Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Comunique-se

‘Em e-mail enviado à redação do Comunique-se, o jornalista Boris Casoy solicitou um esclarecimento quanto à sua participação em conferências remuneradas, anúncios publicitários e outros eventos do tipo. O jornalista foi citado no portal nos comentários que se seguiram ao artigo Além do Joelmir, de Ivson Alves, na ocasião da polêmica envolvendo a saída de Joelmir Beting do Globo e do Estadão, após ter gravado um anúncio para o Bradesco.

Casoy explica que não pratica mais atividades relacionadas à publicidade por entender que elas são contrárias à função de jornalista. Confira, na íntegra, o e-mail enviado por ele:

‘Ao retornar de férias, fui informado ter sido meu nome citado em considerações sobre jornalistas que fazem publicidade, conferências remuneradas, apresentações etc.

Há mais de dez anos, deixei de aceitar tais trabalhos por ter chegado á conclusão que são incompatíveis com minhas funções jornalísticas. Tenho atendido a convites para trabalhos de cunho filantrópico ou de interesse social, além de palestras não remuneradas em faculdades, seminários, etc. Caso haja remuneração, esta é sempre encaminhada a entidades de benemerência. Boris Casoy’’




DCI & GZM, JUNTOS

Mônica Bergamo


‘ABRAÇO’, copyright Folha de S. Paulo, 16/02/04

‘Nelson Tanure, que controla o ‘Jornal do Brasil’ e a ‘Gazeta Mercantil’, voltou a procurar o ex-governador Orestes Quércia, de SP, para negócios. Sugeriu a fusão entre a ‘Gazeta’ e o ‘DCI’, que pertence a Quércia.’




Comunique-se

‘Tanure desmente sugestão de fusão entre GZM e DCI’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 17/02/04

‘O empresário Nelson Tanure desmentiu informação da coluna de Monica Bergamo, publicada na Folha de S. Paulo nesta segunda-feira (15/02). A colunista dizia que Tanure voltou a procurar o ex-governador Orestes Quércia para sugerir a fusão entre a Gazeta Mercantil e o DCI.’ �



BLAIR vs. BBC
Jorge da Cunha Lima

‘TV pública: independência ou morte’, copyright Folha de S. Paulo, 13/02/04

‘Conheci Greg Dyke, o diretor-geral da BBC, no almoço oferecido aos indicados para o Emmy, no qual ele foi o orador principal. Perguntaram-lhe: ‘Por que a BBC recebe 2,8 bilhões de libras por meio de taxações da sociedade?’. Ele respondeu: ‘Para produzir a televisão de qualidade que vocês não têm vontade de produzir, apesar de todo o dinheiro do mercado’.

A reportagem de Andrew Gilligan, o suicídio de David Kelly e o julgamento político de lorde Brian Hutton, nomeado por Blair para absolvê-lo e condenar a BBC, como fez, levou Greg a demitir-se. Não importa se a BBC não conseguiu aprofundar a verdade dos fatos até o limite de uma explicação convincente, como gostaria John Lloyd, editor do ‘Financial Times’. Acontece que, desde a questão das Malvinas, quando a emissora se opôs à guerra de lady Tatcher, até a Guerra do Iraque, em que se opôs a Tony Blair, a BBC é a única emissora européia capaz de revelar o contraditório. E Greg Dyke foi um defensor notável dessa independência.

A sentença coroa uma ação lenta e persistente contra a independência e, mesmo, pela extinção da televisão pública. Vejamos.

Jean Pierre Cottet, presidente da Cinquième, televisão educativa francesa, e da Aited (Associação Internacional de Televisões Educativas e da Descoberta), foi exonerado do comando do canal. Conheço-o bem, como vice-presidente que sou da Aited, e posso testemunhar que foi um dos melhores presidentes que a Cinquième já teve.

A televisão educativa da Austrália vai ser fechada, por pressão de Murdoch sobre o governo.

Berlusconi enviou proposta de lei ao parlamento italiano pedindo autorização para privatizar a RAI. Ele, que já tem o monopólio da rede privada, talvez queira incluir a rede pública italiana no mesmo pacote ideológico.

A PBS, Public Broadcasting Service, dos Estados Unidos, foi ameaçada no fim do ano passado de sofrer uma redução de 50% na contribuição dada pelo National Endowment.

