Depois de uma crise que durou quase um ano, enfim, a necessária estabilidade para enfrentar as dificuldades financeiras.
O jornal Le Monde entra em nova fase sob a direção do jornalista Eric Fottorino, eleito na semana passada presidente do diretório do grupo Le Monde pela quase unanimidade da Sociedade dos empregados (97,94%) e pela maioria da Sociedade dos Redatores (73,30%) do jornal criado por Beuve-Méry em 1944. O ‘jornal de referência da França’ é um vespertino que circula com a data do dia seguinte e atualmente vende cerca de 320 mil exemplares. Lido pela elite política, econômica e intelectual francesa, Le Monde não é, contudo, o jornal mais vendido, perdendo para Ouest France (regional), L’Équipe (esportivo) e 20 minutes (gratuito). Mas é, sem dúvida, o jornal francês mais lido no estrangeiro.
No entanto, os problemas do grupo Le Monde não acabaram com a eleição de Fottorino. O fato é que o jornal passa por grandes dificuldades : precisa economizar 75 milhões de euros para pagar empréstimos contraídos para investimentos em diversas mídias do grupo, que tem 1.600 assalariados. Atualmente, a internet – isto é, o site lemonde.fr – é uma das raras mídias do grupo que não estão no vermelho.
O plano de recapitalização do jornal pode vir a significar a maior participação do grupo Lagardère, assim como do grupo espanhol Prisa, ambos atualmente acionistas minoritários.
Divergências com os redatores
Pierre Jeantet e Bruno Patino, presidente e vice-presidente do jornal, tinham pedido demissão no mês passado no bojo de uma crise que se arrasta há quase um ano. Quando as finanças vão mal, tudo começa a complicar.
Eric Fottorino, big boss eleito como o salvador do Monde, já era o diretor do jornal, eleito por seus colegas em junho de 2007. Agora ele é o homem mais poderoso do grupo. Mas para chegar à solução da crise, a cabeça de Jean-Michel Dumay, presidente da Société des Rédacteurs du Monde (SRM) foi sacrificada. Fottorino e Dumay tinham uma visão diferente do caminho a seguir e no dia 30 de junho, quando termina seu mandato, Dumay deixa a função.
Fottorino é jornalista e autor de romances. Seus livros receberam diversos prêmios literários. Em 2007, ele lançou um novo romance, Baisers de cinéma, pelo qual recebeu o prêmio Femina. Sua carreira no Monde começa em 1986, como especialista em África. Ao mesmo tempo, o jornalista prosseguiu durante alguns anos sua carreira de professor do Institut d’Etudes Politiques de Paris, o famosíssimo Sciences Po.
Em 2005, preparou a reforma e o novo projeto gráfico do Le Monde e em março de 2006 substituiu Edwy Plenel como diretor de redação do jornal. Em junho de 2007, Fottorino foi eleito diretor do Monde. Em dezembro passado, ele anunciou sua demissão juntamente com Pierre Jeantet e Bruno Patino, em função de divergências com a Société des Rédacteurs. Em seguida, voltou atrás com uma frase de efeito (‘Não serei o diretor que permitirá que enterrem Le Monde de Beuve-Méry’) e se apresentou como candidato à presidência do diretório do grupo Le Monde, para o qual foi eleito no dia 25 deste mês.
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Jornalista