O editor-chefe da prestigiada revista The Economist, Bill Emmott, anunciou esta semana que deixará o cargo em breve. Após 25 anos na publicação britânica – 13 deles no posto de chefia –, Emmott afirmou que a partir de agora irá se concentrar em escrever livros.
Aos 49 anos, seu próximo projeto é um estudo sobre a rivalidade entre China e Japão. O jornalista iniciou sua carreira na revista, em 1980, como correspondente em Bruxelas. Em seguida passou três anos no Japão – país sobre o qual já escreveu três livros, por sinal. Emmott ocupou também os cargos de chefia das editorias de finanças e internacional.
Uma das mais lembradas ações de seu período como editor-chefe da revista foi a vez em que classificou o então candidato a primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi de ‘desqualificado para governar’. O hoje primeiro-ministro respondeu, na ocasião, em seu típico estilo midiático: comparando Emmott a Lenin nos diversos jornais e emissoras de TV de sua família.
Contra a maré
Mas talvez o maior feito dos 13 anos do editor-chefe foi o aumento significativo da circulação da revista: de 500 mil exemplares semanais para mais de um milhão deles. Em um momento onde jornais do mundo inteiro lutam contra a queda no número de leitores e o enxugamento das redações, a publicação de 163 anos, que produz análises aprofundadas de questões globais e locais, segue o caminho contrário.
Emmott atribui a performance bastante satisfatória da Economist às acuradas habilidades analíticas da equipe e a um crescente apetite de um público altamente educado por notícias globais. ‘As pessoas querem análises competentes, e é isso que oferecemos a elas’, afirma. O editor acha, entretanto, que seu trabalho em conquistar mais leitores foi facilitado pela falha dos jornais tradicionais em alimentar o apetite de seu público por coberturas sérias.
‘Eu acho que nós ganhamos um pouco de espaço. Eles [os jornais] tiveram que lidar com a difícil tarefa de preservar um mercado de massa em um momento em que seu mercado foi minado pela televisão e pela internet’, analisa Emmott, completando que os jornais optaram pelo caminho do entretenimento para tentar segurar os leitores. ‘Poucos seguiram na nossa direção de análises. Há uma escolha – mais entretenimento ou mais informação, e foram poucos os que seguiram a rota da informação’. Informações de Chris Tryhorn [The Guardian, 20/2/06].