Saturday, 02 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1312

Carta Capital

MÍDIA & POLÍTICA
Phydia de Athayde

Estudo inédito do Iuperj aponta postura anti-Lula na cobertura das eleições

‘‘Os grandes jornais de circulação nacional, no Brasil, adotam um híbrido entre os dois modelos de pluralismo: formalmente, no discurso ético de autoqualificação diante dos leitores, procuram associar-se aos conceitos e rituais de objetividade do jornalismo americano, como é possível constatar nos slogans, diretrizes oficiais, manuais de redação, cursos de jornalismo. No entanto, na produção do impresso diário, o que vimos são diferenças no tratamento conferido aos candidatos, de amplificação de certos temas negativamente associados a Lula, contraposto à benevolência no tratamento de temas espinhosos relacionados a seus adversários .’

Esta é uma das conclusões a que chegaram os pesquisadores do recém-concluído estudo sobre a atuação dos jornais brasileiros nas últimas duas eleições presidenciais. O trabalho do Doxa, Laboratório de Pesquisa em Comunicação Política e Opinião Pública, vinculado ao Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro), tem como finalidade investigar os processos eleitorais e de formação da opinião política.

O professor Marcus Figueiredo coordena o laboratório e, com a pesquisadora e cientista política Alessandra Aldé, organizou o estudo ‘Imprensa e Eleições Presidenciais: natureza e conseqüências da cobertura das eleições de 2002 e 2006’, que deve ser publicado em livro ainda este ano. Em anos eleitorais, quinzenalmente o Doxa publica em seu site a mensuração da cobertura jornalística que cada um dos principais candidatos recebe. A partir desses dados, os pesquisadores identificaram e qualificaram a opção editorial dos principais jornais brasileiros. Partidarismo encoberto pelo manto da imparcialidade, basicamente, é o que concluem.

Para aferir como isso se dá, o Doxa utiliza uma metodologia que busca quantificar, qualificar e comparar o teor das menções a candidatos publicadas nos jornais. Há desde o registro de data de publicação da entrada, passando pela classificação quanto à área do jornal: opinativa (editoriais, colunas, charges, artigos assinados) ou informativa (reportagens, fotos, infográficos, chamadas de primeira página), e, por fim, chega à valência, que pode ser positiva, negativa ou neutra. A valência é classificada de acordo com o ‘efeito potencial para a candidatura, notando-se ou não intenção de viés ou parcialidade jornalística’, explica o site do laboratório (doxa.iuperj.br).

Na presente análise, os pesquisadores compararam o comportamento e as opções editoriais de três jornais impressos do País (O Globo, Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo) no pleito de 2002 e no de 2006. Neste, Lula experimentou os efeitos de ser, ao mesmo tempo, o presidente e o candidato à frente nas pesquisas de intenção de voto. ‘A dupla visibilidade apresentou-se predominantemente negativa, amplificando ataques e denúncias, e impermeável à pauta governamental’, constataram.

Por sua vez, nas eleições de 2002, Lula obteve junto à mídia um tratamento bem menos crítico, principalmente depois que, em campanha, declarou a intenção de cumprir os contratos internacionais e manter o programa de estabilização da economia (a ‘Carta ao Povo Brasileiro’, divulgada em 22 de junho de 2002).

O primeiro ponto do estudo analisa a visibilidade do candidato à reeleição: ‘Em 2006, a eleição ocupou desde cedo espaço destacado no noticiário político. O volume da cobertura neste ano eleitoral foi superior ao que verificamos nas eleições de 2002. Tomando o agregado do período, no OESP, são 17.576 vezes em que aparece nos jornais o nome de algum candidato na parte de informação, e 6.592 na parte de opinião. Na Folha, os candidatos a presidente são mencionados, respectivamente, 18.037 e 7.316 vezes e, no Globo, 16.735 e 10.458. Em uma única quinzena, a última antes do primeiro turno, Lula candidato chega a ter 2.332 citações no Globo .’

Os pesquisadores do Doxa destacam especialmente a postura do jornal O Estado de S. Paulo quanto às aparições de Lula. No jornal, o presidente recebe um volume de cobertura muito maior do que nos outros jornais: ‘O OESP é o único em que nunca outro presidenciável ultrapassou ou empatou com Lula, no que se refere ao número de aparições’. O diretor de conteúdo do Grupo Estado, Ricardo Gandour, afirmou a Carta Capital que esta é uma conseqüência de o jornal ter o maior espaço editorial do País. ‘Diariamente, temos de seis a oito páginas a mais que a Folha, então é natural que esse resultado apareça’, disse.

