Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Foi como sempre foi

Marco Antônio Escobar, que morreu aos 73 anos, na terça-feira (20/2), era o que amigos lembram, com humor, ironia e inveja, o jornalista idealizado: alto, magro, boa pinta, família tradicional, sempre elegante, educado, culto, inteligente, falando fluentemente três idiomas. Algo raro na profissão. Enfim, o clichê perfeito do jornalista nos filmes de Hollywood.

Só que era, de verdade, tudo isso e mais um pouco: escrevia bem, com texto limpo, preciso, fruto de pesquisa profunda, que mantinha sempre pronta para complementar a notícia. Um amigo lembra não ter lido nada tão bom na imprensa, daqui e de fora, como o texto do Escobar sobre a morte do ditador Francisco Franco, em que a Guerra Civil Espanhola ganhou um relato exato, definitivo e apaixonado.

Texto escorreito

Na época, ele era editor de Internacional da Folhade S.Paulo, onde passou a maior parte da carreira e conquistou a amizade e admiração de quantos o conheceram. Roland Marinho Sierra, então editor de Política do jornal, lembra outro talento de Escobar, o pessoal: “Era de caráter limpíssimo, grande inteligência, cultura e amigo fiel dos amigos. Brincava comigo dizendo que o melhor texto era o meu, o segundo, o dele”.

Fã de cinema, me procurava na Ilustrada da Folha para um papo e perguntar: “Tem filme bom passando por aí, caro Morgado?”

Seu começo no jornalismo foi nos anos 1960, na Última Hora, como repórter da colunista Alik Kostakis, quando ia para a rua buscar notícias que não vinham pelo telefone. Em seguida, foi para a Visão, no tempo do editor Hideo Onaga, para cuidar da parte internacional.

O jornalista e escritor Wladir Dupont, então “foca” de Escobar na revista, lembra que na época ele já era o que foi até morrer: elegante, educado, bom de texto e de amigos.

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[Fernando Morgado é jornalista]