Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Os movimentos tectônicos

Era um informe do futuro: uma espetacular descrição, pelos olhos de um alto executivo da imprensa, do alvorecer do universo digital. Secretário de redação do Washington Post, Robert Kaiser fora ao Japão em 1992 para um congresso repleto de gente visionária do mundo tecnológico. Ali foi apresentado ao futuro da “multimídia” e a dois potenciais métodos de distribuição do produto de meios de comunicação: microcomputadores e redes digitais.

Na volta, Kaiser redigiu um relatório de 2.700 palavras dirigido ao presidente da Post Co., Donald Graham, e à diretoria do jornal. O texto partia com a alegoria (falsa, mas sugestiva) do sapo na panela de água quente:

Às vezes descrito como o pai intelectual do microcomputador, Alan Kay soou um alerta com uma analogia que parecia valer para nós. Era a velha história do sapo: se botarmos o bicho numa panela com água e formos subindo a temperatura aos poucos, o sapo não vai pular fora nem quando a água estiver fervendo, pois seu sistema nervoso não capta pequenas mudanças de temperatura.

O Post não está numa panela com água, e somos mais inteligentes do que o típico sapo. Mas estamos, sim, nadando num mar eletrônico no qual a certa altura poderíamos ser devorados – ou ignorados, como um desnecessário anacronismo. Nossa meta, obviamente, é não sair da revolução eletrônica como um sapo escaldado.

Na sequência, Kaiser contou o que descobrira no encontro. Falou de um mundo no qual a distribuição e o consumo eletrônicos redefinem o mundo da mídia. O executivo não só alerta os colegas do risco de serem devorados – ou, pior, ignorados –, mas também sugere que o Post lance imediatamente dois projetos prospectivos: um para a criação imediata de um produto eletrônico de classificados e outro para projetar o primeiro jornal eletrônico do mundo.

Em meados de 2012, quando a íntegra do relatório de Kaiser circulou entre estudiosos do jornalismo, o debate público que se seguiu louvou a clarividência do executivo e lamentou que sua impressionante prévia daquilo que estava por vir – redigida antes da estreia pública da internet – não tivesse levado a qualquer ação.

Boa parte da discussão sobre a oportunidade perdida ignorou, contudo, um segundo aspecto do relatório, aliás crucial: ainda que o Post tivesse rapidamente colocado em prática tudo o que Kaiser sugerira, de nada teria servido. Embora Kaiser tenha exposto com maestria grandes forças àquela altura mal perceptíveis, seu informe também trazia indícios de quão difícil seria se adaptar a um mundo no qual a internet era algo normal.

Kaiser garante aos colegas executivos que, já que teria de filtrar toda essa nova informação, o público precisaria de editores profissionais:

Diante da massa de informações do mundo moderno, suspeito que até o cidadão do século 21, já à vontade com o computador, vai querer contar com a ajuda de repórteres e editores que se disponham a vasculhar essa massa de dados com inteligência para tentar extrair daí algum sentido. Curiosamente, quando perguntei a uma série de pessoas no simpósio o que gostariam de poder fazer nesse futuro eletrônico, muitos falaram do desejo de achar tudo o que já tivesse saído na imprensa sobre temas de seu interesse (o CompuServe tem um recurso bem primitivo que já permite algo parecido).

Kaiser fitou nos olhos esse recurso “bem primitivo” – a “busca”, que a certa altura daria origem ao Yahoo! e, depois, ao Google – e concluiu que seguiria sendo algo marginal, pois imaginou que a mercadoria que vendia – critério editorial – não teria substituto. Na mesma linha, os dois projetos que sugeriu eram fundados no mesmíssimo raciocínio que frustraria milhares de outras tentativas de inovação; falando da versão eletrônica dos classificados, Kaiser disse que o Post deveria reservar para si o direito…

…de adiar a implementação até o momento no qual possamos garantir que iremos ganhar mais dinheiro (ou deter um concorrente) se lançarmos o produto eletrônico.

Até alguém que tivera uma privilegiada visão do futuro não captara uma lição crucial – lição que Alan Kay e colegas tinham claramente tentado transmitir: ninguém podia se dar ao luxo de adiar a implementação do futuro. O erro (grande, porém oculto) foi supor que o Post, ou qualquer outra instituição, poderia optar por ficar de fora das mudanças que viriam. Esse erro custou ainda mais caro porque, em sua elucubração, Kaiser não admitiu a possibilidade de que a receita por usuário trazida por novos canais de distribuição de notícias e publicidade pudesse ser menor, e não maior.

Era esse o verdadeiro nó – algo impossível de perceber lá atrás, mas óbvio da perspectiva atual: o problema enfrentado por organizações jornalísticas tradicionais nas duas décadas transcorridas desde a viagem de Kaiser não foi a concorrência, mas uma revolução. Sua tese era que a nova tecnologia iria aumentar, em vez de derrubar, a receita publicitária. E que iria dar mais controle ao jornal, não ao leitor. Isso condizia com tudo o que ocorrera até 1992, mas não era o que estava prestes a ocorrer agora que a internet começava a dar a todos muito mais liberdade.

