Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Elio Gaspari

‘A assessoria do prefeito José Serra tem uma reclamação. Seu secretário de Assistência, Floriano Pesaro, acha que ele ‘jamais disse nem mesmo pensou’ a seguinte frase transcrita aqui no último domingo: ‘Acredito que dessa maneira (canalizando as esmolas da população para um Fundo Municipal) vamos conseguir erradicar o problema dos meninos de rua’. Serra usou para os meninos de rua a mesma linguagem que se usa para a febre aftosa. Sua frase foi publicada cinco dias antes, na terça-feira, no jornal ‘O Estado de S.Paulo’. Não teve desmentido nem muxoxo.

Se Serra não conta a Pesaro o que diz ou o que pensa, o problema é deles. Grave é que os dois não leiam o que a imprensa da cidade que governam publica a respeito das cerimônias a que comparecem. Serra e Pesaro criaram uma nova modalidade de reclamação, a do magano que se queixa dos jornais, mas não os lê.’



COLLOR NA CARAS
Angélica Santa Cruz

‘O casamento de mentirinha de Fernando Collor’, copyright O Estado de S. Paulo, 13/11/05

‘Chamado pelo ex-presidente Fernando Collor de Mello para celebrar a sua união com a arquiteta Caroline Medeiros, o bispo Edvaldo Amaral foi logo avisando que, em casos como esses, todo cuidado é pouco. ‘Eu disse a ele que não faço coisas como aquela que o padre Antônio Maria aprontou no casamento do Ronaldo. Abençoar a união de gente descasada e recasada é anti-sacramental. Deus me livre!’, conta ele. Arcebispo de Maceió de 1986 a 2002 e agora responsável pelas almas do arquipélago de Fernando de Noronha, d. Edivaldo concordou apenas em rezar uma missa para as famílias no Santuário de Nossa Senhora dos Remédios – uma igrejinha no município alagoano de Coqueiro Seco, que acaba de ser restaurada pelo Instituto Arnon de Mello. A cerimônia aconteceu na sexta-feira, 28 . Mas os cuidados não foram suficientes. Por conta de suas semelhanças com um casamento de verdade, provocou polêmica entre católicos e despertou a fúria de Rosane Collor, que à luz da lei ainda é a esposa oficial do ex-presidente.

A festa, de fato, teve ares de casório. Grávida de nove semanas – de gêmeas – Caroline entrou na igrejinha de grinalda, com um longo vestido branco. Diante de convidados perfilados, passou de braços dados com o pai, Jacinto Mendonça, e acompanhada por duas sobrinhas. Atravessou um tapete de folhas secas com aroma de canela e foi recebida por um Collor sorridente, de terno preto, de pé diante do primeiro banco da igreja – a uma pequena distância do altar. Depois o casal seguiu para a cobertura do ex-presidente em Maceió, cortou um bolo de três andares, posou para fotos e recebeu cumprimentos. Foi um casamento de mentirinha, porque Collor já trocou alianças uma vez na igreja – com Lilibeth Monteiro de Carvalho, com quem ficou durante seis anos – e ainda não assinou a papelada que oficializa o fim de sua união civil de 21 anos com Rosane Collor.

Na quinta-feira, a revista Caras publicou fotografias do casamento simulado, escolhidas e divulgadas a dedo pelo ex-presidente. No dia seguinte, o telefone da Cúria Metropolitana de Maceió recebeu ligações de pessoas reclamando de como pode o ex-presidente ter casado outra vez, se já é casado. Em uma das ligações, um homem que disse ser católico, mas separado, perguntou se estava liberado para casar pela segunda vez.

Os advogados de Rosane tiraram cópias das fotos para anexá-las ao processo de separação – como prova de que Collor tem feito provocações para deixá-la abalada a ponto de aceitar os R$ 15 mil mensais que ele oferece como pensão. Alterada – mas não a ponto de desistir de lutar pela metade dos bens do ex-marido -, Rosane comentou com amigas que a união foi uma tentativa de atingi-la. E preconizou que ela não há de durar.

