‘08/12/06
A Folha destaca a decisão do STF que garante o funcionamento dos pequenos partidos: ‘Supremo derruba cláusula de barreira’ e ‘Decisão consolida permissividade para os partidos’.
O caos nos aeroportos continua como principal assunto do ‘Estado’ e do ‘Globo’ e foi a segunda manchete da Folha:
Folha – ‘Erro técnico gerou pane no controle de vôo’.
‘Estado’ – ‘FAB culpa um sargento pelo apagão nos aeroportos’.
‘Globo’ – ‘Aeronáutica não tem técnico capaz de resolver pane aérea’.
A foto da Primeira Página da Folha não poderia ter sido mais bem escolhida: ‘Nuvens carregadas sobre a Esplanada dos Ministérios, no fim da tarde de ontem, em Brasília’.
O assalto que a presidente (quarto cargo na linha da sucessão presidencial) e o vice-presidente do STF e sua comitiva de seguranças sofreram ontem à noite no Rio, na Linha Vermelha, merecia uma chamada mais forte do que o registro feito na Edição SP – ‘Presidente e ministro do STF são assaltados no Rio de Janeiro’. Talvez a hora da ocorrência e a falta de informações conclusivas justifiquem a cautela do jornal. De qualquer modo, é mais um forte indicador do grau de insegurança da cidade.
Doações
Não se entende o critério usado pelo jornal no texto ‘Suplicy e 124 deputados têm contas rejeitadas’, na página A8 da Edição Nacional: uma parte dos parlamentares está identificada com as siglas de seus partidos enquanto outra parte não tem identificação partidária. O critério deveria ser um só: todos os nomes dos parlamentares citados devem ser seguidos pela sigla partidária entre parênteses.
Justiça
Artigo da ministra Ellen Gracie Northfleet no ‘Estado’ e no ‘Globo’ informa que hoje é o ‘ápice’ de uma campanha, iniciada segunda-feira, para resolver, através de acordos, disputas judiciais paralisadas na Justiça. Ela chama de Dia Nacional da Conciliação e calcula em mais de 60 mil audiências no Brasil todo, em todas as instâncias da Justiça. Não vi cobertura da iniciativa nos jornais, embora tenha me parecido um importante serviço para a população.
‘Ilustrada’/Resposta
Em relação à nota ‘Ilustrada’ da Crítica Interna de ontem, recebi, via Secretaria de Redação, as seguintes explicações do colunista Daniel Castro:
‘Sobre a crítica interna de hoje, gostaria que fosse enviado ao ombudsman esclarecimento de que apenas parte da edição de hoje (quinta, 7) rodou com o abre ‘Fifa investiga dinheiro de Record e Globo’.
Essa informação, que é importante para entender o motivo de a Fifa ter preferido a proposta da Globo, supostamente inferior à da Record, levou uma semana para ser apurada.
O texto foi ‘fechado’ às 13h30 de ontem (quarta, 6). Por volta das 14h50, recebi a informação de que a Fifa iria comunicar oficialmente até o fim da tarde daquele dia que a Globo era a vencedora, o que de fato ocorreu.
Em menos de meia hora, produzi um novo abre (‘Globo registra recessão no terceiro trimestre’), mas a ‘Ilustrada’ já estava fechada e sendo impressa. Segundo a diagramadora responsável pela ‘Ilustrada’, os exemplares impressos nos 15 primeiros minutos de rodagem saíram com o abre defasado’.
07/12/06
Só há um assunto nas manchetes dos jornais brasileiros: o caos nos aeroportos. Alguns diários foram bem sucintos, como o ‘JB’ (‘Virou baderna’), o ‘Correio Braziliense’ (‘Até quando?’) e o ‘Estado de Minas’ (‘Desrespeito’).
A Folha destaca a principal providência do Planalto: ‘Governo cria ‘gabinete de crise’ contra o caos aéreo’. No ‘Estado’, ‘Câmara e Senado vão apurar apagão aéreo’; no ‘Globo’, ‘Sem ação do governo, país tem novo dia de caos aéreo’; e, no ‘Valor’, ‘Empresas perdem negócios e gastam mais com crise aérea’.
Doações
A abertura do ‘Painel’ de terça-feira acertou na mosca: o questionamento sobre as doações para as campanhas eleitorais vindas de empresas ligadas a grupos que têm concessões públicas atingiu a todos os partidos e candidaturas, de forma ‘geral e irrestrita’. O TSE e os TREs estão diante do maior desafio neste movimento para a moralização dos financiamentos das campanhas.
