A apática reação da mídia ao discurso de estréia de Fernando Collor de Mello no Senado em Março representou um triunfo para o ex-presidente. Essa foi a opinião dos participantes da última edição televisiva do Observatório da Imprensa.
Ao denunciar o seu julgamento como farsa sem que aparecesse ao menos um jornal para mostrar que a última palavra não poderia ser a sua, encerrou-se melancolicamente o “Collorgate”, 15 anos depois de consumado.
Já o “Dossiegate” ou Dossiê Vedoin não necessitará de tanto tempo para ser manipulado e esquecido: ontem, o STF mandou arquivar o processo de indiciamento do senador Aloízio Mercadante (PT-SP), atendendo ao parecer do Procurador-Geral da República.
Ao longo de mais de seis meses, os aloprados que tanto irritaram o presidente Lula foram saindo de cena, de mansinho, um a um. Os donos do dinheiro para a compra do dossiê até agora não foram localizados, a cumplicidade da IstoÉ sequer foi caracterizada, os responsáveis pelo formidável crime eleitoral foram baixando de ranking e logo o caso estará condenado à insignificância e encerrado.
Com a inestimável ajuda do criminalista Márcio Thomaz Bastos, dublê de Ministro da Justiça, demonstrou-se mais uma vez que, no Brasil, o crime compensa. A não ser que a Polícia Federal, irritada com o governo por causa da negativa ao pedido de aumento nos vencimentos, resolva vazar algumas informações aos jornais.