Surpreso com as reações, d. Edvaldo Amaral explica que o cerimonial é uma coisa. A missa, outra. ‘Teologicamente falando, não havia nada ali que indicasse um casamento. Não houve bênção e até citei o Papa João Paulo II, quando ele lembra que descasados não têm direito ao sacramento. Mas não vi como eles entraram na Igreja, porque estava na sacristia. E agora, por causa dessa porcaria dessa revista, lá vem o povo dizer que casei o homem três vezes!’, queixa-se. Avisado por assessores da reação dos fiéis, o arcebispo de Maceió, d. José Carlos Melo, mandou buscar o folheto da celebração. Leu atentamente e concluiu: ‘Formalmente, não foi um casamento. Mas, se agora ficam insistindo que foi, paciência. Ninguém segura a língua de ninguém.’

O casório simulado é mais uma polêmica na família do ex-presidente, que governou o Brasil entre 1990 e 1992 e deixou o poder por conta de denúncias iniciadas pelo irmão, Pedro. A mais recente é a separação conturbada. Em abril, Collor mandou empacotar as roupas de Rosane e enviou para a mansão do casal em Maceió, onde ela estava. Semanas depois, apareceu em público com Caroline, uma arquiteta de 28 anos – e 28 anos mais nova do que ele. Rosane reagiu pedindo a divisão do bens do ex-marido e fazendo acusações de que ele teria confiscado suas jóias de família.

A confusão é acompanhada de perto pelo clã. Brigado com o ex-presidente – a quem acusou de comprar o dossiê Cayman, uma pilha de falsos documentos contra políticos tucanos -, Leopoldo Collor costuma telefonar para Rosane em Maceió para contar as aparições públicas do irmão ao lado de Caroline, em São Paulo. Há um mês, fez relatos que deixaram Rosane indignada. Contou que Collor levou Caroline para fazer compras no sex shop onde trabalha uma de suas filhas, Isabel. De lá, seguiu para a joalheria Tiffany’s, onde trabalha outra filha de Leopoldo, Beatriz, e comprou um par de alianças.

Rosane não acreditou. Leopoldo pediu para as filhas ligarem para ela e darem mais detalhes. Além de dividir a família – os filhos, Arnon Afonso e Joaquim Pedro, se recusaram a ir à missa-casório -, a separação obrigou os empregados do ex-casal a escolherem um lado. Espalhados entre uma mansão em São Paulo, outra em Maceió – onde mora Rosane – e a nova cobertura de Collor, eles foram proibidos pelos patrões de trocar informações.

‘ROSANE 2006’

A primeira audiência para oficializar a separação está marcada para o fim do mês. Enquanto espera, Rosane Collor se dedica a fazer ginástica, ir a cultos em uma igreja evangélica e decidir o seu futuro. Como mostram dez outdoors espalhados por Maceió – com os dizeres ‘Rosane Collor para 2006’ -, ela quer se candidatar.

Na última segunda-feira, participou de reunião com representantes do PMR (Partido Municipalista Renovador) – partido que adotou no último dia de filiações. ‘Ela vai sair candidata. Pensa em ser deputada federal, mas quer consultar a família antes. Tem muitas chances, por causa da tradição da família dela na política’, diz Reginaldo dos Santos, coordenador do PMR em Alagoas e pastor da Igreja Universal do Reino de Deus. Procurados pelo Estado, Collor e Rosane não retornaram as ligações.’



NOBLAT NO ESTADÃO
O Estado de S. Paulo

‘Ricardo Noblat estréia blog e coluna no ‘Estado’’, copyright O Estado de S. Paulo, 12/11/05

‘A partir de amanhã, o Estado publicará a coluna política dominical Blog do Noblat, a versão impressa do mesmo blog que está sendo veiculado pelo Portal Estado (www.estadao.com.br) há 8 dias. A coluna sairá na Editoria Nacional e trará notas exclusivas sobre o universo político brasileiro, numa mistura de análise e informação, tal e qual o blog.

As notas publicadas na edição impressa do jornal também estarão no blog virtual e serão atualizadas durante o domingo. ‘Embora apenas uma vez por semana, a coluna será o blog impresso, inclusive com a mesma vinheta’, diz o jornalista Ricardo Noblat, o mais recente contratado do Estado.