Prosseguem os pesquisadores: ‘Geraldo Alckmin é o segundo candidato com mais aparições em todos os jornais depois da oficialização das candidaturas, acompanhando a polarização da campanha e do eleitorado. Nessa quinzena, o espaço que vinha sendo ocupado pela discussão a respeito das possíveis candidaturas tucanas – a disputa entre Serra e Alckmin – passa a concentrar-se exclusivamente em Alckmin.’ Até Heloísa Helena ganhou. A imprensa mostrou-se ‘curiosamente benevolente’ com a candidata do PSOL, partido que defende propostas em geral combatidas pelos principais veículos. Ponderam os pesquisadores: ‘Parte da explicação para a trajetória positiva da cobertura dada à candidata decorre do espaço dado pelos jornais aos ataques da oposição ao governo ou candidatura de Lula’.

Além da visibilidade dos candidatos, pesa, e muito, a valência do que se diz. De acordo com o Iuperj, ‘negativa demais para ser apartidária’, como pode ser visto nos dados do período da campanha de 2006, seja de opinião, seja de informação. Comparativamente, o clima geral das coberturas dos jornais apresentou comportamento distinto nas eleições de 2002 e 2006. ‘Pode-se dizer que tão logo a campanha de Lula aderiu ao establishment a mídia abriu-lhe um canal favorável’, observaram os pesquisadores, para comparar com o pleito seguinte: ‘Em 2006, ao contrário, o clima editorial brasileiro foi desfavorável para o presidente e candidato Lula no ano eleitoral de 2006’.

Adiante, o estudo destaca que o Estadão teve um tratamento mais aberto à agenda positiva do candidato (Alckmin) como governador do que no caso de Lula como presidente. Gandour ressalva que não trabalhava no Grupo no período citado, e diz: ‘É natural que o candidato à reeleição seja objeto de mais críticas, à medida que está no poder’.

Ao longo de todo o trabalho, os pesquisadores do Doxa identificaram, com fartura de dados, que os jornais O Globo e o Estadão são os mais editorializados e posicionados – negativamente, em relação a Lula -, pois apresentam menos porcentagem total de entradas neutras. Essa proporção se mantém tanto nas seções opinativas quanto nas informativas, sempre abaixo da metade.

Na parte de opinião, observou-se que a Folha mantém uma postura mais equilibrada, ao abrir espaço para o pluralismo interno de opiniões. A editora-executiva do jornal, Eleonora de Lucena, não quis avaliar as análises do Iuperj. ‘Desconheço o estudo citado. Por isso, não posso comentá-lo’, disse. O diretor de O Globo não respondeu à reportagem. O editor de opinião do Estadão, Antonio Carlos Pereira, explicou a valoração eminentemente negativa das menções a Lula, seja como candidato, seja como presidente: ‘É claro que o jornal tem sérias restrições ao governo Lula, pela maneira como ele governa, conforme publicamos com muita freqüência na terceira página (dos editoriais). Evidentemente, não aplaudindo o governo, também não poderíamos aplaudir a reeleição’, defende. Pereira considera lógico o fato de no Estadão Lula ter quase o dobro de noticiário negativo em relação ao positivo: ‘Uma coisa puxa a outra. Quando Lula acerta, não temos receio de noticiar. Mas nossas críticas são muito bem fundamentadas, baseadas em critérios que seguimos há 130 anos’, conclui.

O Iuperj reconhece, nas conclusões, que ‘a politização da imprensa não é, em si, condenável ou louvável’, mas ressalva: ‘O que a concepção de um sistema de mídia democrático e plural não resiste é ver que a extraordinária maioria de seu espaço informativo penda a favor ou contra candidatos em uma cobertura eleitoral, pois aos olhos do eleitorado os informativos dos jornais, TVs e rádios são veículos isentos, críveis e fontes importantes na formação de suas opiniões e decisões .’’