 

Os próximos anos

Na década de 1990, gente que, como nós, ponderava a relação entre a internet e organizações jornalísticas, equivocadamente supunha que o principal problema diante dessas organizações era entender o futuro. Na verdade, tal problema era secundário. O grande problema era se adaptar a esse futuro.

A história do jornalismo em 2012 volta e meia ainda é narrada como a história do colapso da velha ordem, o fim do período no qual “notícia” era aquilo que um plantel enumerável de atores institucionalmente estáveis decidia publicar. Essa tese era tão arraigada que até alguém que teve a oportunidade de vislumbrar o futuro com décadas de antecedência ainda achava que, no caso de jornais, a revolução digital favoreceria a tradicional virtude do critério editorial – e não a nova virtude de um usuário com mais poder – e que a matemática do meio eletrônico giraria em torno da geração de receitas, não da redução de custo.

Agora, essa narrativa de “fim de era” também está chegando ao fim. Hoje, o mercado de mídia no qual vivemos é o menos diversificado e menos inclusivo que habitaremos nos próximos anos, o que significa dizer que o ecossistema que vem se formando a nosso redor vai incluir ainda mais atores e atividades do que a paisagem atual.

É fácil associar esse crescimento do discurso público a um aumento no caos, embora o caos seja um ativo que se deprecia: o que parece irremediavelmente confuso hoje será normal amanhã. A velha ordem não será restituída, mas todos vão se acostumar à nova ordem que agora desponta.

Embora até aqui tenhamos nos concentrado em indagar como é a produção de notícias hoje, nesta seção iremos lançar uma pergunta correlata: dadas as forças já em ação, como será a produção de notícias em 2020, daqui a sete anos? A distância em relação a hoje é tão grande quanto a de hoje para 2006, quando YouTube, Twitter e Facebook ainda engatinhavam.

Como de regra em qualquer exercício de futurologia, vamos nos equivocar, ao menos em parte. Vamos superestimar certas mudanças, subestimar outras e, pior ainda, deixar de antever forças novas que surgirão nos próximos sete anos. Nossa meta aqui é acertar no rumo, não no destino final; acreditamos que muitas das forças que irão esculpir o cenário jornalístico em 2020 já são visíveis hoje, assim como redes sociais e distribuição de vídeo por internautas eram visíveis sete anos atrás.

Em 2020, vai haver considerável continuidade superficial com o panorama jornalístico do século 20. Ainda haverá um Los Angeles Times e uma CNN. No entanto, essa continuidade de instituições será acompanhada de uma reconfiguração de quase todo aspecto do mundo da mídia no qual atuam. É como disse George W.S. Trow no ensaio “Within the Context of No Context”, uma estranha e maravilhosa reflexão sobre a nova paisagem social nos Estados Unidos:

Todo mundo sabe, ou deveria saber, que houve um “deslocamento de placas tectônicas” sob nós (…) partidos políticos ainda têm os mesmos nomes, ainda temos uma CBS, uma NBC, um New York Times; mas não somos mais a mesma nação que no passado teve isso tudo.

Trow falava do desaparecimento de qualquer núcleo evidente de cultura cívica no ocaso da década de 1960, mas a figura de um movimento tectônico também pode servir de metáfora para o panorama da mídia hoje em dia. O rótulo “CBS News” ainda indica o braço jornalístico de uma emissora de TV norte-americana, mas já não representa o padrão-ouro no jornalismo e já não ocupa um posto de inquestionável centralidade no meio jornalístico. Em parte, porque a própria CBS hoje encara a notícia de forma distinta, mas sobretudo porque o contexto da concorrência e do consumo no jornalismo mudou tanto que, ainda que a única meta da CBS News nas duas últimas décadas tivesse sido manter o posto que detinha, o esforço teria sido em vão.

O ecossistema jornalístico de 2020 será caracterizado por expansão, com maior contraste entre os extremos. Haverá mais gente consumindo mais notícia, e de mais fontes. A maioria dessas fontes terá uma noção clara de seu público, dos setores específicos que cobre, de suas competências básicas. Um número menor dessas fontes será de “interesse geral”; ainda que uma organização decida produzir um apanhado completo das notícias do dia, o leitor, o telespectador e o ouvinte vão desmembrá-lo e distribuir, por suas distintas redes, aquilo que lhes interessa, e nada mais. Um crescente volume de notícias vai ser consumido por essas redes ad hoc, não por um público fiel a uma publicação específica.

Quase todo aspecto da paisagem jornalística vai comportar mais variedade do que hoje. Não estamos migrando de grandes organizações de mídia para pequenas, ou de uma cobertura lenta para a rápida. O espectro dinâmico do jornalismo está aumentando ao longo de vários eixos simultaneamente. A internet criou mais demanda por formatos narrativos e por notícias factuais, por uma gama maior de fontes em tempo real e pela distribuição mais ampla de textos de fôlego.

