Em mais uma onda de censura, o governo iraniano proibiu milhares de livros no país. Os títulos banidos vão das obras elogiadas do romancista local Sadegh Hedayat até best sellers internacionais como O Código Da Vinci. O ministro da Cultura chegou a chamar os editores literários de ‘assistentes do mal’, afirma nota do CBC News Service [19/11/06].
Um novo decreto assinado pelo polêmico presidente Mahmoud Ahmadinejad proíbe livros considerados muito ocidentalizados ou que façam os iranianos se sentir inferiores. As novas regras foram anunciadas no fim da semana nacional do livro no país, quando o ministro da Cultura, Mohammed Hossein, declarou que as editoras deveriam parar de servir um ‘prato envenenado para as gerações mais jovens’.
‘Nós havíamos nos adaptado à política anterior, mas agora ela foi anulada e eles [o governo] estão impondo seu gosto pessoal’, protestou Mohammed Ali Jafarieh, dono de uma editora iraniana, em entrevista ao jornal britânico Guardian.
Os livros na nova lista negra incluem o best seller Moça com Brinco de Pérola, de Tracy Chevalier, clássicos como Enquanto Agonizo, de William Faulkner, e títulos que contenham letras de músicas dos Rolling Stones, Beatles, Doors, Black Sabbath, Guns ´n´ Roses e Queen. As livrarias receberam ordem para ‘limpar’ as prateleiras – caso contrário, serão fechadas. As editoras foram expressamente proibidas de republicar qualquer um dos títulos citados pelo ministério da Cultura.
Fim à cultura Ocidental
O ministro acusa as editoras do país de encorajar os jovens a imitar a cultura Ocidental, seguindo um ‘comportamento imoral’ e ‘zombando das tradições religiosas’. ‘Nós recebemos reclamações contra aqueles que vêem os livros como apenas um mercado e agem como assistentes do mal’, afirmou Hossein. ‘Algumas vezes, a humilhação da juventude iraniana está implícita ou é sugerida nos livros’.
O presidente Ahmadinejad, eleito em agosto de 2005, tem restringido bastante a liberdade artística no país. Seu governo introduziu novas diretrizes que proíbem filmes que promovem as ‘idéias de secularistas, feministas, liberais, niilistas e aqueles que degradam a cultura Oriental’. No final do ano passado, o governo proibiu a reprodução de música Ocidental nas rádios e emissoras de TV do Irã.