Mino Carta

A mídia é sempre aquela. Mas…

‘O denuncismo no Brasil é de mão só. Visa-se Lula há décadas. Os jornalistas e seus donos não percebem, porém, que foram os grandes derrotados no pleito de 2006

Será a mídia a guardiã da ética, anjo protetor do decoro, sentinela do Estado de Direito? Justificam-se vertiginosas dúvidas. No Brasil e no mundo, são poucos os órgãos midiáticos que ainda praticam o jornalismo à sombra dos velhos, insubstituíveis princípios: fidelidade canina à verdade factual, exercício desabrido do espírito crítico, fiscalização diuturna do poder onde quer que se manifeste.

A independência está em xeque sempre que os interesses do patrão e dos seus negócios, do poder político e econômico, obstam o cumprimento dessas regras. Ou, simplesmente, quando são atiradas à lata do lixo para atender às conveniências de uns e outros, ou de todos.

Há décadas avança o processo de afastamento do jornalismo do papel inicial de serviço público. No Brasil, a rota é diversa daquela percorrida em outros países (leia a reportagem de capa), em decorrência do nosso atraso, a nos manter em um tempo especial, suspenso, mas não equilibrado, entre Idade Média e contemporaneidade. São coetâneos, aqui, diretores de redação por direito divino e computadores da última geração.

Tomemos o exemplo da cobertura da mídia a respeito da Operação Navalha e do caso Renan Calheiros. Até parecerá, a olhos e ouvidos desavisados, que se trata de um balaio único de escândalos. São, porém, distintos. É bom que venham à tona, mas cada um deveria ser colocado no devido lugar. A denúncia, além de oportuna, é necessária, e agora é só esperar pela condenação dos culpados. No entanto, jornais, revistas e emissoras misturam tudo.

Chafurdam (oportuno, também, é evocar esse verbo) no denuncismo, no encalço da crise. Qualquer uma serve, desde que ponha em dificuldade o governo, ou tente pôr.

É um clássico da história do jornalismo nativo. A fúria midiática é, e foi, de mão só. Evitemos recuar demais, lembremos o mar de lama em que chafurdaram (voltei ao verbo) Carlos Lacerda e sua UDN, até levar Getulio Vargas ao suicídio. E recordemos as campanhas anti-Juscelino, ou pró-Jânio Quadros, o fio desencapado da hora agarrado para impedir a eleição do marechal Lott.

Havia um ranço udenista até então. Mas quando se tratou, primeiro, de torpedear a legítima posse de João Goulart depois da renúncia de Jânio, e menos de três anos depois de derrubá-lo, a mídia estabeleceu o consenso total, sonho dourado da nossa oligarquia. E convocou os gendarmes para o golpe de 1964, a terceira, imensa tragédia brasileira, depois da colonização predatória e da escravidão.

A mídia não hesitou na agressão ao Estado de Direito, e omitiu-se, e mentiu, 21 anos a fio, até o momento em que a ditadura fardada se esvaiu em seus próprios erros e contradições. A adesão à campanha das Diretas Já foi lenta e parcial, e ao cabo não houve jeito de escapar à rendição à vontade popular. Poucos, porém, enxergaram nas indiretas uma derrota.

Em 1989, o fio desencapado foi Fernando Collor, valia tudo contra o Sapo Barbudo. O novo presidente passou a exigir pedágios cada vez mais elevados, até a célebre CPI sem provas da corrupção denunciada pelo irmão. Não passaria de um chega-para-lá, não fosse o motorista Eriberto, que apresentou a demonstração inegável da ligação entre a Casa da Dinda e PC Farias. E então desencadeou-se a pantomima das manifestações pró-impeachment, orquestrada pela inefável Globo.

Depois, o apoio irrestrito e enamorado a Fernando Henrique Cardoso. Roberto Marinho acreditou cegamente na sua colunista Miriam Leitão, segundo quem a estabilidade, bandeira da campanha da reeleição, era donzela inviolável. Deu-se, contudo, o maior engodo da história eleitoral brasileira, 12 dias depois de empossado FHC desvalorizou o rublo, perdão, o real.

A mídia condescendeu, assim como ocorreu quando das privatizações, de, no mínimo, duvidosa feitura. Quem sabe valesse perguntar o que pensam a respeito alguns dos mais atilados articuladores fernandistas. Digamos, o Mendonção, bem-posto cidadão escorado por filhos criativos. Ou André Lara Resende, que hoje vive em uma quinta em Portugal e monta em Londres na sela de cavalos conduzidos até lá de avião. Houve tempo em que os coronéis nativos levavam vacas para Paris, a fim de garantir leite matinal.