Um punhado de organizações terá redações maiores do que hoje, em geral subsidiadas por serviços de informação voltados a profissionais de certas áreas (como nas dobradinhas Thomson-Reuters e Bloomberg-Business Week). A maioria dos veículos de comunicação, no entanto, terá uma redação menor (em termos do total de profissionais na folha de pagamento). Ao mesmo tempo, haverá muito mais atores de nicho do que hoje, com operações menores e mais especializadas (Outer Banks Voice, Hechinger Report).

Haverá mais organizações jornalísticas sem fins lucrativos, bancadas por distintos mecanismos: dotações diretas de entidades filantrópicas e outras fontes de subsídio (como no caso da Ford Foundation bancando repórteres do Los Angeles Times, da William Penn Foundation financiando a PennPraxis), aporte de fundos por usuários (NPR, TPM) e doações em espécie – tempo, conhecimento – de uma determinada comunidade (como na redação de verbetes sobre catástrofes para a Wikipedia ou na criação de fluxos de hashtags no Twitter).

A óbvia vantagem de um subsídio maior para a notícia é sua maior disponibilidade. Uma desvantagem igualmente óbvia é o risco de que a fronteira entre relações públicas e jornalismo se dissolva ainda mais. O crescente número de veículos de comunicação, com sua mixórdia de interesses e fontes de custeio, aumenta a necessidade de autopoliciamento. Veículos independentes terão de aprender a identificar, rotular e rechaçar publicamente o “churnalism”, a mera reprodução de comunicados de imprensa (como observou David Weinberger, transparência é a nova objetividade).

O tradicional papel de formadora de opinião da imprensa seguirá em declínio, e com ele a ideia do “público” como grande massa interligada de cidadãos consumidores de notícias. A variedade em veículos de mídia disponíveis vai continuar crescendo, o que produzirá menos uma cacofonia e mais um mundo de diversos públicos sobrepostos, de distintos portes. Visto por esse prisma, o colapso da confiança na imprensa, que vem de muito, é menos em função de uma nova postura em relação a veículos tradicionais de comunicação do que efeito colateral da contínua fragmentação do mercado norte-americano de mídia (provavelmente é hora de aposentar a tese de que haja um ente chamado “imprensa” que goza de reputação junto a um ente chamado “público”).

A mudança no controle da distribuição também seguirá a toda. O velho modelo, no qual a maioria dos usuários visitava a página de um meio ou usava um aplicativo móvel atrelado a uma única organização, vai seguir perdendo terreno para a superdistribuição: ou seja, usuários mandando material de seu interesse para outros. Já vivemos num mundo em que os textos de maior circulação chegam a um público muitíssimo superior à audiência média do site de origem do conteúdo. Para se adaptar a essa distribuição cada vez mais desigual, a maioria das organizações terá de aprender a cooperar com usuários para filtrar e passar adiante conteúdo relevante.

Essa superdistribuição não vai se limitar à difusão de material novo; uma das grandes surpresas do Twitter, meio que prima pela brevidade e o imediatismo, é o volume de demanda que revelou por textos de fôlego e vídeo. O News.me, um serviço criado há pouco, vasculha feeds de usuários do Twitter para sugerir os links mais conferidos nas 24 horas anteriores; do material filtrado por esse serviço, um incrível volume é composto de longas reportagens ou artigos de opinião (em vez de estripulias de gatos).

Embora a “roda de hamster” seja um efeito óbvio da colonização da paisagem jornalística pela internet, a expansão do espectro dinâmico do cenário jornalístico está ocorrendo em ambas as extremidades da distribuição; a roda de hamster foi acompanhada de um crescimento da cobertura jornalística de fôlego e de análises.

Na produção de notícias, haverá um emprego de mais técnicas: análise algorítmica de dados, representação visual de dados, contribuição do cidadão comum, incorporação da reação das massas, produção automatizada de textos a partir de dados. Haverá mais generalistas trabalhando em temas de nicho; entrevistadores especializados em temas específicos irão criar, editar e distribuir fotos, áudio ou vídeo, como numa redação de uma só pessoa. Em redações com equipes grandes o suficiente para permitir a colaboração entre distintas seções, haverá muito mais especialização. Em 2020, a pessoa mais tarimbada na exploração de dados, na representação visual de informações ou na criação de experiências interativas terá um arsenal bem mais sofisticado de ferramentas e experiência do que seus congêneres no presente.

Toda redação ficará mais especializada. Haverá menos intercâmbio de profissionais e funções entre uma redação e outra, pois essa permuta já não será tão simples. Cada redação terá uma ideia melhor de quem são seus parceiros entre instituições e o público em geral, e terá uma noção só sua sobre a melhor maneira de trabalhar com eles. Muitos dos produtores daquilo que antigamente encarávamos como notícia não serão organizações jornalísticas em qualquer acepção comum do termo hoje em dia. O levantamento de ocorrências policiais virá da polícia. Dados ambientais serão apresentados com ferramentas interativas do Sierra Club. Wikipedia e Twitter vão solidificar seu papel como fonte importante de informação sobre fatos ocorridos no último minuto.

