Foram anunciados, na segunda-feira (17/4), os vencedores do Pulitzer, mais importante premiação do jornalismo americano. Dois jornais da região devastada pelo furacão Katrina, em setembro do ano passado, foram homenageados na categoria de serviço público, a mais prestigiosa do Pulitzer.
O Times-Picayune, de Nova Orleans, e o Sun Herald, de Gulfport, no Mississippi, receberam o prêmio por sua ampla cobertura sobre o Katrina e os estragos causados pelo furacão. Os dois conseguiram manter a cobertura sob difíceis circunstâncias. Mesmo forçado a suspender a publicação de sua edição impressa por três dias, o Times-Picayune continuou a cobrir o desastre em seu sítio de internet.
O diário foi citado por ‘sua heróica e multifacetada cobertura do furacão e suas conseqüências, fazendo uso excepcional de seus recursos para servir a uma cidade inundada, mesmo depois da evacuação de seus escritórios’. Sobre o Sun Herald, o conselho responsável pela premiação afirmou que ‘[o jornal] forneceu um meio de comunicação aos leitores devastados, nas versões impressa e online, durante o momento em que eles mais precisavam’. Os dois títulos comemoraram a homenagem – que vem acompanhada de uma medalha de ouro –, mas não fizeram a tradicional celebração com champagne dos vencedores, em respeito às vítimas do Katrina.
Escândalos, terrorismo e genocídio
O Washington Post ganhou quatro Pulitzer, seguido do New York Times, premiado em três categorias. Os jornalistas Susan Schmidt, James V. Grimaldi e R. Jeffrey Smith, do Post, receberam o prêmio de jornalismo investigativo por seus artigos sobre o escândalo do lobista Jack Abramoff. David Finkel foi premiado pela matéria sobre a tentativa do governo americano de levar a democracia ao Iêmen. Dana Priest foi homenageada pela história das prisões secretas no Leste Europeu como parte da campanha do governo dos EUA contra o terrorismo. A editora de moda Robin Givhan ganhou o prêmio na categoria de crítica.
James Risen e Eric Lichtblau, do Times, junto com jornalistas do San Diego Union-Tribune e do Copley News Service, levaram o prêmio por reportagem nacional – o Times por matérias sobre os grampos autorizados pelo governo Bush, e o Union-Tribune e o Copley pela denúncia de suborno que levou o ex-deputado Randy Cunningham à prisão. Joseph Kahn e Jim Yardley, também do Times, ganharam na categoria de jornalismo internacional pela reportagem sobre o sistema legal chinês. O colunista Nicholas D. Kristof, do jornalão nova-iorquino, foi premiado por chamar a atenção do público para o genocídio em Darfur, no Sudão.
Escola de Colúmbia
O Prêmio Pulitzer é concedido pela Universidade de Colúmbia. Os homenageados – que recebem US$ 10 mil e, no caso da categoria de serviço público, medalhas de ouro – são escolhidos por júris em cada categoria e recomendados pelo conselho Pulitzer, com 18 membros.
A premiação foi criada por vontade do publisher Joseph Pulitzer, morto em 1911. A escola de jornalismo de Colúmbia foi fundada a partir de uma doação feita por ele. Pulitzer determinou que parte do dinheiro doado fosse reservada à premiação de jornalistas. O primeiro Prêmio Pulitzer foi realizado em 1917. Informações de Deepti Hajela [AP, 17/4/06] e Katharine Q. Seelye [The New York Times, 18/4/06].