O blog do Noblat foi criado há pouco mais de um ano, numa época em que o jornalista nem era muito afeito à internet. ‘Eu não sabia, sequer, enviar um e-mail’, admite hoje Noblat. A veiculação diária do blog, no entanto, não só o tornou um especialista em espaços virtuais, como também o ensinou a ser mais rigoroso na apuração dos fatos. ‘O blog me ensinou mais, em um ano, do que o resto do tempo em que passei em redações de todo o País’, afirma Noblat. Outro lição do blog é que, por sua interatividade, as notícias são publicadas com o tempero da opinião instantânea dos leitores/internautas.

Noblat diz que a migração para o Estado e o Portal Estado ‘dará ao blog mais credibilidade, assim como atrairá um público mais qualificado’. A coluna semanal aos domingos significa, para Noblat, uma volta à mídia impressa, da qual participou em todo o restante de sua carreira, que já tem 36 anos.

Ele conta que já tem várias novidades na cabeça, mas não vai implantá-las no começo. Vai ensaiá-las com o correr do tempo, depois que os internautas do Portal Estado se acostumarem com o formato e o conteúdo de seu blog.

Noblat sempre foi apaixonado por política. Em 1968 foi preso com mais 700 líderes estudantis no congresso da União Nacional dos Estudantes organizado pelo então líder estudantil José Dirceu, em Ibiúna, no interior paulista. Por conta da política, às vezes não dorme e não come – na eleição de Severino Cavalcanti para a Câmara dos Deputados, ele chegou ao Congresso às 14 horas e saiu às 7 da manhã do dia seguinte. O blog aumentou brutalmente sua carga de trabalho: ‘Não tenho mais hora, o blog tem de ser atualizado a todo momento.’

Ele trabalha em casa, de bermudas e chinelo, mas tem uma rotina estafante: começa às 10 da manhã e vara a madrugada, navegando entre os principais meios de comunicação do Brasil e do mundo, para elaborar seus comentários, análises e informações de primeira. Além da navegação intermitente, usa muito o telefone. Por causa do blog, sai pouco de casa.

Ricardo Noblat tem 56 anos, é pernambucano e se formou no Recife. Começou na profissão em sua cidade natal, como correspondente do Jornal do Brasil em substituição ao então jornalista Alceu Valença. Foi chefe da sucursal do Recife da revista Manchete, editor-assistente da revista Veja e autor de uma coluna sobre política no Jornal do Brasil. Trabalhou com marketing político e foi assessor do presidente angolano José Eduardo dos Santos.

Quando voltou ao Brasil, foi diretor de redação do Correio Braziliense e do jornal A Tarde, da Bahia. Tem dois livros: O que É Ser Jornalista – Memórias Profissionais, da Editora Record, e A Arte de Fazer um Jornal Diário, da editora Contexto.’



TODA MÍDIA
Nelson de Sá

‘A farra’, copyright Folha de S. Paulo, 14/11/05

‘Na Globo News, Franklin Martins e Cristiana Lôbo brincavam e riam, ao falar das especulações sobre a queda de Antonio Palocci.

No ‘Fatos & Versões’, a corte brasiliense reage alegremente ao cerco, que vai dos petistas aos tucano-pefelistas e outros.

O apoio de Lula ao ministro, motivo das risadas, é o pouco que restou ao ministro que um dia foi unanimidade.

É a manchete dos telejornais há dias, por exemplo, no ‘Jornal da Band’ de sábado:

– Governo desmente que o presidente esteja procurando substituto para Palocci, mas fontes apontam o secretário-executivo da Fazenda como possível substituto.

No ‘SBT Brasil’, sexta:

– A tensão continua no ar. Governo diz que a crise entre os ministros está superada, mas Antonio Palocci ainda avalia permanência no cargo.

E tem as manchetes dos sites de esquerda, caso do Carta Maior, há vários dias:

– Onda de denúncias contra Palocci enfraqueceu-o a ponto de reabrir debate sobre a política econômica no governo.

E a tensão prosseguia ontem, nos blogs, com Ricardo Noblat declarando o ministro ‘morto’, Josias de Souza pesando opções, em especial Aloizio Mercadante, e Jorge Moreno mantendo no ar, desde quinta, a entrevista com o aparente favorito -o mesmo Mercadante, em largos elogios a Palocci.