Como Robert Kaiser e o Washington Post acabaram descobrindo, não há como adiar a implementação das mudanças que hoje testemunhamos. Há apenas a luta para se adaptar e garantir um nicho no ecossistema que permita a criação sustentável de valor a longo prazo.

 

O que jornalistas devem fazer?

Como no cubo de Necker, é possível olhar para o meio jornalístico e ver um de dois conjuntos de relações: o trabalho de jornalistas no apoio a instituições ou o trabalho de instituições no apoio a jornalistas. Naturalmente, há algo de verdade nessas duas óticas, embora por uma série de razões tenhamos nos concentrado na segunda.

Primeiro, porque o trabalho de jornalistas tem precedência lógica e temporal sobre o trabalho de instituições. Segundo, porque o ato de testemunhar, descobrir ou entender o que é importante, e de transmitir essa informação de modo inteligível a públicos distintos, é o papel sagrado; a preocupação com instituições jornalísticas só assume caráter de urgência pública por prestarem apoio a indivíduos que exercem esse papel. E, terceiro, porque muito da discussão da última década partiu da tese de que a sobrevivência dessas instituições é mais importante do que a capacidade de um indivíduo qualquer de exercer esse papel sagrado, seja lá como for.

Embora esse conceito tenha sido maculado pela atual ladainha de que hoje “você é sua própria marca”, vivemos uma era na qual iniciativas de jornalistas solitários e pequenos grupos são ideais para a descoberta de novas fontes de valor – e, já que todo processo é a resposta à dinâmica de um grupo, quanto menor o grupo, mais fácil será equilibrar processo e inovação (embora mais tarde a inovação tenha de se converter em algo repetível).

Se o leitor estiver buscando um lema ideal para um jornalista, redator, analista, artista de mídia, explorador de dados ou qualquer outra ocupação ou função de relevância no momento, uma boa pedida seria “se não for detido, siga em frente”. É como disse um executivo da rádio norte-americana NPR a Andy Carvin, que criou o modelo de “curador” de notícias no Twitter: “Não entendo isso que você faz, mas continue fazendo, por favor”.

Neste ensaio, já demos uma descrição – na verdade, várias – de competências e valores que um jornalista pode colocar na mesa. Esse leque de descrições existe porque o jornalismo não está passando de A para B, de um estado estável nos Estados Unidos do pós-guerra para um estado novo (e distinto) no presente. O que o jornalismo está fazendo é ir de um para muitos: de um conjunto de papéis cuja descrição e cujos padrões diários eram uniformes o bastante para merecer um único rótulo para uma realidade na qual o vão entre aquilo que faz de Nate Silver um jornalista e aquilo que faz de Kevin Sites um jornalista segue crescendo.

Já prevendo o crescimento de modos e tempos possíveis do jornalismo, nossa recomendação geral ao jornalista é a seguinte:

>> Conheça a si mesmo. Saiba quais são seus fortes, quais as suas deficiências e como explicar isso tudo aos outros. Saiba quais são suas áreas de especialização, tanto em termos de conteúdo (política no norte da África?; engenharia civil?; padrões climáticos históricos?) como de trabalho (você é bom para entrevistar?; bom para apurar?; é um jornalista “Final Cut”?; um jornalista Excel?; um jornalista Hadoop?).

>> Saiba quando a ferramenta mais útil é um algoritmo ou a “multidão”. Saiba quando é mais fácil localizar por Twitter do que pelo auxílio à lista uma pessoa com quem é preciso falar. Saiba quando sua rede pode ajudar. Saiba quando alguém em sua rede pode ajudar, e aprenda a buscar essa ajuda (e também a recompensar quem o ajuda).

>> Saiba quando o processo está contribuindo para seu trabalho e quando não – e, se for esse o caso, quando romper o vidro (até onde possível). Saiba quando trabalhar sozinho, quando pedir ajuda, quando buscar apoio fora de sua esfera costumeira.

No fundo, isso significa alguma forma de especialização. É possível se especializar em conteúdo: cobrir uma certa área, dominar um certo assunto, entrevistar um certo tipo de gente. Também é possível se especializar na técnica: adquirir a capacidade de peneirar bancos de dados, interpretar prospectos de investimento, circular por zonas conflagradas ou interagir com usuários – sendo que cada habilidade dessas poderá ser aproveitada em várias outras áreas de inquérito. É possível se especializar em conteúdo e ser um generalista na parte técnica, ou se especializar na parte técnica e ser um generalista em conteúdo. Ou se especializar nas duas coisas (antigamente, a especialização em nenhuma era aceitável; hoje, bem menos).

Faculdades de jornalismo também terão de se adaptar a esses novos modelos. Hoje, o curso de jornalismo já está mais para o de cinema do que o de direito – ou seja, o sucesso ou o fracasso relativo de quem tem um diploma de jornalismo vai comportar muito mais variação do que antigamente. Em grandes jornais e emissoras locais de TV, há muito menos vagas para quem está começando – vagas que serviam como meio informal de praticar e aprender. Além disso, a carreira que espera o aluno no mercado será mais variável e vai depender mais de sua capacidade de criar uma estrutura própria do que simplesmente se adequar a um posto em uma constelação conhecida de instituições abastadas e estáveis.