Em toda parte torna-se difícil a compreensão de uma televisão que baseia seu relacionamento com a sociedade na independência diante do mercado e dos governos. Mas isso é indispensável para que não baixem os padrões de qualidade, pela pressão da audiência, e para que a televisão seja uma expressão pluralista das forças sociais, e não um diário oficial dos governos.

A luta em defesa da televisão pública é urgente e imprescindível. É uma luta da sociedade, a quem ela se destina; do Estado, que é a representação política dessa sociedade; da imprensa, que é a representação mais razoável das realidades; dos artistas e intelectuais, que são autores e protagonistas da divulgação indispensável do conhecimento.

Se os sintomas dos riscos são visíveis, suas causas mais profundas nem sempre são percebidas.

Nós todos submetemo-nos, no mundo atual, incondicionalmente ao espetáculo. Não só o gosto como os valores subordinam-se à lógica do espetáculo. Isso acontece em toda parte e de tal forma que, antes mesmo de ‘O Exterminador do Futuro 3’ estrear, o herói já se tornara governador da Califórnia.

Espetáculo, isto é, diversão antes do conhecimento, é a base do maior negócio desenvolvido no século 20: informação transformada em show.

Não se trata de influência recente, apenas causada pela mídia globalizada. Desde o distante ano de 1821, nos Estados Unidos, o teatro de vaudeville declarou e ganhou a guerra contra o teatro shakespeareano . Em início de expansão, Nova York tinha apenas quatro teatros, mas funcionavam lá 80 botecos, com palcos para desabusados entretenimentos.

A cultura do popularesco, baseada inteiramente no entretenimento que envolvia divertimento para os sentidos, dominou as massas americanas em tal proporção que Gabler Neal, em seu livro ‘Vida, o Filme’, afirma que ‘o ópio do povo não é a religião, como queriam os marxistas, mas o entretenimento’.

A mídia tem uma clara preferência pelo espetáculo, embora quem mais o promova seja a própria realidade, sensacional, produzida pela política, pelas religiões, pela economia e pelas artes, principalmente o teatro, o cinema e a TV.

Longe os critérios gregos, que dividiam claramente os espaços da tragédia e da comédia. Hoje, quase tudo é dramalhão e pantomima, ambos consagrados nas medições do Ibope.

Com tal herança passada em julgado, não temos como reclamar da baixaria. Não podemos nos considerar alternativa -nem a TV Cultura, nem nenhuma outra televisão educativa. Como poderíamos, se o fator determinante do gosto é a oferta, e não a demanda, como proclamam os manipuladores do mercado? Como poderíamos, se a oferta do mau gosto e da baixaria predomina tanto na informação quanto no entretenimento?

A TV pública pode não ser uma alternativa, mas paradigma novo capaz de suscitar o espírito crítico do telespectador. Por isso mesmo nós insistiremos até o fim. Nós, membros da Aitec (Associação Internacional de Televisões Públicas e Culturais); nós, associados da Abepec (Associação Brasileira de Emissoras Públicas Educativas e Culturais); nós, diretores e funcionários da Cultura, lutaremos para defender uma estrutura jurídico-administrativa que confira independência às emissoras para produzir uma programação de qualidade, voltada para a sociedade.

O novo jornalismo público lançado pela TV Cultura busca ser a expressão informativa dessas idéias. Estamos apenas evoluindo, mas, com a crítica dos ouvintes, da mídia e de nossos colaboradores, seremos fiéis ao nosso manifesto e à nossa missão. (Jorge da Cunha Lima, 72, jornalista e escritor, é presidente da Fundação Padre Anchieta e da Abepec (Associação Brasileira de Emissoras Públicas Educativas e Culturais).)’



Jornal do Brasil
‘Intervenção na rede inglesa BBC’, copyright Jornal do Brasil, 16/02/04

‘O governo britânico tem planos para modificar a estrutura da rede de rádio e televisão pública British Broadcasting Corporation (BBC) e reduzir sua independência editorial, depois da disputa que manteve com a corporação devido à invasão do Iraque, informou o jornal inglês The Sunday Times, na edição de ontem.

