Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Editores estão otimistas

No que depender das expectativas de seus editores, os leitores de jornais podem ficar tranquilos. A maioria deles vê com otimismo o futuro dos jornais. Ou ao menos da atividade diária de editar notícias, sejam elas no jornal de papel, entregue todos os dias em suas casas e nas bancas, na internet, nos celulares e, agora, nos tablets.

É o que revela uma pesquisa divulgada na terça-feira (5/10), no primeiro dia do 17º Congresso Mundial de Editores, que se realiza em Hamburgo, norte da Alemanha. A pesquisa foi feita pela consultoria McKinsey com 525 editores de jornais de todo o mundo.

O levantamento mostrou que o otimismo é crescente em relação às pesquisas anteriores, feitas no começo e no meio da década. Nelas, os editores estavam contaminados pelas previsões do fim dos jornais impressos com a expansão das mídias eletrônicas. Elas eram vistas como grandes inimigas das redações – que, com o passar dos anos, passaram a enxergar nelas um aliado do bom trabalho jornalístico. A enquete divulgada agora reflete este novo espírito, da crença numa convergência das mídias em benefício do jornalismo e seus leitores/consumidores.

Profissionais polivalentes

‘Já passou da hora de acabar com o pessimismo, de escrever tanto sobre o fim dos jornais’, disse o consultor Jim Chisholm, um dos apresentadores da pesquisa. Os mais otimistas são os editores de jornais dos países emergentes, como Índia, China e Brasil, onde a circulação dos jornais cresce. No primeiro semestre deste ano, a circulação média diária dos jornais brasileiros cresceu 2% – a do o Estado, 8%.

Para continuar atraindo seus leitores, os jornais e as redações estão mudando. A grande maioria dos editores respondeu que suas redações estão se reinventando e vão mudar ainda mais nos próximos anos, com equipes que estarão trabalhando e oferecendo conteúdos multimídias.

Essas novas fábricas de conteúdo precisarão cada vez mais, segundo eles, de profissionais inovadores, especializados e capazes de trabalhar, se preciso, em várias plataformas. Algo que custa caro. E vinha pondo em xeque a indústria, por conta da gratuidade da internet.

Uma palestra otimista

‘Os jornais não podem cometer o mesmo erro do início da internet, que foi não cobrar pelo conteúdo. Bom jornalismo custa caro, temos de cobrar’, pregou um dos palestrantes do dia, Giovanni di Lorenzo, editor-chefe do semanário Die Zeit, uma das publicações de referência na Alemanha. Que trouxe outra boa notícia aos presentes: apesar da crise europeia, seu jornal está crescendo. Até mesmo entre os jovens. São menos do que em outras gerações, mas leem, informou.

‘Chega de negativismo e de só pensar na internet e tentar mimetizá-la. Nossos leitores querem bom jornalismo, profundidade’, disse. E, para isso, entre outras coisas, as redações devem ouvir mais os leitores, usando a facilidade dos novos meios.

A otimista palestra de Lorenzo, curiosamente, ocorreu antes mesmo da apresentação da pesquisa. Da qual participou este enviado especial, que se alinha com o otimismo geral. E que contou com um iPad para escrever este despacho.

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Jornalista