O que a faculdade deve fazer é ajudar o aluno a entender tanto o tipo de especialização que gostaria de adquirir como o caminho a percorrer para chegar lá, missão que tem muito menos a ver com preparar o aluno para instituições específicas (como na velha, e hoje nociva, divisão entre imprensa escrita e falada) e muito mais com prepará-lo para formas específicas de investigação, independentemente de como e onde isso será feito.

Hoje, a sorte do jornalismo nos Estados Unidos está muito mais nas mãos de cada jornalista, isoladamente, do que nas de instituições que sustentam esses profissionais. Para chegar ao jornalismo que uma democracia complexa e tecnocrática exige, precisamos que cada profissional assuma, por si só, a parte mais difícil da tarefa de decidir o que significa jornalismo de qualidade em um mundo no qual informação é o que não falta.

 

O que velhas organizações jornalísticas devem fazer no novo contexto?

Embora muitas instituições consolidadas ainda vejam na perda incessante de receita o principal efeito das mudanças atuais, a reestruturação do jornalismo norte-americano é, hoje, muito mais influenciada por modelos organizacionais do que pelo lucro (ou o prejuízo). Com um punhado de exceções, organizações jornalísticas voltadas ao lucro terão de seguir cortando custos até que a receita (que segue em queda) supere as despesas – embora cortar pura e simplesmente vá resultar em instituições que fazem menos com menos.

Instituições tradicionais precisam adaptar seu braço de jornalismo, e não só o balanço, à internet. Na hora de fazer mais com menos, falar é sempre mais fácil do que fazer. Mas projetos como Homicide Watch e Narrative Science estão aí para provar que não é impossível.

Embora tenhamos feito várias recomendações ao longo do dossiê, nossa recomendação geral para instituições da velha guarda é, basicamente, a seguinte:

>> Decida que esfera da sociedade sua organização quer cobrir, e como. Abandone qualquer atividade que não contribua para essa meta. Entre em parcerias ou colaboração com organizações que persigam a mesma meta mas tenham custo menor do que o seu. Nas demais atividades, busque ou excelência, ou baixo custo (se possível, ambos).

Certos veículos de comunicação tradicionais simplesmente vão passar a gastar menos para cobrir o noticiário – sem promover nenhum outro ajuste –, o que significa que abandonarão aos poucos a cobertura diária dos fatos. Ainda que alguns consigam sobreviver com esse corte de custo, o interesse em preservar a saúde de organizações jornalísticas tradicionais sempre se deveu ao serviço público que prestam; uma organização que elimina gorduras mas não busca assumir funções novas, menos onerosas, está abandonando essa missão de servir o público, ao menos em parte. E, com isso, vai atrair menos jornalistas qualificados.

Gastar menos do que se arrecada segue sendo um problema, óbvio. Nos Estados Unidos, veículos que dependiam de publicidade – que vem em queda há seis anos – estão em lastimável situação. Dada a incessante debandada de anunciantes para outras plataformas e a nefasta matemática da diminuição do público do produto impresso – a receita cai a ritmo mais acelerado do que o custo da impressão –, muitas organizações da velha guarda terão de considerar novas fontes de receita: realização de eventos, apoio financeiro de outras instituições para cobertura de certos setores, cobrança de assinaturas digitais para a minoria de leitores mais devotos. Seguir derrubando o custo, no entanto, ainda é a estratégia mais óbvia.

Não há como sustentar o velho modelo do “tudo em um” – para levar toda (ou quase toda) notícia ou informação ao usuário –, pois sem barreiras geográficas à entrada no mercado há pouquíssima vantagem em dar a mesma notícia que está sendo dada no município ao lado ou no estado seguinte. Assim como o princípio da subsidiariedade nos Estados Unidos (pelo qual a instância federal só deveria ser responsável por aquilo que não pode ser resolvido no âmbito de estados, municípios e instâncias inferiores), a notícia devia ser produzida e distribuída por aqueles mais aptos a cobri-la. Isso sugere a migração para especialização e colaboração muitíssimo maiores.

Ao ouvir esse conselho, o que muitos jornais tradicionais fizeram, na prática, foi preencher a homepage com material de agências e a grande notícia ocasional – um belo exemplo de adaptação à perda de receita em vez de adaptação à internet. Uma organização jornalística com DNA digital simplesmente não traria o conteúdo comoditizado de agências; talvez daria links para notícias importantes, ou publicaria uma seleção de trechos de blogs conceituados ou outros agregadores. Sejam quais forem as decisões tomadas nesse sentido, no entanto, instituições jornalísticas que encaram a “primeira página” como a grande preocupação organizacional vão perder muitas oportunidades de reinvenção.

O desperdício do jornalismo de matilha e as calorias vazias do material de agência sem nenhum valor agregado são duas coisas ruins para a maioria das instituições no atual cenário. Organizações que abracem a missão de deixar um certo público informado de grande parte dos fatos provavelmente serão agregadoras, como Huffington Post e BuzzFeed, e não veículos de comunicação tradicionais – no mínimo, porque o custo e a curva de qualidade favorecem o formato do agregador, e não daquele que gasta para melhorar o material de agências ou, mais acima na curva, para criar um conteúdo próprio que não tem nem público fiel, nem vida útil longa.

