Depois de passar quase cinco anos em uma afiliada da Rede Globo, local, aliás, onde aprendi muito e vivenciei uma das melhores experiências profissionais, decidi seguir novos rumos. Precisava explorar mais as possibilidades da minha profissão. Queria conhecer atuações e pessoas diferentes. Gosto de novidades!
Nas primeiras semanas, entretanto, me deparei com uma grande questão que me faria mudar completamente a “entressafra” e as próximas produções. Foi um período de choque, mas também de constatações importantes que me colocariam de volta ao mercado, mesmo sem que eu tivesse ficado fora dele.
O fato é que eu não estava por dentro da infinidade de caminhos que eu poderia trilhar, ainda que na minha profissão. Estava tão focada em uma única área, que não conseguia ver as outras e, para completar, não tinha ideia de como trilhar aqueles caminhos, muito menos de quem eram os colegas que já o percorriam… há tempos!
Nos primeiros momentos me questionei: como podia estar tão distante desse mundo, mesmo fazendo parte dele? Como podia nem sequer conhecê-lo direito? Decidi conversar com alguns colegas do jornalismo e me surpreendi ao ver que a maioria deles estava como eu. Trabalhando feito loucos, mas… e o mundo lá fora? Há quanto tempo tínhamos feito nosso último curso? Quais eram as novas possibilidades do momento? Tínhamos novos colegas?
As respostas eram as mesmas. E percebi que isso ocorria com profissionais de outras áreas também. Por um lado, ufa! Eu não era a única. Por outro, a ficha caiu. E eu era a única de outro grupo que não parava de se atualizar. Percebi, então, que eu precisaria correr contra o relógio. Ou melhor, a favor dele. E que só assim encontraria novos rumos na minha profissão.
O primeiro passo
O primeiro passo foi buscar cursos de atualização. Não falo apenas em pós-graduação. Já tenho uma e farei a próxima em breve. Mas isso não é tudo. Precisamos nos atualizar a todo momento, e os cursos de curta duração, por vezes, são as melhores opções, já que a cada nova turma, os instrutores também atualizam seus conteúdos. Já que a cada nova turma fazemos novos contatos. Já que a cada nova turma, conhecemos cidades diferentes.
Ah, o investimento!
O mercado de trabalho é implacável com relação à ausência de um investimento em nosso autodesenvolvimento. Afinal, estamos convivendo (ou pelo menos estaremos a partir do momento em que a ficha cai) com gente que se atualiza.
Existem opções gratuitas como bem salientou Luiz Fernando em seu artigo aqui no LinkedIn. E que não requerem deslocamento. São importantes também. Fiz vários cursos online na minha “entressafra”. Mas não são tudo. Deixam um pouco a desejar… o que percebi é que apenas em alguns casos o conteúdo desses cursos é atualizado.
Em outros não. E você se depara com material de um ou mais anos atrás. Desatualizados. Sem falar que não fazemos contato algum. Não digo isso para dispensarmos essas possibilidades, mas para nos informarmos melhor antes de aderir a uma delas.
Agora os cursos e palestras presenciais sim, têm feito a diferença. São caros? A maioria é. Mas são necessários. Imprescindíveis, eu diria. Já fiz vários e não quero parar. Nem que eu precise parar de sair, de comprar roupas (e olha que eu gosto disso), de gastar com a faxineira. Faço minha própria faxina se for preciso. Mas invisto na carreira. E digo, experimente. Você vai sentir uma grande diferença.
Benefícios
São inúmeros os benefícios. Um deles é pessoal/mental. Se em algum momento a gente se sente uma fraude, como bem discorreu Ana Colombia (adoro os textos dela!) em seu artigo, isso tende a reduzir drasticamente. Outro ponto positivo é o fim das lamentações. Encontrando meios de investir em cursos de atualização, a gente para de se lamentar pela crise, por não estar feliz no trabalho (o curso te faz se sentir o máximo!) e consegue enxergar outros rumos dentro (ou fora!) da profissão.
Sem contar o benefício à saúde. Há um mês, a Ana Colombia (olha ela aqui de novo nas minhas referências) mostrou que 59% das pessoas – em uma pesquisa nos Estados Unidos – não largariam o emprego, mesmo infelizes. (!!!) Aqui no Brasil não é diferente. Bom, se você estiver atualizado, sua chance de conseguir um novo emprego é maior. E, na pior das hipóteses, você vai se sentir bem pelo simples fato de estar por dentro do mercado. Às vezes, superando até seu chefe chato nesse quesito.
Contatos
Outro ponto importantíssimo para encontrar novos rumos é fazer novos contatos. Sim, os cursos presenciais proporcionam ótimos momentos para isso. Mas aqui entram também as redes sociais. Temos o hábito de olhar os amigos dos nossos professores, por exemplo? Adicionamos os autores de artigos que gostamos muito? E mais, fazemos contato com eles?
Estar próximos a pessoas atuantes no mercado abre portas. Para conhecermos novos cursos, novas pessoas, novas possibilidades, novas leituras. Ah, as leituras! Tão importante quanto. Vamos falar sobre elas?
Leituras
O Marquês de Maricá já dizia: “a leitura deve ser para o espírito como o alimento para o corpo, moderada, sã e de boa digestão”. E eu ainda pediria licença para acrescentar: e constante. Ter boas referências é um lindo e gostoso caminho para se informar, se manter atualizado, viajar e se distrair ao mesmo tempo. Sem falar na transformação que ela proporciona.
Renato Alves, o primeiro brasileiro a receber homologação oficial de Melhor Memória do Brasil pelo Guiness Book, afirmou em um de seus livros: “ninguém permanece o mesmo depois de ler um bom livro”.
Renúncias
E para terminar quero falar sobre as renúncias. Sim, porque elas são necessárias na hora de encontrar novos rumos. Eu mesma tive que abrir mão de muitas coisas – inclusive algumas que considerava importantes – para conseguir encontrar (e trilhar!) novos caminhos.
Deixar de lado o conforto é uma delas. Tem horas que precisamos fazer nossa própria faxina ou nosso próprio almoço (adoro cozinhar!) para conseguir economizar e investir na carreira. Abri mão de estar confortável em minha casa e passei a enfrentar mais a estrada. Deixei de assistir a série que eu tanto adorava por um tempo, para assistir outra que tinha a ver com minha profissão.
Mas a renúncia mais difícil para mim (que sou toda amigos) foi abrir mão dos cafezinhos e jantinhas que vivia marcando. Claro, ainda encontro meus amigos para um café, isso é fundamental para minha alma. Mas, para abrir espaço para novos amigos e colegas de profissão, muitas vezes é necessário reduzir o espaço aos velhos e bons parceiros de jornada da vida. Uma renúncia doída. Mas superável se pensarmos que eles ainda ocupam o mesmo lugar em nossos corações. E que um simples chá, de apenas um momento, agora é capaz de nos manter aquecidos por dias.
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Suzana Amyuni é jornalista e editora formada pela Universidade Metodista de Piracicaba.