Antes de se conhecer o destino da CPI armada na Câmara para investigar negócios da TVA, do Grupo Abril, alguns dados precisam ficar muito claros. Trata-se de uma revanche pessoal do senador Renan Calheiros contra a revista Veja – que vem denunciando diversos negócios seus, todos comprovadamente irregulares.
Quem está colaborando com o presidente do Senado nesta operação vingativa é o seu antecessor Jader Barbalho, hoje deputado e cujos negócios pessoais, igualmente escusos, foram devassados pelo mesmo semanário há alguns anos.
Terceiro dado relevante: grande parte dos deputados que assinaram o requerimento para a convocação da CPI são do PT, que assim encontraram um meio de desforrar-se dos ataques da revista a certos atos e políticas do governo.
Este encadeamento de retaliações, bem no estilo do cangaço e da máfia, tem um objetivo único: calar um veículo jornalístico. Isso fica bem na Venezuela feudal, não no Brasil.
Tanto o presidente do Senado como o próprio governo têm meios para investigar a venda da TVA à Telefônica. Uma CPI contra um veículo jornalístico é fato inédito, extremamente perigoso. O imperador D. Pedro II dizia que a imprensa só pode ser remediada pela imprensa. Na democracia, um eventual sensacionalismo não se corrige com esta dose tripla de revanchismo.