A redação também terá de decidir que parte do trabalho comoditizar. O conteúdo fácil de gerar (textos enxutos com o resultado do jogo da véspera ou o balanço de uma empresa no trimestre precisam ser publicados, mas sem ser longos nem excelentes) pode ser substituído por agregação, ou pela produção automatizada. Para a maioria das organizações, qualquer coisa que exija tempo mas tenha baixo valor (e tempo, aqui, significa tudo o que envolva mais de dez minutos de trabalho humano remunerado) deve ser automatizada, delegada a parceiros ou usuários ou totalmente eliminada.

Qualquer redação que se dedique a mais de um formato de cobertura – últimas notícias e longas análises – terá de entender melhor o toma-lá-dá-cá entre rapidez e profundidade. Aqui, não há uma resposta certa, ou mesmo uma mescla certa: a cobertura de setores que avançam lentamente, com um punhado de atores relevantes – a indústria de mineração, o projeto de veículos –, terá um mix distinto da de fatos em rápida evolução, movidos pelo fator surpresa – campanhas eleitorais, guerras civis.

A redação também terá de entender as trocas envolvidas entre a agregação e a cobertura original (e otimizar cada atividade dessas de forma distinta), ou as trocas envolvidas entre traduzir relatos em primeira pessoa e colocar jornalistas entre essas fontes e o público para contextualizar e interpretar.

Organizações estabelecidas também terão de aprender a encarar relacionamentos e dados como novos recursos, e a lidar com isso. A capacidade de uma instituição de pedir a usuários que tomem parte da criação, avaliação e distribuição de notícias, de encontrar testemunhas em primeira mão dos fatos ou gente com informação privilegiada para dar uma notícia específica, será uma das grandes fontes de diferenciação. Na mesma linha, a capacidade de interpretar certos dados e deles extrair valor de forma reiterada ao longo do tempo é, cada vez mais, algo essencial (na velha disputa da U.S. News and World Report com Newsweek e Time, o irônico é que o ranking de universidades da primeira, e seu banco de dados, em breve poderiam estar valendo mais do que as outras duas publicações juntas).

Na questão de processos, a organização terá de ser capaz de dizer quando um processo ajuda e quando atrapalha – e saber como tornar seus processos “hackeáveis”. Também terá de decidir que funcionários da casa ou voluntários terão autorização para ignorar ou alterar processos já institucionalizados a fim de explorar oportunidades imprevistas, mas de alto valor. De todas as nossas recomendações, essa talvez seja a mais difícil de seguir para instituições tradicionais. Seja como for, o sucesso ou o fracasso de muitas dessas empresas será determinado pela capacidade de abraçarem a flexibilidade.

 

O que novas organizações jornalísticas devem fazer?

O leque de modelos e ideias inéditos sendo testados por novos projetos de jornalismo é grande, mas a maioria dos grupos que hoje colocam essas ideias em prática ainda não é nem robusta, nem estável. Parte da explicação é que, como em qualquer revolução, o velho entra em colapso muito antes de ser substituído pelo novo. Mas outra razão é que o modelo de negócios nas últimas décadas criou uma monocultura jornalística na qual o subsídio publicitário era a principal fonte de receita até para organizações que também obtinham receita diretamente de seus usuários.

Novas organizações jornalísticas terão de fazer o mesmíssimo que organizações da velha guarda em termos de buscar um equilíbrio entre rapidez e profundidade, agregação e geração própria de conteúdo, criação solo e parceria. Em geral, no entanto, é mais fácil para novas organizações entender e administrar essas trocas, pois os indivíduos que ali trabalham não precisam “desaprender” velhas coisas a fim de se adaptar à presente realidade. Como sempre, indivíduos e organizações jovens levam vantagem sobre os mais velhos não por saberem mais, mas justamente por saberem menos coisas que deixaram de ser verdade. Sem o fardo de velhas premissas que já não se sustentam, perdem menos tempo e energia desaprendendo coisas antes de poder encarar e reagir ao mundo atual.

Nossa recomendação geral para organizações jornalísticas novas é ainda mais simples do que para jornalistas ou organizações da velha guarda:

>> Sobrevivam.

A crise visível de instituições jornalísticas é a redução de suas funções tradicionais. Mas uma segunda crise, menos discutida, é a necessidade de estabilidade institucional, previsibilidade e margem de recursos em novos projetos jornalísticos nos Estados Unidos.

Grande parte da questão da institucionalização dessas novatas está ligada à gestão de receitas e despesas por essas organizações, algo que foge ao escopo da discussão sobre a cara do jornalismo no século 21 (reiterando nossa posição: o grosso da discussão envolvendo o modelo voltado ao lucro versus o modelo sem fins lucrativos é inútil; qualquer saída que garanta mais receita do que despesas é uma boa saída). Mas parte do problema tem a ver com premissas e competências organizacionais incorporadas desde o início a novas organizações.