E a mídia? Impassível. Só emerge da expressão de Buster Keaton quando se trata de fazer campanha a favor de José Serra ou de Geraldo Alckmin. Contra Lula, ainda e sempre o Sapo Barbudo. E por aí o bombardeia, sem pausa ou refresco, por um ano e meio para verificar, finalmente, que as bombas caíram n’água.

Há quem diga que denunciar escândalos pode ser fenômeno promissor. Pensamento similar àquele de quem supõe que pena de morte reduz o número de assassínios. A mídia brasileira até hoje não traiu a si mesma e às suas tradições. Se há algo positivo neste quadro é a vitória exuberante de Lula no ano passado contra a mídia, antes de ser contra Alckmin.

Eles próprios, os jornalistas e seus donos, deveriam constatar que não chegam lá, ao contrário do ocorrido no século passado. Às vezes me pergunto se a mídia cogitaria substituir os partidos, em plena falência, ou se acredita que a substituição já se deu. Recomenda-se não esquecer que partidos se consolidam no voto. A julgar por 2006, convém à mídia repensar a si mesma.’

ECOS DA DITADURA
Mino Carta

Só falta convocar a Marcha

‘As reações da mídia à indenização dada à viúva de Lamarca pela Comissão de Anistia mostram que o tempo não passou

Executados

Memórias dos tempos idos. Estamos em 1971, dirijo a redação de Veja e Octavio Ribeiro, o Pena Branca por obra de uma mecha que logo acima da testa sulca-lhe o cabelo preto, recebe de um oficial do Cenimar, no Rio de Janeiro, cópias de cartas manuscritas de Carlos Lamarca à namorada Iara Iavelberg. Naquele momento ambos já morreram, assassinados por agentes da ditadura.

Ela antes dele, suicida segundo as autoridades de plantão, de verdade, como ficará provado, morta por uma bala que jamais poderia ter disparado. Lamarca foi fuzilado à sombra de uma das ralas árvores da caatinga, por uma matilha de perseguidores, comandada por um capitão, Nilton Cerqueira, hoje general.

Lamarca vinha de uma fuga de centenas de quilômetros pelo sertão, os primeiros três tiros o atingiram pelas costas e mais quatro o alvejaram quando já estava caído e sem ação. Dos 16 companheiros que o seguiram inicialmente, sobrara um apenas. Combate não houve, mas o frio assassínio.

As cartas foram publicadas, 36 anos atrás, e trechos de uma delas saíram na capa de Veja. Eram textos exaltados, da lavra de alguém disposto inexoravelmente a mergulhar em ilusões.

A Veja naquele tempo ia às bancas na segunda-feira e, ao meio-dia, três janízaros à paisana invadiram minha salinha e me carregaram para uma C-14, o veículo preferido pelo DOI-Codi. Primeiro fui conduzido até a sede da PF do bairro de Higienópolis, onde permaneci por umas duas horas em companhia de meliantes de medíocres calibres. Depois fui transferido para o QG do II Exército, não sem antes ouvir da boca de um censor conhecido nos tempos em que dirigia o Jornal da Tarde, sussurrada a frase no meu ouvido enquanto deixava a delegacia: ‘Desta vez é grave’.

Fiquei em uma cela forrada de aço escovado por mais um punhado de horas, até ser levado à presença de um coronel de aspecto teutônico e de sobrenome Herar. Perguntou: ‘O senhor sabe por que se encontra aqui?’ Respondi ignorar. Disse: ‘A revista que o senhor dirige publicou material subversivo’. Retruquei: ‘Fornecido a um repórter da sucursal carioca por um colega seu do Cenimar’.

Olhou-me intrigado. Insisti, e sugeri que ligasse para o próprio. Pediu cortesmente licença e retirou-se por um tempo. Voltou e admitiu: ‘É verdade, o senhor pode retirar-se em liberdade’. Eram nove horas da noite e fui tomar canja no restaurante do Giovanni Bruno. Até hoje me pergunto quais foram as razões do homem do Cenimar ao entregar as cartas ao Pena Branca. De quem me lembro com saudade. Foi-se há muito tempo, era figura excelente e repórter de primeira.

Tempos difíceis, aqueles, sobretudo para jornalistas sob censura. Não perco, aliás, a oportunidade de lembrar que a maioria não estava. De todo modo, corte para os dias de hoje. Li na sexta passada o editorial da Folha de S.Paulo, intitulado ‘O caso Lamarca’. Li no sábado o editorial do Estadão, intitulado ‘Prêmio ao facínora desertor’. Li um breve texto de Veja, intitulado ‘O Bolsa Terrorismo’.