O jornal registra a discordância do advogado Arnaldo Malheiros com a interpretação dada, anteontem, pelo ministro Marco Aurélio de Mello, em relação à suspensão da diplomação no caso de rejeitadas as contas de um candidato (‘Especialistas divergem sobre conseqüências de rejeição das contas’, A6). Mas ontem o próprio Mello deu outra declaração: ‘A desaprovação não deságua na ausência de diplomação imediata. A diplomação poderá ser futuramente alcançada, uma vez julgada a investigação’. A nova interpretação deveria ter tido destaque – é este o ponto que interessa de imediato para todos os candidatos – e ficou sobrando a observação de Malheiros.
Tríplice Fronteira
O jornal poderia ter pelo menos tentado ouvir as empresas instaladas na região da Tríplice Fronteira e que foram citadas na reportagem ‘EUA impõem sanções contra loja paraguaia’ (A20). A Folha tem correspondentes em Curitiba e em Londrina que acompanham os assuntos relativos à região de Foz do Iguaçu. Poderiam ter sido acionados. O ‘Estado’, por exemplo, acrescentou informações produzidas no Brasil que ajudam a entender melhor o contexto das acusações dos EUA.
O ‘Globo’ ouviu um dos acusados.
Aeroportos
Está boa a cobertura feita pela Folha do caos nos aeroportos, principalmente a Edição SP, que teve mais espaço. Tem informações sobre as causas do caos, informações dos bastidores do Planalto, personagens e histórias, o reflexo no turismo e serviço de orientação para os prejudicados. Faltou um pouco mais de informações sobre os prejuízos para a economia do país, ênfase dos jornais econômicos.
Governo de SP
Se a equipe do governo eleito José Serra é ‘técnica e política’, como salienta o título da pátina C7 da Edição SP (C6 na Ed. Nacional), por que o infográfico (‘Novos secretários de São Paulo’) não informa os partidos dos secretários que comporão o próximo governo?
‘Ilustrada’
Ficou velha a nota que abre a coluna ‘Outro Canal’ (E12), ‘Fifa investiga dinheiro de Record e Globo’. A decisão da Fifa, favorável à Globo, foi tomada ontem, conforme informa o caderno ‘Esporte’ (D2).
06/12/06
Hoje, excepcionalmente, não circulará a crítica interna do ombudsman.
05/12/06
A Folha considerou a notícia mais importante do dia as explicações cobradas pelo TSE à campanha presidencial do PT. Como o próprio jornal não soube informar se há ou não ilegalidades nas doações e como a prestação de contas será julgada hoje – e, aí sim, saberemos se houve ilegalidade ou não –, talvez o jornal tenha exagerado no destaque para o assunto com a manchete em seis colunas: ‘TSE questiona doações eleitorais a Lula’. Se o trâmite normal de questionamento do tribunal justifica, na avaliação do jornal, uma manchete em seis colunas, fico imaginando como será a manchete caso se confirme alguma ilegalidade. A ver.
O ‘Estado’ traz o resultado de investigação da Secretaria da Administração Penitenciária de São Paulo: ‘Secretário denuncia máfia de ONGs em presídios’. E o ‘Globo’ dá destaque para a decisão de ontem do Conselho Nacional do Ministério Público: ‘Promotores elevam próprio teto salarial para R$ 24.500’.
As fotos dos três grandes jornais mostram o caos em São Paulo e no Rio: na capital paulista, por causa das chuvas (Folha e ‘Estado’); no Rio, por causa de um incêndio na ponte Rio-Niterói (‘Globo’).
Doações
O TSE questiona 22 doações à campanha de Lula. Por que a Folha não publicou a lista completa das 22? O texto do jornal informa que a ‘maioria dos casos é de repasses suspeitos de serem doações vedadas pela legislação’, mas o infográfico ‘Questionamentos do TSE’ (A4) traz apenas seis casos. Como saiu, alguns ficam mais expostos que outros, o que não é correto.
O enfoque da nota de abertura do ‘Painel’ (‘Geral e irrestrita’) é mais forte do que o da reportagem sobre a cobrança do TSE ao PT. O ‘Painel’ mostra que a decisão de hoje do tribunal interessa a candidatos de todos os partidos, que também receberam ajuda das mesmas empresas e torcem para que as contas de Lula sejam aprovadas.
Projeto gráfico
O jornal tenta inovar com as setinhas, na página A13, que indicam que a coluna ‘Toda Mídia’, dividia em duas partes, segue abaixo do anúncio. Mas para o leitor, a confusão e o incômodo persistem.