Novas organizações devem partir da tese de que o controle de custo é a disciplina central e que muitas fontes de subsídio para novos projetos terão duração limitada. Devem aprender a trabalhar com amadores, multidões, máquinas ou outros parceiros para manter o custo baixo e a influência alta. Para sobreviver, novos projetos jornalísticos terão de adotar parte da rotinização do trabalho e da estabilização de processos das instituições mais antigas que tentam desbancar. Não devem ter medo de ser um pouco previsíveis.

Há uma certa leviandade no discurso sobre a presente ruptura. É a crença de que, na “grande roda da vida”, velhas instituições perderão força e novas instituições automaticamente tomarão seu lugar.

É uma possibilidade, é claro. Uma outra é que velhas instituições percam força mas que as novas não ocupem seu lugar, por não terem estabilidade institucional para servir de contrapeso a grandes organizações burocráticas. De todos os cenários nefastos que se poderiam imaginar, este seria o pior: o poder e a função de velhas organizações seguem definhando, mas novas entidades simplesmente são incapazes de manter as rédeas sobre o poder burocrático.

 

O fim da solidariedade

Talvez a maior mudança nos próximos sete anos vá ser o contínuo enfraquecimento da noção daquilo que constitui uma notícia e, por conseguinte, daquilo que constitui uma organização jornalística. Iniciada há muito por Jon Stewart e a cobertura de eleições na MTV, essa mudança segue em curso no momento. À pergunta “O Facebook é uma organização jornalística?”, tanto “sim” como “não” não são respostas satisfatórias (a melhor resposta aqui é “Mu”, que no linguajar de programadores significa dizer que “a pergunta, conforme foi feita, não tem resposta plausível”). Embora crucial para o ecossistema jornalístico, o Facebook é estruturado de um jeito totalmente alheio a qualquer coisa que identificaríamos como organização jornalística; sua presença altera o contexto da questão.

Também haverá menos clareza sobre aquilo que constitui o jornalismo propriamente dito. Instituições reiteradamente tomam a continuidade superficial por uma estrutura profunda; o jornalismo não é uma categoria coerente nem ontologicamente robusta; é, antes, um fluxo constantemente negociado de enunciações públicas por um elenco cambiante de atores, e que calhou de viver um período de relativa estabilidade nos Estados Unidos do século 20. Hoje, vemos o fim dessa estabilidade, o fim da curiosa taxonomia segundo a qual o jornal St. Louis Post-Dispatch é uma organização jornalística, embora publique tirinhas e colunas de conselhos sentimentais, mas não o Little Green Footballs, embora Charles Johnson tenha produzido ali um resultado melhor do que a CBS ao analisar documentos forjados sobre a passagem de George W. Bush pela Guarda Nacional norte-americana.

Antes um conjunto de ocupações, a produção de notícias virou um conjunto de atividades; embora sempre vá existir um núcleo de profissionais dedicados em tempo integral ao ofício, haverá uma participação cada vez maior de gente que mexe com isso apenas parte do tempo, muitas vezes em caráter voluntário – gente que, em certos casos, se concentrará menos em definir o que é ou não notícia do que em saber se seus “amigos ou seguidores” vão curtir o conteúdo. A sobreposição e a colaboração crescentes entre quem se dedica integral ou parcialmente à coisa, e entre indivíduos remunerados e voluntários, será um grande desafio no que ainda resta desta década.

Neste mundo, as grandes mudanças terão ocorrido não no papel de jornalistas dedicados integralmente ao ofício, mas no papel do público. Nele, o consumo atomizado e a discussão privada em pequenos grupos terá dado lugar a uma profusão de novas formas de partilhar, comentar e até ajudar a moldar ou produzir a notícia.

Instituições estabelecidas e novos atores, quem dedica o tempo inteiro ou só parte dele a produzir notícias, generalistas e especialistas – estamos, todos, nos adaptando ao novo panorama. Aqui, o mecanismo mais importante de adaptação talvez seja reconhecer que estamos em meio a uma revolução – a uma mudança tão grande que a estrutura atual da sociedade não tem como contê-la sem ser alterada por ela.

Em uma revolução, estratégias que por décadas surtiram efeito podem simplesmente deixar de funcionar (como muitas já fizeram). Estratégias que pareciam impossíveis ou insanas há coisa de anos podem, agora, ser perfeitas para o novo cenário. Esse período não acabou – aliás, seu fim não está sequer à vista; o futuro próximo trará ainda mais reviravoltas, de modo que até estratégias atualíssimas, com poucos anos de vida (feeds RSS, blogs de jornalistas) podem se converter em recursos triviais, enquanto outras (a capacidade de caçar mistérios em vez de segredos, de levar à atenção do público vozes novas, que surpreendam) podem adquirir nova importância.

