A crise do mercado de crédito, iniciada há um ano nos EUA, e a retração dos investimentos publicitários já deixaram sua marca no movimento global de fusões e aquisições das indústrias de mídia e informação. Entre janeiro e setembro deste ano, em comparação com o mesmo período de 2007, o setor registrou queda de 70% do valor dos acordos e de 2,7% do número de transações desse tipo.
Segundo a mais recente pesquisa do banco de investimento The Jordan, Edmiston Group Inc. (Jegi), publicada no começo deste mês, 619 fusões e aquisições no valor de US$ 26,66 bilhões foram realizadas nos três primeiros trimestres deste ano, contra 636 negócios de US$ 87,56 bilhões em 2007. Os resultados teriam sido piores, diz o grupo sediado em Nova York, caso as transações de pequeno e médio portes realizadas em setores particularmente aquecidos – serviços de informação de bancos de dados, mídia e tecnologia on-line, e serviços de marketing e interatividade –, não mantivessem o ritmo anterior e compensassem o adiamento ou suspensão de negócios bilionários (como a aquisição do Informa Media Group pelo consórcio de investidores Blackstone, Carlyle Group and Providence Equity Partners).
Os compradores estratégicos (‘strategic buyers’) responderam por quase 85% das transações, mantendo o foco em empresas menores que, integradas à estrutura organizacional, permitem a eles expandir para outros mercados e ganhar sinergia. Essas transações são financiadas com recursos próprios, sem necessidade de financiamento externo.
Por outro lado, as firmas de ‘private equity’, que investem principalmente em empresas ainda não listadas em Bolsas ou que estão em dificuldades para depois revendê-las, controlam nada menos que US$ 450 bilhões de capital global ainda não investido. Elas participaram de inúmeras fusões e aquisições nos últimos anos e devem continuar apostando nos setores de maior potencial de crescimento.
Algumas transações se destacaram particularmente no primeiro semestre, aponta o Jegi, entre elas a compra da ChoicePoint pela Reed Elsevier (US$ 4,1 bilhões), da Getty Images pela Hellman & Friedman (US$ 2,4 bilhões), da CNET Networks pela CBS Corp. (US$ 1,7 bilhão) e da GfK pela Taylor Nelson Sofres (US$ 1,4 bilhão).
Maiores categorias
Os serviços de informação e banco de dados foram alvo de 36 acordos entre janeiro e setembro, um número 63,6% maior do que no período anterior. Foi o segundo maior ganho depois da publicação de newsletters, de 175%. Em volume de dólares, houve uma queda de 59,4%, de US$ 21,29 bilhões para US$ 8,6 bilhões. Os acordos deste ano foram mais fragmentados e de menor volume do que os de 2007, que incluíram a compra da Reuters pela Thomsom, por US$ 18 bilhões, mas o Jegi apontou duas transações no terceiro trimestre (a aquisição da UpToDate pela Wolters Kluwer (US$ 375 milhões) e a da Global Insight pela IHS (US$ 200 milhões). Dois negócios de vulto foram anunciados no primeiro semestre, embora não confirmados até agora: a compra da ChoicePoint pela Reed Elsevier (superior a US$ 4 bilhões) e a da Getty Images pela Hellman and Friedman (US$ 2,4 bilhões).
A maioria das fusões e aquisições dos três trimestres aconteceu realmente nos setores de mídia e tecnologia online (218) e de serviços de marketing e interatividade (205), que somaram US$ 15 bilhões no intervalo. Combinadas, as duas categorias totalizaram 423 acordos, cerca de 70% do total, respondendo também pela metade dos investimentos. Na área de mídia e tecnologia digital, no entanto, as fusões e aquisições perderam 6,9% do volume e 6% da quantidade, enquanto os serviços de marketing interativo declinaram 63,8% em volume mas avançaram 13,3% em número.
Negócios de destaques
As aquisições mais importantes de mídia e tecnologia on-line incluíram a da CNet Network pela CBS Corp. (US$ 1,7 bilhão), da Bebo pela AOL (US$ 850 milhões), da Napster pela Best Buy (US$ 53 milhões) e da Daily Candy pela Comcast (US$ 125 milhões), acompanhadas de inúmeras redes sociais como Pluck (para a Demand Media), Plaxo (Comcast) e Prospero (Mzinga).
As aquisições da categoria marketing e interatividade incluíram a da Jupiter Research pela Forrester Research e da Undertone Networks pela JMI Equity.
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Da Gazeta Mercantil