Fernando Rodrigues, no UOL, revelou que o pefelista ACM e o tucano Tasso Jereissati querem obrigar o ministro a depor no plenário do Senado, não mais em comissão, e ganharam apoio até de Renan Calheiros. ‘É para colocar pressão máxima’ e levar Palocci à lona, de vez.

Daí a bolsa de apostas, que de acordo com o blog do UOL traz, além de Mercadante e Murilo Portugal, Ciro Gomes, Henrique Meirelles e até o assessor lulista Marco Aurélio Garcia.

Na Folha Online, Kennedy Alencar desenhava o cerco ao ministro da Fazenda:

– Além das acusações sobre corrupção, que precisam ser respondidas, e de uma briga com a ministra Dilma Rousseff, sobre a política econômica, há um terceiro fator a enfraquecer o ministro: pressão de petistas, de aliados e até da oposição por liberação de verbas.

É a ‘farra fiscal’. Lula, avisa Alencar, ‘deseja segurá-lo’.

Do outro lado, a oposição quer sangue. O ex-ministro (de FHC) Miguel Reale Jr. surgiu no blog de Josias de Souza anunciando para ‘fins de janeiro’ o pedido de impeachment.

WEBPOLÍCIA

Logo no Skyblog, que agora pede paz

Ontem nos canais de notícias, no Brasil e no exterior, o registro de que caiu a violência na França -com 374 carros queimados. Mas ela agora ‘se espalha para outros países’, atingindo Grécia, Bélgica e Holanda.

Na França, o peso do Estado caiu sobre o Skyblog, o portal de blogs da rádio Skyrock, responsável por parte da mobilização no país. Segundo o ‘Le Monde’ de ontem, começou a ‘vigilância reforçada’ no conteúdo de seus 3,1 milhões de blogs registrados. Cerca de 30 pessoas estariam avaliando os ‘posts’ com base em filtros de palavras e coisas do gênero.

Para além da duvidosa ‘vigilância’ dos milhões de blogs, o que se percebe é que os destaques na home page do Skyblog são quase todos agora para páginas pela paz -ainda que protestem contra a discriminação.

E não é só nos blogs a ‘vigilância’. O ‘Libération’ deu que a polícia vem fazendo acompanhamento contínuo de e-mail e de SMS (mensagens curtas, geralmente por celular), também com filtros de palavras etc.

Para quem imagina que o fenômeno da mobilização pela web é restrito à Europa, vale recordar os protestos estudantis em São Paulo há cerca de um mês, que vieram aparentemente do nada e produziram cenas incomuns de violência, em especial nos programas policiais.

Parte da mobilização foi realizada pelo DCE Alexandre Vanucchi Leme, da USP, cujo site ‘wiki’, de ‘construção colaborativa’, ajuda a entender como funcionam agora os meandros da mobilização política de juventude.

‘Fique firme’

As negociações fracassaram, mas o chanceler Celso Amorim ganhou apoio de peso. Segundo a BBC Brasil, ele está em Roma com o negociador europeu Peter Mandelson, com quem firmou ‘intimidade pessoal’.

E na sexta, em editorial, o ‘NYT’ saudou Amorim pelas cobranças da União Européia. Deixou no título sua mensagem direta ao brasileiro e liderados emergentes do G20:

– Stand fast [‘fique firme’].

‘Dar a vida’

O bispo fez escola. De Glória Maria, ontem na Globo:

– Morreu o homem que ateou fogo ao próprio corpo num protesto contra usinas de álcool no alto Paraguai.

Ele deixou carta, segundo o Globo Online, prometendo ‘dar a vida para salvar o Pantanal’. Ataca na carta latifundiários e a ‘transposição do São Francisco, no lugar de revitalização’.’



***

‘Sobe-e-desce’, copyright Folha de S. Paulo, 15/11/05

‘O mercado acordou para o cerco a Antonio Palocci, afinal. Na manchete da Folha Online, do ‘Jornal da Band’ e de outros, ontem:

– Após dez quedas seguidas, dólar registra alta.

Foi resultado do ‘aumento da tensão política’ e também da ‘expectativa com as operações de swap cambial inverso’, seja lá o que for. Mas um economista sublinhou que a especulação de queda do ministro ‘foi só um tempero extra’.

