o público espectador também se encontra em pleno movimento.’
DEMOCRACIA & MÍDIA
Deonísio da Silva
O que é que a democracia tem?
‘O que é que a baiana tem, Dorival Caymmi já nos explicou, em lições imortais, ministradas, entre outros, por ele e por Carmen Miranda: ‘Tem torço de seda, tem!/ Tem brincos de ouro, tem!/ Corrente de ouro, tem! Tem pano-da-Costa, tem!’.
Vestida a caráter – no Brasil meridional, dir-se-ia pilchada – a baiana apresenta-se de ‘bata rendada’, ‘pulseira de ouro’, ‘saia engomada’ e ‘sandália enfeitada’. Mas de nada serviriam todos esses adereços, não fossem duas qualidades essenciais de sua baianice: ‘Tem graça como ninguém,/ Como ela requebra bem!’. O pano-da-costa, listrado ou em cores vivas, feito à mão, era assim chamado porque o Brasil o importava da costa da África. O torço é mais conhecido como turbante.
A democracia é plantinha frágil em nosso jardim republicano. Não nasceu, foi transplantada da Europa e dos EUA. Para que pegasse entre nós, foi necessário impô-la à força da espada do marechal Deodoro da Fonseca, um monarquista muito amigo do imperador Dom Pedro II, a quem depôs, liderando um golpe de Estado. E os insurgentes trataram de exilá-lo de madrugada, temerosos de que, se aguardassem clarear o dia, as coisas poderiam ficar muito escuras para o lado deles: o povo seria capaz de aclamar o imperador a caminho do cais da atual Praça XV, no Rio, impedindo-o de embarcar e sustando o exílio.
A nova seqüência dinástica do poder, se começou mal, continuou pior. Proclamada há pouco mais de um século, a república brasileira vem aos trambolhões, vencendo golpes de Estado e períodos discricionários de preocupante intermitência. Ainda restam feridas abertas do último golpe do ciclo pós-1964 e está na presidência da República o líder metalúrgico que precisa dialogar com quem lhe serviu de carcereiro, como foi o caso do senador Romeu Tuma, quando exercitava direitos democráticos assegurados em numerosos diplomas legais, como gostam de afirmar os juristas pátrios.
Alguns textos do cientista político Wanderley Guilherme dos Santos, senhor de respeitado vitae nos círculos acadêmicos, soam heréticos à maioria de seus pares, mas entusiasmam o leitor justamente pela ousadia no exame de conhecidos problemas brasileiros.
Autor de uma obra coerente e bem fundamentada, ele tem o mérito de arriscar a dizer o que pensa e evita o principal defeito de seus pares PHDs: o excessivo apoio bibliográfico, boa estratégia de repetições que não trazem novidade nenhuma no perigoso exercício de pensar. Não, ele arrisca muito.
Governabilidade e democracia natural (Rio, Editora da FGV, 168 p.), seu livro mais recente, começa como que convidando o leitor a examinar por si mesmo a nossa realidade política, marcada por temas e problemas muito comentados na imprensa, de que são exemplos a ‘enorme quantidade de candidatos’ procurando eleitores num ‘exagerado número de siglas’, o que ‘favorece a crônica instabilidade política do país’.
É um daqueles livros que vale a pena ler, entre outros motivos, pelo arrojo das análises empreendidas. Ele parece nos lembrar a frase imortal de Tom Jobim: ‘o Brasil não é para principiantes’.
Sirvam de exemplos as relações entre economia e política, óbvias para quase todos. ‘Nenhuma relação incontroversa foi identificada até hoje’, diz, conciso e didático, o cientista. E lança luzes fulgurantes sobre a insólita concordância de conservadores e progressistas no diagnóstico de que o mal de nossa democracia está nas instituições políticas e que é preciso reformá-las. O ‘voto compulsório’, o ‘regime presidencialista’ e os partidos ditos ‘pequenos’ são realmente problemas? O que é bom para o Estado, não é necessariamente bom para o cidadão. Por isso, insurge-se contra a preguiça da análise pré-fabricada, conclamando a trabalhar com outros indicadores.
A democracia, à semelhança da baiana, também tem ‘graça como ninguém’ e ‘requebra bem’, itens que as réguas não medem, para evitar equívocos. Afinal, por duas polegadas a mais, já passaram outra baiana pra trás. E sempre restará a questão vista de outro modo: Marta Rocha tinha duas polegadas a mais ou a americana Miriam Stevenson tinha duas polegadas a menos?
Naquela oportunidade o júri estava contra o povo. É o que às vezes nossas elites querem fazer com a democracia.’
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