Enchente
A crônica da enchente de ontem – crônica, sim, porque tem mais artigos com experiências pessoais de colunistas do jornal do que cobertura propriamente dita – tem uma grande lacuna. Segundo breve menção da Folha, o ‘prefeito diz que tomou medidas preventivas, mas que o volume de água dos últimos dias tem superado a média de anos anteriores’. E a Folha, o que diz? A Prefeitura tomou realmente todas as medidas preventivas? O caos e os prejuízos flagrados pelas fotos do jornal se devem apenas ao volume de água? O jornal também acredita, como já disse o prefeito, que não há solução para as enchentes?
A chuva de ontem não seguiu o professor Pasquale da Aclimação à Água Branca, como dá a entender a chamada da Primeira Página da Edição São Paulo. Isso foi na semana passada, segundo o texto dele. Ontem ocorreu o contrário.
Llosa
A crítica ‘Na América Latina, Vargas Llosa é o escritor que melhor resiste ao tempo’ (E4) deveria ser acompanhada da avaliação em estrelas, não?
04/12/06
A notícia mais importante de ontem para os três principais jornais foi a vitória da equipe brasileira no Mundial de vôlei. A Folha foi o mais comedido: ‘Vôlei é bicampeão do mundo’. No ‘Estado’, ‘Vôlei de ouro agora é bi mundial’; e, no ‘Globo’, ‘‘Feras’ bicampeãs mundiais’.
Manchetes fracas, em duas colunas:
Folha – ‘Estrangeiro tira do país US$ 19 bi no governo Lula’.
‘Estado’ – ‘Pressão por emendas ameaça orçamento’.
‘Globo’ – ‘Chávez, reeleito, planeja ficar no poder até 2021 na Venezuela’.
Em relação ao resultado das eleições venezuelanas, a Folha informou que ‘Chávez é reeleito com ampla margem de votos’. Os três jornais trouxeram a foto de Chávez no fusquinha vermelho.
Congresso
Pareceu-me um tanto ingênuo o título ‘Deputados querem maior rigidez a faltas’, na edição de hoje (A5), repercussão da reportagem que sustentou a manchete de domingo (‘Deputados usam ‘missão oficial’ para abonar faltas’). Se os deputados quisessem realmente mais rigidez já teriam tomado providências. Os comentários de cinco parlamentares não indicam que esta seja a disposição da Câmara.
Campanhas eleitorais
O levantamento ‘Candidatos à Câmara gastaram R$ 44,8 milhões em campanhas’ exigia um infográfico com a relação completa dos 20 candidatos selecionados pelo jornal e as respectivas arrecadações para as eleições.
Venezuela
Ficou ruim a edição (não a cobertura) das eleições na Venezuela, com as notas ‘Bolivarianas’ (A10) separadas dos textos principais (A9). Deveria ter sido publicado pelo menos uma remissão.
Também ficou estranho a publicação da foto da Edição Nacional que ilustra a entrevista sobre a pesquisa da Cepal sobre pobreza na América Latina (‘Pobreza na AL recua abaixo de 40%’, A10), de venezuelanos examinando a lista de votação. A própria legenda da foto indica que o jornal forçou demais na associação da entrevista com a eleição de ontem: ‘Venezuelanos examinam lista de votação; programas sociais aumentaram em toda a região’. Que região? O que isso tem a ver com venezuelanos examinando lista de votação?
Aeroportos
O ‘Estado’ registra mais um domingo de atrasos, cancelamentos de vôos e confusão em vários aeroportos.
Criminalidade
O ‘JB’ traz uma informação que merecia pelo menos uma checagem por parte da Folha. Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Inovações em Saúde Social (Ibiss), exatamente 8.583 jovens de 8 a 18 anos estão armados a serviço do tráfico em 235 favelas do Rio. Segundo a pesquisa, exatos 16.004 jovens estão envolvidos diretamente com o tráfico de drogas nestas favelas.
Haiti/Resposta
A propósito da nota ‘Haiti’, da Crítica Interna de sexta-feira, recebi da editora de ‘Mundo’, Cláudia Antunes, via Secretaria de Redação, as seguintes considerações:
‘Em relação à nota da crítica interna de hoje sobre o Haiti, optamos por não publicar a denúncia da BBC porque ela repete uma reportagem publicada na Folha em maio do ano passado sobre o mesmo caso, envolvendo o suposto estupro de uma haitiana por um militar brasileiro. O caso foi investigado na época e o estupro não foi comprovado. ‘O Globo’ não ouviu a ONU, mas reproduz declaração da secretária-geral assistente para Missões de Paz da ONU, Jane Holl, à BBC. A declaração dela _ ‘Temos problemas desse tipo desde o início das missões de paz. Minha conclusão é que isso é um problema, ou um problema potencial de cada uma de nossas missões’ _ é genérica, não se referindo especificamente ao caso haitiano. Diante da falta de novidades, e dada a escassez de espaço, optei por dar prioridade a outras reportagens mais importantes’.’