Foi na Bovespa que ‘pesou mais a crise’, afirmou o Globo Online. Mas também lá houve outras influências, como o lucro baixo da Petrobras, segundo o site do ‘Wall Street Journal’ e a BBC, entre outros.

E não adianta, é para o dólar que todos se voltam. Ontem no alto da home page do ‘Financial Times’, uma análise trazia o enunciado:

– Não há limite para a força do real do Brasil?

Daí a queda da moeda diante do dólar, ao longo do dia, ter concentrado atenção.

O site da Bloomberg admitiu até que ‘a especulação sobre a renúncia de Palocci ajudou’, mas vinculou a alta sobretudo à maior compra de dólares pelo Banco Central.

Na reportagem da agência, o ministro Luiz Furlan, opositor de Palocci, saudou o ‘bom sinal do mercado’ e falou, medindo as palavras:

– Não há briga [no governo], o que existe é um debate sobre o caminho e sobre em que basear as metas no futuro. Já que o país hoje está em situação melhor, talvez não seja mais conveniente usar os instrumentos e remédios de três anos atrás.

Na Band, Furlan defendeu a permanência de Palocci.

Nos dois canais de notícias brasileiros, o enunciado do dia foi ‘Governo nega a intenção de substituir Palocci’.

Mas o destaque do próprio Lula no ‘Café com o Presidente’ foi para a produção de energia -a área de origem da ministra Dilma Rousseff.

Foi o destaque do governo também nas Globos, desde o ‘Bom Dia Brasil’, e chegou à manchete do UOL:

– Brasil está livre de apagão até 2010, afirma Lula.

Com derrota de Palocci ou não, para a elogiada Rousseff, não faltam anúncios da nova era no horizonte, ao menos para os sites e blogs. De Jorge Bastos Moreno, ontem:

– Queda de Palocci: se não for o fim do governo, será de um ciclo. Será o fim dos 13 anos da era FHC: combater inflação em detrimento do desenvolvimento econômico.

Do título de Mauro Santayana, no site Carta Maior:

– Ano Novo, governo novo.

O mercado acordou e também o PFL e o PSDB. Na primeira manchete do ‘Jornal da Record’ de Boris Casoy:

– Queda de Palocci assusta oposição, que modera o tom, mas ainda cobra explicações.

IMAGENS FORTES

Do ‘Fantástico’ ao ‘Jornal Nacional’, a tortura

Entre avisos do tipo ‘as imagens são fortes’, a Globo vem apresentando desde o ‘Fantástico’ cenas e diálogos da tortura de militares no Paraná. Entre outros horrores, ‘choques elétricos, queimaduras com ferro quente e o afogamento em baldes d’água’.

Com repercussão da Band à BBC, a reportagem levou Alexandre Garcia a comentar, no ‘Bom Dia Brasil’, que ‘as imagens lembram um dos piores capítulos da história do Brasil’. Mas, na primeira manchete do ‘JN’:

– Reação imediata: comandante do quartel e militares envolvidos num trote violento em Curitiba são afastados. Doze pessoas foram identificadas nas imagens. Elas vão responder a inquérito policial-militar.

IPM, há tempos que não se ouvia falar dele.

As cenas lembram, como observou o ‘JN’, aquelas em que se enredou o governo de George W. Bush no Iraque e em prisões ilegais pelo mundo. Como vem cobrindo, em especial, o ‘Washington Post’, a tortura de estrangeiros é a nova frente de desgaste da Casa Branca, agora sob fogo do senador republicano John McCain.

Sob pressão

O primeiro-ministro britânico Tony Blair, ao vivo por BBC e CNN, e o ‘neocon’ americano Paul Wolfowitz, presidente do Banco Mundial, na Bloomberg, entraram em cena ontem para forçar Brasil e França a ceder nas negociações comerciais globais. Do indiano ‘Financial Express’ ao francês ‘International Herald Tribune’, lêem-se textos diários em busca de saída.

Exceção

As notícias seguidas de que a violência desaparecia na França não convenceram -e ontem, ao vivo pelos canais internacionais, Jacques Chirac estendeu a mão aos jovens franceses, oferecendo empregos e combate ao ‘veneno da discriminação’. Longe da TV o gabinete anunciava mais três meses de ‘emergência’.’