Segundo documentos confidenciais divulgados pelo jornal, o governo planeja dividir a BBC em ‘entidades separadas’ para Inglaterra, Gales, Escócia e Irlanda do Norte.

Além disso, o governo também quer que sua agência reguladora dos meios de comunicação, a Ofcom, aumente o controle sobre os serviços e conteúdos da rede, considerada um modelo de independência informativa apesar de ser financiada com dinheiro público.

Essa medida privaria a junta de diretores da BBC, um grupo de 11 pessoas que representam a sociedade britânica, de seu trabalho de supervisão da imparcialidade e do rigor da rede pública.

Outra idéia que o governo do primeiro-ministro Tony Blair está analisando é o fim de todos os produtos da corporação que não cumpram sua função de serviço público.

A rede está vivendo a pior crise de seus 80 anos de história depois do confronto com o governo britânico devido à invasão do Iraque.

A polêmica começou em maio do ano passado, quando o jornalista da BBC Andrew Gilligan acusou em reportagem o Executivo de exagerar deliberadamente a ameaça das armas de destruição em massa iraquianas para justificar a guerra contra o país.

O cientista David Kelly, especialista em armas do Ministério da Defesa britânico, foi identificado publicamente como a fonte da notícia, e, sentindo-se pressionado, suicidou-se em 17 de julho.

Em janeiro deste ano, o juiz lorde Brian Hutton anunciou as conclusões de sua investigação sobre as estranhas circunstâncias que cercaram a morte de David Kelly.

Hutton eximiu o governo de qualquer responsabilidade e qualificou de ‘infundadas’ as alegações da BBC, o que provocou a renúncia do presidente e do diretor-geral da rede, Gavyn Davies e Greg Dyke, respectivamente.

Na mesma edição, o jornal The Sunday Times informa que a tribuna pública da Câmara dos Comuns será isolada por um vidro à prova de balas, por temor de um atentado terrorista contra o primeiro-ministro Tony Blair.

O escudo impedirá as pessoas que se sentarem na chamada ‘galeria dos estranhos’ de se aproximar dos parlamentares.’



Walter Oppenheimer

‘Blair tem planos para dividir a rede de TV BBC’, copyright O Globo / El Pais, 17/02/04

‘O governo do primeiro-ministro Tony Blair planeja desmembrar a rede BBC em quatro emissoras de televisão independentes, segundo o jornal ‘The Sunday Times’. Dividi-la em quatro empresas regionais (Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte) é uma das propostas do documento que contém opções para a reforma da corporação, feito a pedido do governo.


Segundo defensores da BBC, essa é a mais forte investida já feita contra o complexo de comunicação.


Verbas públicas para a TV poderão ser reduzidas


O relatório de 30 páginas sugere as mais variadas opções de reforma, mas todas elas com um denominador comum: debilitar de uma vez por todas a poderosa corporação pública britânica.


Além do desmembramento, o documento sugere que a rede só deverá receber dinheiro público para as produções que sejam consideradas de utilidade pública – os critérios para isso ainda não foram explicitados – e que deve abrir mão de algumas concessões de TV, como as dos canais 4 e 5. Existe também a possibilidade de a BBC passar a ser controlada pelo Ofcom, o órgão regulador das emissoras de televisão, teoricamente imparcial, mas reconhecidamente próximo ao governo. Dessa forma, o Conselho de Governadores perderia sua atual tutela sobre a rede.’



Folha de S. Paulo

‘Blair estuda desmembrar a BBC e distribuir parte de seus recursos’, copyright Folha de S. Paulo, 17/02/04

‘O premiê Tony Blair (Reino Unido) estuda a possibilidade de desmembrar a BBC em quatro televisões independentes em 2006, quando será feita uma revisão do estatuto, do modo de funcionamento, do financiamento e dos objetivos da rede pública de comunicações britânica.


A divisão da BBC em quatro emissoras territoriais (Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte) seria uma das alternativas presentes no documento para a reforma da BBC que está sendo elaborado pelos trabalhistas, segundo o jornal ‘The Sunday Times’. No documento, que servirá de base para uma discussão sobre o futuro da BBC, o governo apresenta várias propostas que parecem ter um denominador comum: todas enfraqueceriam a poderosa rede pública de rádio e TV.


