Durante a sessão de abertura do 9º Congresso Brasileiro de Jornalismo Científico, na manhã de quinta-feira (22/11), Celso Lafer, presidente da Fapesp, citou o matemático norte-americano Norbert Wiener (1894-1964), considerado o fundador da cibernética, para ilustrar a importância da boa divulgação científica e tecnológica feita por jornalistas brasileiros.
‘Wiener dizia que ser livre é ser bem informado e, à medida que o jornalismo científico transmite os avanços em diferentes áreas do conhecimento, ele oferece a todos aqueles que têm acesso a essa informação uma oportunidade de se libertar’, disse Lafer no auditório da Fapesp, que recebe o congresso promovido pela Associação Brasileira de Jornalismo Científico (ABJC) até esta sexta-feira.
‘Vejo o trabalho de divulgação científica como um instrumento de construção da democracia e da cidadania, uma vez que gera informações seguras e exatas que nos libertam e nos fazem entender o mundo ao nosso redor’, afirmou.
Descrição nem sempre qualificada
Nesse contexto, Lafer, que é professor titular do Departamento de Filosofia e Teoria Geral do Direito da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), destacou uma das responsabilidades da Fapesp – estabelecida no artigo 3º da Lei Orgânica 5.918, de 18/10/1960, que instituiu a Fundação –, que é apoiar a divulgação de resultados de pesquisas.
‘A Fapesp tem dado uma interpretação ampla a esse artigo com a revista Pesquisa Fapesp e com seus sites, além de apoiar eventos dessa natureza que reúnem jornalistas científicos da maior relevância no país’, disse.
Segundo Ildeu de Castro Moreira, diretor do Departamento de Popularização e Difusão de C&T do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), o interesse dos brasileiros pelo assunto é muito alto, como mostraram entrevistas feitas durante as Semanas Nacionais de Ciência e Tecnlogia.
‘Mas, quando a população é questionada sobre em quais veículos de comunicação ela tem acesso à informação científica de qualidade, os números caem drasticamente, uma vez que ainda temos poucos programas de televisão sobre ciência, raríssimos programas de rádio e as pesquisas nem sempre são descritas na mídia de maneira qualificada’, afirmou.
Estudos, pôsteres e livros
‘Por isso, devemos formar mais e melhores jornalistas científicos para aumentar a presença desses temas na mídia, a exemplo da TV Cultura em São Paulo, que comunica a ciência muito bem, e também nos canais da televisão pública que está sendo desenhada’, disse Moreira.
Ao fazer a abertura oficial dos trabalhos do evento, Wilson da Costa Bueno, presidente da ABJC, fez menção às comemorações dos 30 anos da entidade e ao centenário de nascimento do jornalista e pesquisador José Reis (1907-2002), um dos fundadores e primeiro presidente da associação.
‘A ABJC está comprometida com o debate sobre a qualidade das informações científicas divulgadas no país e, por isso, queremos resgatar, com este congresso, experiências, práticas, pesquisas e reflexões sobre o jornalismo brasileiro’, disse Bueno.
Durante o encontro, que se encerrou na sexta-feira (23/11) e teve o tema central ‘Jornalismo Científico e Sociedade: os novos desafios’, foram apresentados cerca de 40 estudos, oralmente e em forma de pôsteres, além do lançamento de livros.
O congresso teve apoio da Fapesp, do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Metodista de São Paulo.
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Repórter da Agência Fapesp