Saudades do B. Quem se lembra do “Caderno B”? O segundo caderno do Jornal do Brasil foi pioneiro na divulgação do nosso teatro, da nossa música, da nossa literatura e determinante em mostrar que cultura é notícia séria e, é claro, pode, sim, mudar o mundo.
Norma Couri foi uma de suas melhores e mais importantes repórteres, capaz de demonstrar mais: que cultura também rende hardnews. No trecho da entrevista que me deu para o projeto Jornal do Brasil – História e Memória (livro que escrevo para a editora Record e que também está rendendo um documentário em vídeo), Norma relembra algumas de suas notáveis reportagens e a importância do “B”. Sua fala não deixa de ter farpas certeiras contra o empobrecimento do jornalismo atual. Mas as lembranças são bem humoradas e deliciosas porque demonstram a vitória de uma maneira especial de se fazer jornalismo: com profissionalismo, talento, ousadia, espírito de equipe, liberdade e coragem. A maneira que tornou o JB um veículo inesquecível.
Bem assim, à maneira de Norma Couri. No site www.jbmemoria.com.br é possível acessar o vídeo e ver como ela conseguiu, por exemplo, entrar, disfarçada de terapeuta, em um manicômio para mostrar que ali havia arte e, com sua matéria, ajudar a dra. Nise da Silveira a salvar pacientes da degradação. E ainda entrevistar Carlos Drummond de Andrade sem ele saber que estava sendo entrevistado… É possível bem mais: concordar com Norma Couri sobre um fato entristecedor: a Cultura já foi bem melhor tratada pelo jornalismo brasileiro.
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Belisa Ribeiro é jornalista