Saturday, 02 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1312

Cobertura sob o império do off

Na quinta-feira (24/5) completou-se a primeira semana da Operação Navalha. As primeiras informações pela internet apareceram na quinta (17), os jornais impressos entraram no dia seguinte. Já há material, portanto, para um balanço preliminar da cobertura.


Primeira constatação: os telejornais não dão conta da massa de novas informações, nem conseguem costurar as referências antigas. Não adianta: a televisão é um meio veloz e a nossa TV ainda é mais ligeira do que a de outros países.


Segunda constatação: os jornais não conseguem se desvencilhar das rotinas e formatos habituais. Destacam os fatos novos, é verdade, mas estão engessados, incapazes de sacudir os leitores com soluções impactantes à altura do fato.


Terceira constatação, esta mais grave. Uma operação policial dessa envergadura, com desdobramentos políticos imprevisíveis, exige total visibilidade da fonte das informações. A mídia está aceitando a consagração do vício do off, a notícia transpirada, sem fonte assumida. Errado. A Polícia Federal precisa se habituar aos briefings diários – a transparência é fundamental.


Compreende-se que o diretor da PF, Paulo Lacerda, não queira aparecer. Mas será que a mais importante e mais poderosa instituição policial do país não consegue contratar um policial categorizado para funcionar como comunicador formal?


Uma polícia judiciária não pode depender de canais informais, nem contratar assessorias terceirizadas, e se o sigilo do processo impede uma comunicação direta é melhor esperar pelos indiciamentos. Foi justamente esta ‘informalidade’ no caso do Dossiê Vedoin, em setembro do ano passado, a responsável pela crise que abalou as relações do governo com a mídia.


Jornais e jornalistas deveriam ser os primeiros a recusar este tipo de relação e a Polícia Federal só poderia agradecer.


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