Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Jornalistas viram “psicólogos” em cobertura de tragédias

Jornalistas escolhem passar a vida informando às pessoas o que acontece em todo o mundo, fazendo o que mais gostam. Acontecimentos festivos e trágicos, nada pode escapar de virar notícia. Mas, e quando chega a hora de noticiar uma tragédia que abalou milhares de pessoas? É preciso um cuidado especial e, além da veia jornalística, um lado humano que se preocupe e compadeça com a situação do próximo. Ao menos essa é a opinião de jornalistas que estão acompanhando de perto as enchentes – da região serrana do Rio de Janeiro e em municípios mineiros – entrevistados pelo Comunique-se.

Para a jornalista Fabíola Figueiredo, do Brasil Urgente, da Band, nesses momentos o mais importante é se atentar à pessoa que sofre, e depois ao fato. “Sempre devemos partir para o lado humanitário e olhar para aqueles que foram atingidos.” A repórter comenta que é preciso exercer o lado psicólogo. “Nessas situações, como de chuvas, deslizamentos, onde as pessoas perdem tudo e mais um pouco, assumimos também o papel de psicólogo. Não podemos deixar tudo isso como apenas estatística.”

Informar com responsabilidade

Ex-repórter do portal Uai e com experiência de cobrir desastres naturais em Minas Gerais, Thiago Lemos diz que o jornalista muitas vezes sai de cena. “Chega um momento em que o jornalista deixa de existir e fica ali uma pessoa como aquelas outras, que estão sofrendo.” Ele ressaltou ser necessário ter muito cuidado na hora de exercer o jornalismo diante de situações como essa. “Procuro me colocar no lugar da pessoa, ser cauteloso com as perguntas. Trato elas como gostaria que me tratassem em uma situação assim.”

Ana Borges, do jornal fluminense A Voz da Serra, participou da cobertura das chuvas, enchentes e deslizamentos que aconteceram em janeiro passado em Nova Friburgo, no Rio de Janeiro – e que se repetem em 2012. Para ela, depois da apuração é a hora de atentar para como informar sem piorar a situação das pessoas. “Nossa função é contar o que está acontecendo, mas não podemos chegar falando tudo sem pensar no que as pessoas irão sentir quando ler aquilo. Temos que informar com responsabilidade e ajudar a melhorar a situação dos atingidos pelas tragédias por meio das notícias e nosso trabalho.”

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[Mariana Carvalho, do Comunique-se]