A cada dez anos, a carta da BBC é rediscutida publicamente, num processo no qual o governo tem participação, mas não a palavra final. Agora, a rede enfrenta os primeiros passos da difícil negociação em situação de fragilidade.


Em janeiro, a BBC foi duramente criticada por um juiz da Suprema Corte por ter divulgado uma notícia na qual acusou o governo de ter exagerado o perigo representado pelo então ditador iraquiano, Saddam Hussein, com o intuito de convencer o público da necessidade de invadir o Iraque.


O presidente e o diretor-geral da BBC renunciaram, e a emissora, um exemplo de jornalismo de qualidade em todo o mundo, pediu desculpas ao governo.


Além do desmembramento físico, o governo estuda reduzir o orçamento de cerca de R$ 12,5 bilhões da BBC, cuja origem é uma taxa paga por cada proprietário de TV no Reino Unido.


Segundo uma das propostas, a rede pública teria de dividir parte dos recursos com outras emissoras privadas -como ITV, Channel 4 e Channel 5- desde que as últimas desenvolvessem projetos de interesse público.


Também se estuda a possibilidade de a BBC passar a ser controlada pelo órgão regulador público Ofcom, entidade teoricamente independente mas que, na prática, é bem mais influenciada pelo governo. Desse modo, a BBC perderia parte da autonomia que tem hoje frente ao governo e às pressões externas. Com o ‘El País’’




ELEIÇÕES / EUA
Fernando Canzian

‘Estratégia republicana inclui ataques pessoais’, copyright Folha de S. Paulo, 16/02/04

‘Os partidos Republicano e Democrata começaram a testar os limites da atual campanha eleitoral nos EUA e devem investir nos ataques pessoais nos próximos dias.

Na semana passada, o pré-candidato John Kerry, franco favorito à indicação democrata, já foi obrigado a responder a perguntas sobre uma suposta amante e a respeito de seu comportamento contrário à Guerra do Vietnã.

A Casa Branca, por seu lado, teve de dar explicações três vezes seguidas sobre a ficha militar do presidente George W. Bush, que atravessa uma nova e crescente crise de confiabilidade.

Entre os republicanos, a estratégia já delineada é pegar Kerry no contrapé e logo na saída. Ele será apresentado nos próximos dias em anúncios de TV como um liberal a favor do aborto e do casamento gay.

O senador por Massachusetts também será apresentado para boa parte dos americanos que ainda não se ocuparam com a eleição como um receptador de dinheiro político de poderosos lobbies norte-americanos.

Na sexta-feira, a campanha de Bush já havia iniciado a distribuição de material pela internet mostrando nomes de companhias que deram dinheiro nos últimos anos a Kerry e o interesse por trás de cada uma delas.

Os republicanos também foram acusados pelos democratas de estarem por trás de comentários sobre uma suposta amante de Kerry. Em um programa ao vivo na NBC, Kerry teve de negar a história anteontem pela manhã.

A estratégia de Bush é definir Kerry negativamente antes que o pré-candidato tenha tido chances de se apresentar.

A coleção de materiais para ataques inclui até operações financeiras lucrativas realizadas pelo casal John Kerry e Teresa Heinz com ações de empresas nas Bermudas -lembrando que, como senador, Kerry sempre combateu benefícios dados a companhias em paraísos fiscais.

Entre os democratas, a estratégia é amplificar, ainda durante a definição da candidatura Kerry, a atual fase de más notícias para o presidente. E os últimos dias não foram bons para Bush.

Na semana passada, o presidente ganhou capas em revistas e destaque em jornais de prestígio onde suas ‘verdadeiras intenções’ foram exploradas em temas como Iraque e economia.

A revista ‘Time’, por exemplo, chegou a perguntar na capa: ‘Devemos acreditar nele ou não?’, para responder depois que Bush ‘não disse a verdade’ em vários assuntos relacionados à guerra.

Os democratas contam com esse noticiário desfavorável ao presidente para ganhar fôlego antes da fase mais dura da campanha.

Depois dos gastos na atual fase de escolha do candidato democrata, o partido terá de correr para levantar fundos para concorrer com a verba eleitoral de mais de US$ 130 milhões que Bush já tem em caixa -e que até o fim da campanha, deve chegar a US$ 200 milhões.’