Os pré-candidatos democratas à eleição presidencial de 2008, nos EUA, participaram nesta segunda-feira (23/7) de um debate histórico. De um estúdio da CNN, eles responderam, por duas horas, a questões postadas pelo público no sítio de compartilhamento de vídeos YouTube. Devido à inovação do formato, alguns críticos chegaram a comparar o evento aos debates políticos dos anos 60, que passaram a ser n TV. Na época, os telespectadores consideravam o candidato democrata John F. Kennedy ‘mais agradável’ que seu rival republicano, Richard Nixon, pelo modo como ele se comportava diante das câmeras.
Foram postados mais de três mil vídeos com perguntas no YouTube, e 30 foram selecionados por editores da CNN para ser exibidos aos pré-candidatos Hillary Clinton, Barack Obama, John Edwards, Bill Richardson, Chris Dodd, Mike Gravel, Dennis Kucinich e Joseph Biden. Alguns eleitores reclamaram do sistema de saúde do país – são 45 milhões de americanos sem plano de saúde –, outros fizeram perguntas sobre os conflitos no Darfur e no Iraque. Também não faltaram participações criativas, como a de um ambientalista que, de snorkel, pedia pela proteção das tartarugas marinhas. Obama e Hillary acabaram trocando farpas ao vivo, sobre assuntos como a guerra no Iraque e a política exterior dos EUA.
O debate foi anunciado em junho, mas nem todos consideraram a iniciativa tão democrática como foi apresentada. Para Joshua Levy, editor do TechPresident.com, fórum online sobre política, o fato das perguntas serem filtradas por jornalistas comprometeu o objetivo do debate. Já outros vêem a união entre TV e internet como algo natural, na medida em que as novas mídias estão fazendo cada vez mais parte do dia-a-dia das pessoas. ‘Para mim, é mais uma evolução do que uma revolução’, afirma Lee Rainie, diretor do Pew Internet & American Life Project.
Conquistando os mais jovens
Os pré-candidatos têm se esforçado para conseguir estabelecer um canal de comunicação com os eleitores mais jovens, que gastam horas conectados ao ciberespaço. Por isso, muitos investiram em sítios, blogs ou em plataformas como o FaceBook, página de relacionamento muito popular entre jovens americanos. John Edwards, por exemplo, gravou um vídeo elogiando a idéia do debate com a participação dos internautas – e, é claro, o postou no YouTube. ‘O que acontece quando jornalistas fazem as perguntas é que elas são sempre as mesmas’, afirmou.
Em fevereiro, alguns pré-candidatos também divulgaram vídeos através do canal You Choose ´08 (Você Decide 2008, tradução livre), no YouTube, em uma tentativa de estabelecer um debate virtual com os internautas.
O pré-candidatos republicanos terão um debate no mesmo estilo, com perguntas postadas no YouTube e transmitido pela CNN, em setembro. Segundo uma pesquisa para o Washington Post e a ABC News, publicada na segunda-feira (23/7), 45% dos democratas apóiam Hillary como candidata, 30%, Obama, e 12%, Edwards. Informações de Stephen Collinson [AFP, 23 e 24/7/07].