Uma certa seita nos Estados Unidos foi acusada de racismo. Afirmaram que não aceitava fiéis da raça negra. Respondeu que a acusação não procedia, tanto que tinha um fiel negro em Ohio. O PT faz algo semelhante aqui no Brasil. Pego em flagrante no maior esquema de corrupção política da história brasileira, primeiro tenta reduzir um rosário de crimes de toda natureza em apenas ‘caixa 2’ de campanha eleitoral e depois situa o início da prática na campanha à reeleição do governador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), em 1998.
Se formos buscar no passado o início de tudo o que está sendo descoberto hoje, teríamos que relembrar os idos de 1995/96, em São José dos Campos, quando o PT comandava a Prefeitura Municipal. Para não repetir as denúncias do economista Paulo de Tarso Venceslau, lembraria do episódio da radialista Márcia Gastaldi da Cunha, que era paga pela Urbanizadora Municipal S/A (Urbam) para trabalhar na Assessoria de Imprensa da Prefeitura prestando serviços à Rede de Comunicação dos Trabalhadores (TVT), fundada por Lula, Luiz Gushiken, Delúbio Soares, Paulo Okamotto, José Dirceu, Aluisio Mercadante, José Luiz Gonçalves, Gilberto Carvalho e outros 45 petistas de carteirinha.
A TV dos Trabalhadores tinha contrato ‘verbal’ com a agência Contexto Propaganda para produzir as novelinhas Cidade Viva e Fala São José, que custaram mais de 8 milhões de reais aos cofres públicos da cidade. E como existiam 30 jornalistas contratados pela Urbam na época e outros tantos petistas desconhecidos contratados, é de se supor que a prática ocorrida com a radialista Márcia Gastaldi da Cunha possa ter se estendido a outros profissionais. Ora, se a Contexto Propaganda pagava a Rede de Comunicação dos Trabalhadores (TVT) para produzir os programas Cidade Viva e Fala São José, mas era a Urbam ou a prefeitura que remuneravam os profissionais para a execução deste trabalho, para onde foram os milhões de reais pagos?
Todos os ingredientes
Uma pena que a ex-prefeita do PT, a atual deputada Ângela Guadagnin, e a Contexto Propaganda tenham conseguido impedir a quebra do sigilo bancário decretada pelo juiz da 4ª Vara Civil da Comarca, em Ação Popular que propus na época, com recurso interposto no Tribunal de Justiça de São Paulo. Talvez a movimentação bancária da empresa pudesse esclarecer muita coisa da contratação ‘verbal’ da Rede de Comunicação dos Trabalhadores.
Na ata da Assembléia Geral Ordinária, de 1°/7/1996, da Rede de Comunicação dos Trabalhadores, consta, inclusive, uma intervenção do próprio Lula perguntando pelo Cidade Viva, quando o diretor-geral, Mário dos Santos Barbosa, esclareceu que o projeto havia sido substituído pelo programa Fala São José, com prazo limitado, até porque era o último ano da administração do PT. E sabe quem era o diretor de Rádio da Rede de Comunicação dos Trabalhadores? Era Delúbio Soares de Castro.
Pelos fatos expostos, pode-se até inferir que Delúbio Soares de Castro, não só pela antecedência das datas entre os dois episódios (a campanha eleitoral em Minas Gerais de 1998 e a produção das novelinhas do PT de São José em 1995 e 1996), como também por ter participado diretamente do esquema da contratação ‘verbal’ da TV dos Trabalhadores pela agencia Contexto Propaganda, desenvolveu o sistema corrupto, co0rruptor e corruptível implantado pelo PT a nível nacional a partir da experiência de São José dos Campos. Pelo menos todos os ingredientes existiram para que isto tivesse acontecido.
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Jornalista, ex-vereador (1977-1996) em São José dos Campos, SP