Segundo a Folha, a decisão da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça representa um prêmio à deserção, a qual, se bem interpreto, justificaria o fuzilamento. É da percepção até do mundo mineral que Lamarca não foi desertor. Se quiserem, amotinado. A quem sustenta que a pena de morte se condiz a desertores, sugiro, em dias de lazer, a visão de um filme de Stanley Kubrick, Glória Feita de Sangue. Conta uma história de deserção da Primeira Guerra Mundial.

Segundo o Estado, o propósito de Lamarca desertor, terrorista, torturador e assassino, era implantar no Brasil uma ditadura mais cruel e liberticida do que a que desabara sobre nós com o golpe de 1964. O jornal chega a evocar com simpatia adversários do regime militar que ‘contribuíram para o processo de redemocratização’ e define como ‘memorável’ o movimento das Diretas Já. Esquece ter implorado o golpe e condenado o movimento.

A Veja atinge o paroxismo. Lamarca ‘foi morto em combate por militares que cumpriam o dever de detê-lo’, mas o ‘terrorista’ é agora ‘transubstanciado’ em mártir nacional. Papa Ratzinger gostaria deste verbo, transubstanciar. Quanto à Comissão de Anistia, ‘parece movida pela ideologia de esquerda’. Em geral, os editoriais e o artiguete de Veja evidenciam o sabujismo tradicional em relação às Forças Armadas. E algo mais. A forma e o conteúdo, o tom e a letra, mostram que o tempo não passou.

Não se trata de tomar o partido da ditadura ou de Lamarca. Bastaria, quem sabe, admitir que este foi resultado daquela. E que a ditadura, a ser condenada in limine por espíritos autenticamente democráticos, foi um monstruoso passo atrás na história brasileira, pelo qual pagamos até hoje. Ocorre, porém, a julgar pelas reações da chamada grande imprensa, que os chavões oligárquicos continuam alerta. Só falta convocar a Marcha da Família, com Deus, pela Liberdade.’

TROFÉU IMPRENSA
Carta Capital

Sinais da credibilidade em crise

‘Eleitores do Troféu Imprensa rejeitam a mídia do poder. Na categoria revista semanal, CartaCapital recebe 75% dos votos

Realizado anualmente em homenagem ao Dia da Imprensa, o Troféu Imprensa teve as votações da edição 2006 encerradas na sexta-feira 15. Os resultados, disponíveis no site http://portalimprensa.uol.com.br, confirmam a crise de credibilidade da mídia brasileira. Os grandes veículos, ao contrário de edições anteriores do prêmio promovido pela revista e o portal Imprensa, saíram derrotados da enquete realizada durante 30 dias.

Na categoria Melhor Revista Semanal de Informação, CartaCapital venceu com 75% dos votos. A revista Veja teve 18%, a Época 3% e a IstoÉ, 2%. Outra das 14 categorias em que houve vitória disparada foi a de Blogs, na qual o jornalista Luis Nassif (http://luisnassif.blig.ig.com.br) angariou 65% dos votos.

Mais emboladas ficaram as categorias em que apenas os grandes grupos competiram. No caso de Jornal Diário, por exemplo, O Estado de S. Paulo foi o escolhido por 38% dos eleitores, ante 25% dos votos para a Folha de S.Paulo e 24% para o Valor Econômico.

Mal das pernas diante dos eleitores ficaram os veículos das Organizações Globo. O jornal O Globo teve meros 7% dos votos e o Jornal Nacional foi escolhido por 10% dos votantes, perdendo na categoria Jornal Televisivo para o Leitura Dinâmica (Rede TV!), com 33%. Entre os sites de notícia, o iG foi o mais bem cotado, com 49%.

Sem desconsiderar os méritos dos vencedores, é fato que o resultado indica ainda uma mudança na percepção do público e dos jornalistas votantes. Escolher quem não adere ao coro é, também, uma forma de reação.’

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Clique nos links abaixo para acessar os textos do final de semana selecionados para a seção Entre Aspas.

Folha de S. Paulo – 1

Folha de S. Paulo – 2

O Estado de S. Paulo – 1

O Estado de S. Paulo – 2

Terra Magazine

Veja

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