Mais do que qualquer estratégia ou recurso, a principal virtude nesse novo mundo será o compromisso em se adaptar à medida que velhas certezas desmoronam e adotar novidades que ainda nem entendemos plenamente. E lembrar que a única razão para que tudo isso importe, e não só para quem segue trabalhando no que antigamente chamávamos de indústria jornalística, é que o jornalismo – a exposição de fatos que alguém, em algum lugar, não quer ver publicados – é um bem público essencial.

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Métodos usados no relatório

Embora o presente material esteja mais para ensaio do que estudo acadêmico passível de comprovação, empregamos, sim, uma série de métodos para formular nossas análises, recomendações e conclusões. A pesquisa foi fundada, basicamente, em entrevistas qualitativas feitas em diversas instâncias: em conversas a sós, em locais de trabalho, por e-mail ou telefone e nas instalações da Columbia University Graduate School of Journalism. Colhemos um volume considerável de dados em um simpósio fechado na Faculdade de Jornalismo (nos dias 17 e 18 de abril de 2012), do qual participaram 21 pessoas.

Em geral, no entanto, o dossiê se baseia na experiência profissional e em estudos acadêmicos anteriores de seus autores. A meta foi combinar a teoria acadêmica mais tradicional com os últimos desdobramentos no mundo do jornalismo e da mídia digital – tarefa invariavelmente complicada. Esperamos ter cumprido tal objetivo e garantido que o relatório não soe superficial para estudiosos da área e nem denso demais para profissionais do jornalismo que decidam encarar a leitura.

Em última análise, acreditamos que o relatório deva servir também para incentivar novos estudos acadêmicos mais tradicionais. Muitas das conclusões aqui apresentadas podem ser colocadas à prova com métodos distintos, para distintos fins. Tendo em vista que cada um de seus autores trabalha em alguma faculdade de jornalismo na cidade de Nova York, e que cada um está envolvido em um aspecto distinto da produção acadêmica para sua respectiva instituição, o futuro da “pesquisa jornalística útil” poderia parecer promissor. Em última instância, a validade das conclusões e provocações deste ensaio vai depender de transformações registradas no próprio jornalismo.

 

Agradecimentos

Em consonância com o espírito e o tema aqui abordados, o presente ensaio foi um esforço de colaboração que envolveu muito mais gente do que os autores citados na capa. Nosso trabalho foi enriquecido com observações, conversas e conselhos de colegas que, de um jeito ou outro, encontraram maneiras de apoiar a empreitada.

Somos gratos, em primeiro lugar, a Charles Berret, doutorando da Columbia Journalism School que esteve a nosso lado o tempo todo e ajudou tanto a coordenar como a conceber os diversos aspectos do trabalho. Sem sua ajuda, o projeto teria sido inviável.

Também somos gratos a Nicholas Lemann, diretor da Columbia Journalism School, cuja visão lançou o germe para esse exame do meio jornalístico. Sem ele, nada disso teria saído do plano das ideias. Ainda na administração da Columbia, contamos com a ajuda de Sue Radmer, Stephen Barbour e Anna Codrea-Rado. Agradecemos a Marcia Kramer pelas sugestões feitas e pela paciência na edição do texto.

Somos gratos também à Carnegie Corporation, que financiou o projeto. Gostaríamos de agradecer à Tow Foundation pelo apoio contínuo a nosso trabalho na Columbia por meio do Tow Center for Digital Journalism.

As vozes mais representadas neste ensaio são as de indivíduos que participaram de um simpósio em Nova York durante os dias 17 e 18 de abril de 2012 (foram, também, os que mais tempo cederam ao projeto). Entre os presentes estavam Chris Amico, Laura Amico, Josh Benton, Will Bunch, Julian Burgess, John Keefe, Jessica Lee, Anjali Mullany, Shazna Nessa, Jim O’Shea, Maria Popova, Nadja Popovich, Anton Root, Callie Schweitzer, Zach Seward, Daniel Victor e Christopher Wink. Não é exagero dizer que iniciamos o encontro com observações bastante vagas e saímos dali com o esboço do presente trabalho.

Ao longo do processo, vários colegas fizeram observações (ou foram formalmente entrevistados sobre a situação presente do jornalismo e seu futuro, ou deram sua opinião sobre as primeiras versões da obra). Aqui, somos gratos a Erica Anderson, John Borthwick, Steve Buttry, David Carr, Andy Carvin, Susan Chira, Reg Chua, Jonathan Cooper, Janine Gibson, Kristian Hammond, Mark Hansen, Andrew Heyward, Alex Howard, Vadim Lavrusik, Hilary Mason, Bethany McLean, Javaun Moradi, Dick Tofel, Matt Waite e Claire Wardle. Uma série de acadêmicos, dentro e fora de escolas tradicionais de jornalismo, foi fonte vital de estímulo e provocação intelectual; agradecemos, em particular, a Rasmus Kleis Nielsen, do Reuters Institute for the Study of Journalism (University of Oxford), e a Michael Schudson e Robert Shapiro (Columbia University).

Um último agradecimento vai para nossas famílias – pela paciência, pelo apoio e pelas sugestões dadas ao longo do processo.

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C.W. Anderson, Emily Bell e Clay Shirky, do Tow Center for Digital Journalism da Universidade Columbia